Mais cedo naquele dia, Mayara aproveitou a folga para adiantar as coisas da festa de bodas das mães. Ela ligou para o buffet e agendou o horário com a juíza de paz e então chamou um uber para levar as duas até a costureira, onde fariam vestidos de festa.
Durante o trajeto, Joana reclamou dizendo que achava um absurdo gastar dinheiro com uma roupa que só usaria uma vez na vida, ao que Lola rebateu com "Só se casa uma vez na vida também, mulher!" ao que a outra retrucou com "Mentira, a Lurdes lá do clube de ginástica já casou e divorciou de marido umas quatro vezes".
— Joana, você sabe que casamento de hétero é diferente e para de ferver! — declarou Lola botando um ponto final na conversa enquanto Mayara, sentada ao lado da motorista, segurava o riso e via a moça fazer o mesmo.
Quando chegaram ao ateliê e as duas estavam descendo, ela ouviu a uber dizer enquanto dava um risinho divertido "Animadas essas duas, não?" ao que Mayara respondeu com "Você nem imagina o quanto".
Depois da costureira, andaram alguns metros até um restaurantezinho simpático vegetariano e pararam para almoçar e foi durante esse momento que Lola perguntou de Letícia, como iam as coisas entre elas.
— Tá tudo bem, mãe. Ela é uma pessoa boa e eu gosto muito dela. — respondeu enquanto empurrava um punhado de arroz de um lado para o outro do prato com um olhar distante.
— Tem certeza disso, querida? Você parece meio aérea... — mães e seus sextos sentidos de ver as coisas, não tinha como escapar. A moça riu desconfortável e tomou um gole de suco antes de responder.
— Tá tudo indo bem, mãe, sério! É que eu tenho um pouco de receio de que ela termine comigo no futuro. — ouviu sua outra mãe, Joana, resmungar enquanto colocava sal na comida e era repreendida pela esposa, "Cuidado com o sal, quer ter outro ataque do coração?"
— Mayara minha filha, se ela terminar com você, é porque não era pra ser. Daí você segue em frente e continua vivendo. Ai, Lola! — Dolores tinha dado um chute na canela da esposa por baixo da mesa, tentando repreendê-la por sua falta de tato.
— Mas é verdade, você lembra bem que namorávamos outras pessoas quando nos conhecemos, não é? Não vá mentir agora mulher! Ela namorava uma atleta de maratona e eu, uma artista plástica, a gente tinha o que? 20 e poucos anos? E nos encontramos em uma passeata pelos direitos das mulheres, lá no centro da cidade. E foi quando eu soube que ela era a pessoa certa da minha vida. — Joana segurou a mão de dedos enrugados e nodosos da outra com seus próprios os dedos enrugados e nodosos e sorriu enquanto sentia um beijo suave ser dado pro Lola em sua bochecha.
— Eu queria ter isso que vocês tem. — murmurou Mayara em um tom chateado enquanto empurrava o prato, tinha perdido o apetite.
— E vai ter, meu bem. Só não tente apressar as coisas. Tudo ao seu tempo. — Lola respondeu enquanto sorria de forma terna para a filha e pensava que, pelo pouco que havia visto da namorada da moça, talvez aquele fosse o momento que Mayara tanto esperava.
— É filha, não fique tão preocupada com isso, como dizia minha mãe... "O que será, será". — e a frase de Joana fez aquela musiquinha chiclete* começar a tocar em loop na cabeça de Mayara, que lá pelo fim do dia, quando estavam voltando para casa, só queria colocar qualquer outra coisa para ouvir e se livrar daquela melodia enjoativa. Apesar de que, sua mãe estava certa.
***
Mais tarde naquele dia, quando o alarme do celular soou, Marcelo acordou alguns segundos antes de Diego, que estendeu a mão para o aparelho em cima da mesinha de cabeceira, dando um tapa e derrubando-o no chão – com o alarme ainda soando.
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Lar é onde o coração está
RandomA vida de Diego mudou completamente quando ele recebeu uma ligação num Domingo de manhã, informando que sua mãe, com quem ele não falava há anos, faleceu e deixou a guarda de seu meio irmão caçula para ele. Com as únicas opções de aceitar o menino o...