Capítulo 19

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Naquela tarde quando voltou para casa, Marcelo contou ao marido sobre o almoço que teve com Francisco e a sugestão dele dos quatro saírem juntos no final de semana, ao que Diego comentou em resposta que precisava conversar com Mayara, pra ver se ela não tinha compromisso e se poderia ficar com Paulo.

Estava colocando as roupas dos três e algumas peças da casa na máquina de lavar. Pretendia estender no varal ainda aquele dia, já que o uniforme de Paulo tinha voltado da escola, encardido de terra. Marcelo, que não tinha pacientes no período da manhã no dia seguinte, se comprometeu a passar as peças. Diego ligou a máquina e foi até o quarto deles, acompanhado por Marcelo que o ouvia com atenção.

– Eu não posso deixar ele sozinho em casa, nem por algumas horas. E não é só por medo de que a tutelar tome ele da gente, mas também pelo fato dele ser muito criança pra ficar sozinho. – mas afirmou que no dia seguinte, quando voltasse do trabalho, conversaria com a amiga.

– E se ela disser que não pode, a gente adia essa saída pras próximas semanas. Mas, acho legal o Francisco querer fazer o Joaquim interagir com a gente. Concordo que fisicamente ele e o Mauro são muito parecidos, mas as semelhanças terminam ai. Eu pude ver no dia da comemoração que fizemos no começo do mês. E ainda mais agora com ele perdendo o emprego, ter alguém com quem conversar é importante. – viu Diego remover a gravata e abrir a camisa, exibindo o tórax firme cor de caramelo e o ouviu soltar um suspiro cansado.

– A May disse que deu um lanche da tarde pro Paulo, mas isso já faz algumas boas horas, então acho que ele deve estar com fome de novo. Eu vou só passar uma água rápida no corpo e a gente faz o jantar, tá? – colocou a mão na maçaneta do quarto enquanto usava apenas as calças, quando sentiu seu braço ser pego pelos dedos firmes de Marcelo e então, seu corpo foi girado com delicadeza e ele experimentou os lábios mornos do outro o beijando com carinho. Sorriu por entre o beijo e envolveu a nuca do marido com o braço, acariciando os cabelos curtos dele enquanto sentia o outro braço envolver sua cintura.

Teriam avançado para algo mais tórrido, se Paulo não tivesse batido na porta perguntando quando eles iam jantar. Diego se afastou do marido, enquanto ria baixinho e então deslizava a mão espalmada no rosto do homem a sua frente. A rotina deles tinha mudado por completo, mas não era algo que o incomodava, no entanto às vezes se perguntava se Marcelo pensava da mesma forma.

– Já vamos comer, eu vou só tomar um banho rápido antes. – respondeu em voz alta para o menino e então, virando-se para Marcelo, perguntou.

– Será que você pode fazer companhia pra ele enquanto eu estou no chuveiro? – viu o marido sorrir meio chateado, mas concordar.

– Depois a gente tira o atraso, eu prometo. – Diego beijou o outro de forma rápida nos lábios e saiu para o corredor com a toalha no ombro, entrando no banheiro enquanto Marcelo levou o garoto até a sala/cozinha, onde iniciou o preparo do jantar, retirando alguns potes plásticos do congelador, para em seguida começar a fatiar alguns tomates, ao mesmo tempo em que ouvia o garoto contar animado sobre como explicou aos colegas tudo o que sabia dos dinossauros.

Marcelo sorriu e pensou que apesar da mudança completa que a vida deles sofreu com a chegada do menino, a presença de Paulo na casa tornava tudo mais feliz.

***

Entrou no apartamento e estranhou o silencio. As luzes estavam todas apagadas, com exceção de uma pequena claridade no quarto deles. Francisco tirou o paletó e após jogá-lo sobre o sofá, rumou até o lugar de onde vinha claridade e encontrou Joaquim sentado num dos lados da cama, lendo. O rapaz ergueu os olhos para ele e sorriu de um jeito cansado e então retornou a leitura.

– Oi, tá tudo bem? – sentou-se na beirada da cama, perto do namorado, que fechou o livro e o depositou na mesinha de cabeceira ao lado. Ele não parecia ter chorado, mas estava com uma expressão abatida e apática.

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