Capítulo 45

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O final de semana passou e Diego não contou a Paulo que Zulmira tinha aparecido na porta da sua casa. Ele sabia que não poderia esconder por muito mais tempo, porque em alguns dias era capaz de a mulher a aparecer de novo e desta vez fazendo escândalo e chamando a atenção de todos os vizinhos.

Mas Diego viu o quanto o menino ficou traumatizado dos poucos dias que passou com a avó paterna e queria protelar um novo contato o máximo que conseguisse.

Naquele momento estava dirigindo até a escola para deixar o garoto e pensando em como abordaria aquele assunto, claro que não seria ali naquele momento, pois não queria que Paulo fosse pra aula com a cabeça cheia de pensamentos preocupantes. Mas, teria de ser ainda hoje.

– Chegamos. Tenha um bom dia na escola. A Mayara vem te buscar na saída, tá bom? Amanhã eu te dou o dinheiro e a permissão assinada pra você ir no museu. – sentiu o irmãozinho abraçá-lo com força pelo pescoço e riu enquanto fazia um agrado no cabelo dele. O desenho feito pelo barbeiro continuava nítido e colorido.

– Tchau Diego! – viu o menino descer correndinho em direção aos amigos que o esperavam na entrada da escola e quando a responsável pelo portão, Dona Neusa, os colocou para dentro, Diego enfim foi embora.

***

Andava entre Agatha e Luís e notou que ambos pareciam abatidos e tristes. Sabia por que Luís estava assim, a avó estava doente e os pais quase não tinham tempo para ele por isso, mas Agatha... A mãe dela era tão legal, então por que?

– Tá tudo bem? – perguntou enquanto subiam a escada para as salas de aula. Viu a menina apertar a alça da mochila com força e fungar baixinho, como se estivesse segurando o choro.

– Tá sim. Tudo ótimo. – mas a voz dela deu uma tremida e quando ela olhou pra eles, os olhos estavam cheios de lágrimas. Paulo a puxou com gentileza pela mão e a colocou encostada na parede próxima a entrada das salas de aula.

– O que aconteceu? – ouviu a menina contar que pelo segundo final de semana seguido seu pai não foi vê-la. Ela contou que ficou o domingo inteiro sentada na entrada da casa com a mochila no colo e esperando.

– Cada vez que eu escutava barulho de carro, achava que era ele que tava vindo... Mas daí começou a ficar escuro e minha mãe disse pra eu entrar. E então de noite, quando minha mãe achou que eu já tava dormindo, eu ouvi ela falando no telefone com meu pai. – Agatha suspirou cansada e baixou a cabeça.

– Ela disse que se ele não viesse me ver, ele ia ver só e que ela ia... Falar pro juiz e que ele ia acabar sendo preso. – Agatha não sabia, mas o pai não só estava negligenciando as visitas, como também não vinha pagando a pensão alimentícia.

– Eu não quero que meu pai seja preso! Ele não vem me ver e eu fico triste com isso, mas ele ainda é meu pai! – as palavras saíram num murmúrio dolorido e soluçado.

Paulo e Luís trocaram um olhar preocupado para em seguida abraçarem a amiga ao mesmo tempo, sentindo o corpo dela ir relaxando conforme o abraço a envolvia. Eles eram crianças, não entendiam certas coisas que os adultos faziam, mas podiam notar o quanto aquilo estava magoado a garota.

O sinal soou informando que era para entrarem na sala de aula. Agatha enxugou o rosto e secou os olhos e então, forçou um sorriso que pareceu falso, mas que seria convincente para a professora e os colegas de sala.

O resto do dia correu de forma tranquila, pois Emmanuel tinha faltado.

***

Quando foi buscar Paulo na escola, Mayara encontrou a mãe de Agatha e a irmã de Luís. Enquanto Vanessa parecia radiante e renovada, Miriam exibia uma aparência cansada e abatida. Mayara quis perguntar se ela estava bem, mas acabou se segurando, pois sabia de toda a situação na casa da moça.

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