Capítulo 66

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A maioria dos convidados já havia chegado quando Diego e Marcelo entraram com Paulo que exibia uma expressão amuada ao ver que não havia nenhuma outra criança no local além dele, mas assim que Lola o viu, a mulher o abraçou e encheu de beijos, para em seguida levá-lo a mesa onde estavam os salgados e dar um pratinho com uma boa quantidade para o menino.

Do outro lado da sala de estar, que havia sido esvaziada para os convidados transitarem e também para montar o pequeno púlpito onde a juíza de paz celebraria os votos das duas senhoras, Mayara cumprimentava os recém-chegados com um gesto de cabeça e um sorriso cansado. Apesar de todos os remédios e práticas para se livrar das cólicas, ela continuava sentindo como se uma enorme mão invisível a apertasse com violência por dentro e em um gesto de reflexo, apertou o braço de Letícia com um pouco de força.

— Você quer sentar um pouco? Eu posso buscar uma cadeira e... — a morena interrompeu a namorada com uma negação de cabeça, onde já se viu ela sentar, quando era a festa de bodas das suas mães! Mas agradeceu num murmúrio a preocupação da outra.

— Eu aguento, só fica aqui do meu lado, por favor. — Letícia olhou para a moça ao seu lado exibindo uma expressão forçada de alegria enquanto os dedos longos dela envolviam seu pulso esquerdo com certa urgência. Queria dizer a Mayara que ela estava linda naquele vestido delicado de cetim azul-marinho e que o perfume dela era delicioso, queria dizer tanta coisa, mas sabia que naquele momento o que a outra precisava era saber que ela ficaria ao seu lado.

— Não saio do seu lado por nada. Respira fundo e lembre-se, se precisar de uma cadeira, eu vou buscar pra você. — Diego estava se aproximando das duas e ao abraçar a amiga, sentiu que por alguns segundos ela deixou o peso do corpo cair sobre ele, sinalizando estar exausta.

— A festa ficou linda May, parabéns por todo o esforço e organização, mas, você ta bem? — ao que viu a moça verbalizar em silêncio uma única palavra, "cólica" e se compadeceu por ela.

***

Quando chegaram à casa de Lola e Joana, estavam quase uma hora atrasados do horário informado, mas tinha sido culpa de Francisco que pegou uma rua errada e os fez virar em círculos no bairro. Mesmo assim Joaquim não estava bravo com o namorado por isso, afinal essas coisas aconteciam.

Assim que tocou a campainha, pensou pela enésima vez naquela noite se tinha sido uma boa idéia virem, talvez Lola só os tivesse convidado por educação, talvez tivesse sido melhor eles não...

— Vocês vieram, que bom! Entrem, entrem! — a senhora negra idosa falou animada quando os viu ali a sua frente e antes que passassem pelo batente, Lola fez questão de abraçar cada um dos dois e em seguida chamar a esposa para apresentá-los e quando Joaquim viu Joana, pensou que ela poderia muito bem ser a mãe biológica de Mayara, tamanha era a semelhança.

— Jo, esse é Joaquim, ele que tem cuidado da loja. E esse aqui é o namorado dele, Francisco. Essa é minha esposa, Joana. — cumprimentaram-se e os rapazes desejaram felicitações pelas bodas das duas para em seguida se misturarem com os demais convidados.

Enquanto Francisco puxava Marcelo para conversar, Joaquim se aproximou de Mayara, que estava com Letícia e Diego e claro, Paulo, que olhava a conversa dos adultos com um interesse genuíno.

— Oi pessoal. — saudou o loiro meio sem jeito, de todos ali, a única pessoa com quem ele tinha conversado um pouco mais foi Mayara, mas quando o viu, Diego abriu um sorriso simpático e o cumprimentou, para em seguida convidá-lo a ir com ele até a cozinha, pegar uma taça de espumante. "Uma só não vai fazer mal".

Paulo permaneceu em pé ao lado de Mayara, observando como a moça parecia estranha. A pele dela estava alguns tons mais claros, como se a cor tivesse fugido e ela mordia o lábio inferior de tempo em tempo. Será que ela tinha pegado um resfriado?

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