Capítulo 03

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Tinha combinado com Rosário, para que a assistente social levasse Paulo por volta das 20h00 à sua casa, pois nesse horário tanto ele quanto Marcelo já estaria em casa para receber o menino.

Naquele exato momento Diego estava mostrando uma casa para um jovem casal. A moça exibia uma gravidez avançada e fazia uma série de perguntas sobre o bairro, a casa, se havia escolas ou creches próximas, ao que Diego tentava responder com rapidez, auxiliado pelo celular.

Aquela já era a quarta casa que ele mostrava ao casal, mas já estava sem muitas esperanças de conseguir vender algo hoje. Na verdade já fazia alguns meses que não conseguia vender um imóvel e por isso estava começando a se sentir meio frustrado. Foi quando ouviu a moça falar.

– Vamos ficar com a casa. – as palavras pareciam algum tipo de miragem sonora, afinal, depois de tantos meses... Diego pediu que ela repetisse e ao confirmar o que achou ter ouvido, quis dar um grande pulo de alegria para comemorar, mas ao invés disso apenas sorriu simpático e apertou a mão dos dois, para em seguida dizer que viessem com ele a imobiliária acertar a papelada.

Foi uma venda grande, ele conseguiu uma boa comissão. Já havia notificado o dono do imóvel e feito a transferência bancária do valor e estava se sentindo tão feliz que quase podia flutuar. A partir daquele momento, o resto do dia pareceu passar voando.

***

Enquanto isso, na clinica de acupuntura, Marcelo terminava de aplicar as ultimas agulhas no rosto de uma moça, cujo lado direito tinha sofrido paralisia de Bell e estava temporariamente sem movimento. Ele em seguida apagou a luz do pequeno quarto onde ficava a maca, na qual a paciente estava deita e informou que voltaria dali mais ou menos uma hora. Sabia que deixando as luzes apagadas e a musica ambiente de fundo, as pessoas acabavam cochilando e isso ajudava as agulhas a fazerem mais efeito nos pontos onde foram aplicadas.

No corredor da clinica, Marcelo tirou o celular do bolso, o qual ele deixava no silencioso durante o trabalho e viu que tinha uma mensagem de Diego. Ao abri-la, sorriu enquanto lia o texto:

"Eu vendi aquela casa grande da qual estive falando há meses! O casal já pagou e eu ganhei a minha comissão! Queria muito contar pra você. Nós nos vemos hoje a noite, por favor, não demore, porque a assistente social vai levar o Paulo lá em casa. Te amo"

Respondeu com "parabéns pela venda" e "pode deixar, eu vou chegar no horário" e claro "Também te amo".

Diego estava eufórico com a chegada do garoto. Era interessante como a atitude dele em relação ao menino mudou tão rapidamente, há três dias ele dizia que não se sentia capacitado para cuidar de uma criança e, no entanto, ontem, tinha passado em uma loja de brinquedos e comprado coisas para colocar no quarto do irmão menor. E tinha de confessar que ele também estava animado em receber Paulo como parte da família.

***

Chegaram em casa com uma diferença de uns quinze minutos. Mal desceu do carro, Diego correu até Marcelo, que o esperava na porta da casa e pulou nele, abraçando-o. Exibia um sorriso largo e contagiante de satisfação.

– Ainda não consigo acreditar que vendi aquela casa! Eles a jogaram pra mim porque o valor venal era alto demais, todo mundo naquela imobiliária parece que quer me ver pelas costas... Mas eu vendi! – Marcelo o abraçou pela cintura enquanto puxava-o para dentro da casa. Estava calor, era começo de Janeiro e quatro ventiladores pela casa ainda não pareciam ser o suficiente.

– Ainda falta uma hora pra Rosário chegar com o Paulo, eu acho que vou tomar um banho... Gostaria de vir comigo? – observou Diego em pé no meio do corredor, a camisa social grudando no corpo por conta do suor, a pele chocolate reluzindo com as gotas de suor e aquele sorriso tão convidativo, não pensou muito mais, apenas seguiu até ele e o beijou com paixão para em seguida lhe dar um tapa leve no traseiro como se dissesse "vá na frente".

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