Tinham acabado de deixar Paulo na casa de Vanessa e esbarram em Miriam que havia trazido Luís. Logo que se encontraram, as três crianças sumiram dentro da casa, enquanto a mãe de Agatha ficou conversando com os responsáveis.
— Podem ficar tranquilos, eles vão ficar bem. E qualquer coisa eu tenho o número de vocês. Mas, não vai acontecer nada. Eles não vão sair de casa sozinhos e eu preparei várias atividades para passarem o dia. — Vanessa estava encostada no portão e olhou por cima do ombro ao ouvir uns gritinhos animados vindos de dentro da casa.
— Vão lá vocês dois e divirtam-se. E você, Miriam, aproveite para estudar em paz pro vestibular. Sabiam que ela vai prestar vestibular pra Direito este ano? Estou torcendo por você, menina! — Diego e Marcelo concordaram, desejando sorte para a moça, que sorriu envergonhada.
Já de volta ao carro de Diego, Marcelo perguntou se ele já tinha traçado o itinerário do dia, ao que o rapaz sorriu e respondeu que tinha algumas idéias.
— Eu pensei de a gente almoçar num restaurante e daí irmos pro cinema e depois pro hotel onde eu fiz reservas. — Diego virou uma esquina e parou num semáforo, sentindo o olhar do marido nele.
— Você já tinha planejado tudo, né? — deu de ombros em resposta enquanto seguia em frente na avenida e sorriu orgulhoso.
Marcelo se deu conta de que era sempre Diego que tentava fazer coisas diferentes para manter o relacionamento deles vivo e isso o deixou meio incomodado, afinal, ao contrário do marido, Marcelo quase nunca sugeria nada para mudarem a rotina, apesar de amar o outro e tudo o que ele fazia.
— Bem, então deixa o restaurante comigo. Conheço um lugar muito bom, fica lá no Bexiga. Já sabe o que quer ver no cinema? — perguntou para manter a conversa fluindo e ouviu Diego responder que poderiam escolher na hora.
— A gente pode ir num daqueles cinemas de arte na Paulista. Faz tempo que eu não vejo nada lá... — o comentário veio pontuado por um quê de mágoa porque desde a chegada de Paulo, eles não podiam mais sair quando queriam e a hora que queriam.
— ...Digo, se estiver tudo bem pra você. Ou a gente pode ver algo num cinema de shopping mesmo... — Diego complementou apressado, pois ficou com a sensação de que estava impondo suas vontades ao outro.
— Não, cinema da Paulista tá ótimo pra mim. E a gente vai curtir esse final de semana da melhor forma que pudermos. — disse para animar o marido. Gostava de sair com Diego, gostava de ir ao cinema e a outros lugares com ele. Gostava de estar com ele.
— Sabe, você tá certo, a gente precisa aproveitar essas pequenas felicidades... — parou em mais um semáforo e ouviu Marcelo soltar um risinho divertido, ao perguntar "o que foi?" o ouviu dizer.
— Nada, só que, você poderia repetir o começo dessa frase de novo? — tinha falado mais para provocar Diego, do que pelo fato de que o outro "quase nunca lhe dava razão".
— Não posso não, você vai ter de fazer por merecer. — e então ambos riram enquanto Diego segurava a mão do marido por alguns instantes, antes do sinal abrir.
***
Ainda tinha de trabalhar meio período na loja de sabonetes, mas Francisco prometeu buscá-lo para almoçarem juntos. Desde aquele dia em que Joaquim contou sobre seu desejo secreto para o namorado, Francisco estava se comportando de forma estranha, meio distante e receosa. Esperava poder conversar hoje e colocar tudo a limpo.
Com seu "desconto de funcionário", Joaquim comprou uma caixa com três sabonetes artesanais para dar de presente ao namorado. O engraçado era que agora que ele tinha salário, por menor que fosse, e podia comprar algo melhor para Francisco, ele não tinha tempo! Sempre que saia da loja estava muito cansado para ir às compras.
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Lar é onde o coração está
AléatoireA vida de Diego mudou completamente quando ele recebeu uma ligação num Domingo de manhã, informando que sua mãe, com quem ele não falava há anos, faleceu e deixou a guarda de seu meio irmão caçula para ele. Com as únicas opções de aceitar o menino o...