Capítulo 67

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Era domingo e Mayara puxou as cobertas mais para perto do queixo enquanto olhava para o rosto de Letícia que dormia ao seu lado e então esboçava um pequeno sorriso satisfeito, ao mesmo tempo em que se aninhava na namorada para dormir mais um pouco. A outra tinha sido tão carinhosa e preocupada com ela na noite anterior durante a festa e quando elas vieram para o apartamento e isso refletiu nos sentimentos que Mayara nutria pela outra moça.

Logo que chegaram da casa de suas mães, Letícia fez chocolate quente para ambas, lhe deu um remédio para cólica e então as embrulhou nas cobertas que tinha trazido do quarto, enquanto colocava alguma comédia romântica bobinha para assistirem. E aquele carinho e atenção sinceras e o toque gentil e sem segundas intenções dela enquanto segurava a mão de Mayara sob as cobertas fez a moça agradecer mentalmente pela namorada que tinha.

***

Do outro lado da cidade, por volta das 9h00 da manhã, Diego preparava o café da manhã enquanto Marcelo tinha saído com Paulo para pegar umas coisas na padaria. Foi então que a campainha soou.

— Já vou! — Diego gritou por reflexo enquanto ligava a cafeteira e então abria a porta da casa, para encontrar uma visita inesperada e não muito bem vinda. A avó de Paulo havia retornado.

— Bom dia, o que posso fazer pela senhora, Dona Zulmira? — falou da porta, olhando para a mulher que exibia uma expressão taciturna e ressentida, mas que não o abalava.

— Posso falar com o meu neto? — sem nenhum cumprimento, sem nenhuma referência a ele, nada, seca e direta. Em resposta Diego esboçou um pequeno sorriso triunfante enquanto informava que não seria possível.

— Ele saiu com o meu marido. — fez questão de frisar as duas últimas palavras, apenas para ver o horror tomar conta do rosto da mulher.

— E vai demorar muito para voltar? — Diego suspirou cansado, tinha pensado que não veria a mulher tão cedo, mas ali estava ela em pé na frente do seu portão com a expressão mais amarga do universo.

— Você poderia... Vir aqui até o portão, eu preciso falar uma coisa. — o tom de voz de Zulmira havia mudado de forma drástica, estava quase choroso e parecia implorar e isso fez com que Diego atendesse ao pedido e fosse até o portão.

— A senhora pode se apressar, eu estou com algumas coisas no fogo. — mentiu, para ver se si livrava logo dela.

— Diga uma coisa, vocês vão à igreja? — e assim que ele se aproximou, ela fez outra pergunta impertinente. A velha parecia ter fingido muito bem só para fazer Diego se aproximar.

— Não. Nós não somos religiosos. — respondeu enquanto cruzava os braços e torcia mentalmente para a padaria estar cheia e que Marcelo demorasse a voltar com o menino.

— Mas como fica a criação religiosa do Paulo? — o rapaz respirou fundo, buscando forças para não dar para a mulher a resposta que ela merecia. Será que um dia aquela mulher pararia de tentar controlar a vida do garoto, neto que ela nem sabia que existia até alguns meses?

— Se quando crescer, o Paulo decidir que quer seguir alguma religião, nós vamos dar total apoio a ele, mas por enquanto achamos desnecessário obrigá-lo a seguir uma crença sem entender exatamente o motivo. Mas, dona Zulmira me diga, a senhora veio até aqui num domingo de manhã apenas para palpitar sobre a criação religiosa do Paulo? — viu o rosto da mulher se retrair, como se tivesse levado um soco no estômago.

— Porque se for só isso, eu sinto muito, mas preciso entrar. — deu as costas para a mulher e estava quase alcançando a porta quando a ouviu dizer aquelas palavras.

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