Capítulo 12

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Após se despedirem de Rosário, na sexta-feira, Diego colocou Paulo para dormir e depois de tomarem um banho, ele e Marcelo também foram se deitar, afinal, no sábado eles iria fazer o jantar de comemoração de um ano de casados e tinham um bocado de coisas para adiantar até o horário combinado. Antes de pegar no sono, Diego comentou amuado que gostaria de ter tido mais tempo para preparar tudo, mas ficou impossível com o trabalho e os cuidados com o menino.

– Estou feliz de ter ele aqui em casa, mas é que... Nesse último mês as coisas não saíram bem como eu tinha planejado. – falou enquanto colocava um braço embaixo do travesseiro e olhava pro marido.

– Eu sempre ouvi que quando se tem criança em casa a rotina muda e a gente acabou de confirmar na prática que é verdade. O lado positivo é que ele é um garoto bonzinho e comportado. – Marcelo tirou uma mecha de cabelo da testa de Diego enquanto via as pálpebras dele irem pesando aos poucos.

***

Acordaram cedo e enquanto Diego preparava os pratos que iriam ao forno por volta das 18h00, Marcelo lavava a casa. Quando Paulo acordou, por volta das 9h00, quase deu um encontrão em Marcelo enquanto estava a caminho do banheiro.

– Opa rapaz, cuidado! – ficou alguns segundos encarando o outro que empunhava um rodo coberto com um pano de chão. Tinha escutado o irmão e Marcelo conversarem sobre uma festa dali alguns dias e chegou à conclusão de que era hoje.

Após trocar de roupa, voltou ao corredor, mas Marcelo já estava em outro cômodo, continuando com a faxina. Rumou então para a pequena cozinha e viu o irmão ocupado com alguma coisa na batedeira.

Ao notar a presença do menino, Diego desligou o eletrodoméstico e fez um gesto para que ele sentasse em uma das cadeiras.

– Bom dia, Paulo. O que vai querer pro café? – olhou pro irmão, que exibia uma expressão a qual já tinha visto antes no rosto da mãe. Ele não sabia o nome, mas era como se algo estivesse mordendo ele por dentro.

– Bom dia. Tudo bem, eu me viro. – poder dizer aquelas palavras foi um alivio incrível, pois, durante a noite, teve outro pesadelo, no qual sua voz havia desaparecido de novo e desta vez; para sempre.

Apenas pediu a caixa de sucrilhos e uma tigela do armário alto, depois pegou a caixa de leite e tigela e colher. Retornou para a mesa e se serviu de cereal e leite, começando a comer, e quando Diego perguntou se ele não gostaria de esquentar o leite, respondeu "gosto assim mesmo, obrigado".

Ficou alguns segundos encarando a independência do irmão caçula e digerindo as poucas palavras que ele lhe disse. Mas logo teve a atenção retomada para a receita que estava fazendo, enquanto ouvia Marcelo cumprimentar alguém que passava na rua, já que ele estava lavando a área da frente.

Eles se viravam bem com as tarefas de casa, ambos cozinhavam e faziam a limpeza dos cômodos de forma justa. Ligou de novo a batedeira, enquanto guardava alguns ingredientes que já havia usado, de volta na geladeira. Ao passar perto da mesa, sentiu um impulso de fazer um cafuné na cabeça de Paulo e assim que fez, viu o menino erguer aqueles grandes olhos castanhos e sorrir, um fiozinho de leite escorrendo pelo queixo.

Sorriu de volta e pegou um guardanapo que estava nas costas da cadeira para limpar a boca do menino. Ontem tinha feito um mês que estavam com Paulo em casa e Diego já não conseguia mais imaginar sua vida sem o menino andando pela casa ou sentando no sofá ao lado deles para assistir tevê.

***

Fechou o registro e enrolou a mangueira, para em seguida entrar de novo na casa. A batedeira tinha sido desligada e Marcelo viu Diego em pé perto da pequena bancada próxima ao fogão despejando a massa num refratário.

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