Capítulo 53

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Diego remexeu-se na cama enquanto tinha um pesadelo em que era perseguido pelo padrasto que ameaçava bater nele até "endireitá-lo". Acabou acordando ofegante e com o coração disparado dentro do peito e ao olhar para o lado, encontrou Marcelo adormecido. Segundo o relógio do celular ainda era de madrugada.

Levantou-se com cuidado para não acordar o outro e foi sentar numa poltrona perto da janela que dava para a rua, olhando o transito frenético que nunca parava enquanto se perguntava por que tinha tido aquele pesadelo com o padrasto, afinal, desde que saiu da casa da mãe, nunca mais viu o homem. Talvez fosse alguma coisa que ele internalizou desde que Paulo veio morar com eles ou algo do tipo.

Pegou o celular e após colocar os fones de ouvido, abriu um dos vídeos que Vanessa havia mandado das crianças. Os três correndo pelo parquinho e escalando nos brinquedos com uma animação típica das crianças e ver eles se divertindo fez Diego sorrir e esquecer por um momento do pesadelo que o tinha acordado.

Respondeu a moça com uma mensagem de texto, agradecendo mais uma vez por ela ter ficado com Paulo no final de semana e observando como o menino parecia feliz brincando com os amiguinhos.

Mas agora estava sem sono e ainda faltavam algumas horas para o sol nascer. Acabou tomando um banho e assistindo vídeos aleatórios que tinha favoritado no youtube até que em certo momento ouviu Marcelo suspirar na cama e o som dos lençóis farfalhando.

Sentiu a mão morna do outro tocar seu ombro nu e cobriu-a com a própria mão. Marcelo não disse nada, apenas se sentou ao seu lado e permaneceu ali, apenas como uma presença tranquilizadora. Quando o sol enfim começou a nascer, Diego sugeriu que pedissem o café da manhã pelo serviço de quarto.

Enquanto comiam, ele podia sentir o olhar preocupado do marido em sua direção, mas fez-se de desentendido e ignorou, pois não queria falar sobre o pesadelo. Não queria sequer lembrar que aquele ser odioso um dia existiu. Não depois de ter passado as melhores horas nos últimos meses com o homem que ele amava.

***

Francisco acordou com aquela pedrinha de gelo que era o pé do namorado roçando contra sua panturrilha e então se virou para abraçá-lo e ao mesmo tempo envolver os pés dele com dobras da coberta. Joaquim o abraçou em resposta, ainda adormecido.

Era Domingo de manhã, o relógio informava que não era nem 7h00, mas Francisco não conseguia mais dormir, no entanto ficou mais um pouco ali, só curtindo o calor morno do namorado perto de si.

No dia anterior ele tinha sido bastante enérgico na cama com Joaquim e aquilo ainda o estava incomodando. Claro que o loiro disse que tinha gostado e ele acreditava nisso, mas não sabia se seria capaz de repetir a dose no futuro. Para ele, Joaquim era importante e devia ser tratado com carinho e atenção.

Desvencilhou-se com cuidado do abraço em que foi envolvido e saiu da cama, não sem antes cobrir o outro com os edredons e vê-lo suspirar satisfeito durante o sono. Passou pelo banheiro, onde fez uma higiene matinal rápida e então seguiu até a pequena cozinha, na qual começou a preparar o café da manhã. Tinha de admitir para si mesmo que o que tinham feito no dia anterior foi bastante excitante, por mais incorreto que ele achasse.

— Foi incrível, mas não quero repetir tão cedo. — murmurou para si enquanto ligava a cafeteira e quebrava dois ovos na tigela para preparar omeletes. Estava tão concentrado em fritar a comida na frigideira, que se surpreendeu ao sentir um abraço ao redor de sua cintura.

— Bom dia... — respondeu enquanto fazia um agrado leve nas mãos que estavam em volta do seu corpo e recebia em resposta um cumprimento pontoado por bocejos.

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