Naquela tarde, quando chegou da imobiliária, ouviu Paulo contar sobre seu dia na escola. O menino estava animado e ansioso pra voltar no dia seguinte. Ficou feliz de saber que o garoto tinha feito amizade, mas, também percebeu que em certo momento o menino deixou transparecer um momento de tristeza, mas foi rápido demais pra Diego perguntar qualquer coisa.
Mayara estava se despedindo e já ia saindo, quando esbarrou com Marcelo, que havia acabado de chegar e lhe ofereceu uma carona de volta pra casa, a qual a moça aceitou.
– Dá tchau pra Mayara e vai tomar um banho, mocinho. – declarou Diego enquanto afagava os cabelos do irmão, que disse animado "Tchau não, até amanhã, May!" e em seguida correu para o banheiro, fechando a porta com um som abafado. Na sala, os três adultos riram.
Marcelo deu um beijo rápido no marido e disse que já voltava.
***
No carro, Mayara contou sobre o dia de Paulo na escola e a tarde com ela e observou como um único dia em um ambiente diferente parecia ter influenciado de forma positiva na vidinha do menino.
– Ele mudou bastante desde que chegou pra gente em Janeiro. Na semana que ele veio morar lá em casa, o Paulo era tão assustado que se uma porta batesse, ele pulava meio metro. Era de cortar o coração. – comentou Marcelo enquanto parava num sinal.
– Sim, eu me lembro de quando conheci ele. Caramba, até parece que faz bem mais tempo. Mas, quando o Paulo me contava sobre o dia dele, teve um momento em que pareceu ficar triste, sabe? Ele comentou que um menino pediu pra professora trocar ele de lugar e que... O derrubou no intervalo. – Mayara sentiu o amigo lançar um olhar surpreso.
– O menino machucou ele? – o sinal abriu e Marcelo voltou a dirigir, enquanto ouvia Mayara responder que não, pareceu que foi só um esbarrão e que "alguns meninos são assim mesmo, meio agressivos".
– Quando eu voltar pra casa vou falar com o Paulo, pra se isso voltar a acontecer, ele precisa contar pra gente. – não acreditava naquela baboseira idiota de "meninos são assim mesmo" e "isso forma caráter", a única coisa que aquele tipo de comportamento forma era pessoas retraídas e agressivas.
Conversaram amenidades, Mayara falou das mães e da loja de sabonetes, cujo movimento estava meio fraco, mas mesmo assim elas não desistiam e sobre um encontro que teria no final de semana com Letícia.
– Ela parece legal. – Marcelo comentou enquanto fazia uma curva para entrar na rua onde Mayara morava. A luz da frente estava acesa, Joana sempre a deixava ligada quando a filha ainda não tinha voltado.
– E ela é. Ainda está muito cedo pra eu dizer que temos um relacionamento, mas, eu gosto da companhia dela. – o carro estacionou em frente a casa e Mayara agradeceu a carona e se despediu, dando um beijo no rosto do amigo.
– Até amanhã, Ma. Diz pro Di que eu mandei um beijo e obrigada pela carona. – ele esperou até ver a moça entrar na casa e apagar a luz, para só então ir embora.
***
Do outro lado da cidade, Joaquim olhava o transito da sacada do apartamento enquanto bebia uma garrafa de água. Francisco ainda não tinha voltado do trabalho e por isso ele estava ansioso. Tinha feito o jantar, mas agora a comida já havia esfriado em cima da mesa e ele perdera o apetite. E também tinha aquela outra coisa que aconteceu mais cedo.
Ouviu o click da chave na fechadura e olhou por sobre o ombro, desanimado. As coisas estavam meio mornas entre eles e Joaquim achava que a culpa era dele e da sua desconfiança de que Francisco ainda tinha interesse no ex, Mauro.
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Lar é onde o coração está
RandomA vida de Diego mudou completamente quando ele recebeu uma ligação num Domingo de manhã, informando que sua mãe, com quem ele não falava há anos, faleceu e deixou a guarda de seu meio irmão caçula para ele. Com as únicas opções de aceitar o menino o...