Capitulo 63

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Letícia se mexeu na cama e sentiu o toque sedoso da pele macia de Mayara contra seu antebraço e suspirou deliciada. Gostava da presença da outra moça ao seu lado. Abriu os olhos e encontrou-a adormecida, os lábios entreabertos e algumas mechas de cabelo caindo pelo rosto, as quais ela tirou com cuidado para não acordá-la.

E então a morena despertou, exibindo aquelas grandes íris negras e profundas e um sorriso deliciado, que veio acompanhado de um bom dia murmurado, enquanto ela se espreguiçava na cama, soltando um gemido abafado de satisfação.

— Acordou faz tempo? — Letícia sorria para ela, o cabelo curto era o que sua mãe Lola chamava de "cabelo de quem acabou de acordar" e isso fez com que Mayara levasse uma das mãos aos fios, numa tentativa de desembaraçá-los.

— Uns minutos na verdade... Lembra de eu quase ter te carregado de volta pra cama ontem de noite? Pois é, você apagou assim que eu coloquei o filme pra rodar e daí eu tive de te convencer a levantar do sofá e te trazer pra cá que nem uma boneca de pano, toda mole. — Mayara riu envergonhada enquanto escondia os olhos com os dedos e por isso ela não viu a expressão de puro fascínio no rosto da namorada.

— Desculpa ter te dado trabalho... — sentiu o toque suave dos dedos longos de Letícia em seu rosto e descobriu os olhos, notando como a outra moça estava próxima de seu rosto e então permitiu ser beijada com delicadeza por aqueles lábios macios.

***

Um pouco mais cedo no apartamento de Francisco e Joaquim, o loiro estava acordado e preparava o café. Tinha perdido o sono lá pelas seis da manhã e saiu de fininho da cama para não acordar o namorado. Seu sono estava todo desregulado naqueles dias, ia dormir tarde e acordava horas antes do programado pelo alarme.

— Bom dia. — sentiu sua cintura ser abraçada com cuidado e um beijo morno ser depositado na curva do seu pescoço. Francisco cheirava a hortelã e loção pós-barba e aqueles cheiros o inebriaram.

— É, 'Dia. — murmurou enquanto ligava a cafeteira e se deixava envolver por aquele abraço reconfortante, ao mesmo tempo em que deitava a cabeça contra o tórax firme do namorado e soltava um longo suspiro.

— Tudo bem? — ouviu o outro perguntar e não sabia como responder. Devia estar, ele tinha um emprego, tinha onde morar e tinha o melhor namorado do mundo, mas era como se algo estivesse faltando na sua vida.

— Não sei... Acordei as seis hoje de novo. E isso tá me enlouquecendo! Eu não gosto de não ter controle das coisas na minha vida. — a torradeira expeliu dois pedaços de pão tostado, obrigando Joaquim a sair daquele abraço reconfortante e ir colocar o pão num prato.

— Que tal tentar um daqueles calmantes naturais? Ou algo da farmácia? Sei lá, eu acho que você tá muito estressado, ainda mais agora que tem estudado pro vestibulinho... Isso pode estar refletindo no seu sono... Não sei! — Francisco pegou alguns produtos na geladeira e colocou sobre a mesa enquanto via o namorado suspirar mais uma vez.

— É, talvez você tenha razão. Quer saber? Hoje eu não vou pensar nisso. A gente vai sair mais tarde e vamos nos divertir! É meu único compromisso pra hoje. Quer uma torrada? — ofereceu o prato e viu o namorado pegar uma e passar manteiga.

— Isso ai, você tá certo. Agora vem, senta aqui e prepara seu pão, eu adoço o café. — acabou aceitando a oferta e se ocupou de passar manteiga e geléia nas duas torradas que sobraram no prato.

***

Tinham se passado algumas horas na casa de Diego e Marcelo, mas ainda era cedo, quando Paulo acordou, mas decidiu que ia ficar na cama até ser chamado pelo irmão. Estava começando a aprender a ver as horas na escola e já sabia que ainda eram 7h30 de um domingo e o menino tinha aprendido que Diego não ficava muito feliz quando era acordado cedo no final de semana.

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