Capítulo 47

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Capitulo 47

Finalmente chegou o dia da quermesse na escola e Paulo estava animado, pois vinham ensaiando a quadrilha desde o começo do mês. Para sua surpresa, aquela semana havia passado bem rápido.

O menino acordou cedo, pois se sentia elétrico e naquele momento estava andando de um lado para o outro no pequeno corredor que comportava o banheiro, seu quarto e o quarto de Diego e Marcelo. Ainda trajava pijamas de super-herói e estava descalço. Também não havia lavado o rosto ou escovado os dentes, mas queria que o irmão (ou Marcelo) acordasse logo para que o ajudasse a se preparar para a apresentação na escola.

O garoto estava quase desistindo e voltando para o quarto, quando ouviu o clique da maçaneta no quarto na frente do seu e então viu Marcelo surgir por detrás da porta.

— Oi rapaz! O que você tá fazendo acordado a essa hora num sábado? — sentiu a mão firme de Marcelo fazer um agrado em seu cabelo e sorriu, para em seguida lembrar ao outro sobre a quermesse e sua apresentação de quadrilha na escola.

— Ah sim, mas não é só as 10h00? Menino, ainda são 7 da manhã! Mas você tá animado, né? Eu entendo. Vem, vamos lavar o rosto e escovar os dentes e depois eu preparo um café pra nós. — viu o menino olhar em direção a porta do quarto, que estava fechada.

— O Diego vai dormir mais um pouco, mas tá tudo bem, viu? Ele só tá meio cansado por causa do trabalho. — Marcelo fez questão de informar ao menino que Diego estava bem, pois viu a expressão apreensiva no rosto de Paulo e conhecendo o passado do menino, sabia o quanto ele tinha medo de perder as pessoas.

Enquanto o garoto lavava o rosto, Marcelo fazia a barba. Foi quando ouviu Paulo perguntar se também podia fazer a barba. O que fez Marcelo rir e pegar um aparelho de barbear velho e com o auxilio de um alicate que pegou na caixa de ferramentas no quintal, removeu as laminas do aparelho e então o entregou ao menino, ao mesmo tempo em que depositava uma pequena quantia de espuma para barbear naquela mãozinha ansiosa. E dali até irem para a cozinha, Paulo o imitou em cada gesto, empoleirado no seu banquinho d e plástico.

E mais uma vez naquele ano, Marcelo pensou que ser pai era algo que se aprendia todos os dias, a cada novo gesto ou decisão em favor da criança e que não, não era algo que apenas pais biológicos podiam ser.

Já estavam tomando café quando Diego apareceu na pequena cozinha, e apesar de ter feito a higiene matinal, continuava bocejando com vigor. Ele fez um agrado no cabelo de Paulo e deu um selinho nos lábios do marido, para em seguida, encher a caneca com café puro.

— Diego! Diego! O Marcelo me ensinou como fazer a barba! —ao ouvir a frase, o rapaz parou com a caneca alguns centímetros de distancia da boca e lançou um olhar questionador para o marido, que sorrindo, o tranquilizou.

— Não se preocupe, eu tirei as lâminas de um barbeador antigo. — Diego sorriu aliviado e por fim tomou o primeiro gole daquele líquido revigorante que era o café.

— Que legal, rapaz. — respondeu enquanto se sentava numa das cadeiras entre o irmão e o marido.

Estavam rindo e comendo, Diego falando que faria um bigode e um cavanhaque pintados em Paulo para a quadrilha, quando a campainha soou estridente quebrando o clima ameno.

Diego trocou um olhar aflito com Marcelo, pois pelo horário, suspeitava que fosse Zulmira. Em seguida, lançou um olhar preocupado na direção de Paulo, ao que o menino percebeu de imediato que havia algo errado.

— O que aconteceu? Vocês não vão me ver dançar quadrilha? — os dois adultos se apressaram em dizer eu não era isso, e que eles iriam sim. Ao mesmo tempo, a campainha soou com mais insistência e de forma repetitiva.

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