Capitulo 02

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Na manhã seguinte, Diego ligou para o número de telefone que Rosário lhe passou, que era do conselho tutelar da cidade e após conversar alguns minutos com a mulher, ele confirmou que aceitaria ser tutor do meio-irmão, do qual ele não sabia nada, nem mesmo o nome.

A assistente social então o informou sobre os procedimentos. Ele deveria comparecer na vara de família terça-feira as 10h00, para conversar com o juiz e assinar os documentos de tutela e então, depois que tudo estivesse confirmado, ela levaria o menino até a casa dele.

Durante a ligação, Diego achou importante informar que ele era casado com outro homem e perguntou se isso seria algum impedimento para a oficialização da tutela do meio-irmão.

– Eu já estou ciente disso, Sr. Tavares. Foi explicitado no testamento de sua mãe que o Paulo ficasse sob sua tutela, independente de qualquer condição, exceto se o senhor não aceitasse cuidar dele. – então o nome do menino era Paulo? Bom saber disso.

– Está certo então, Srª. Pereira, terça-feira as 10h00 eu estarei na vara de família para oficializar os documentos, só tenho uma duvida, até lá, onde o Paulo vai ficar? – ainda não conhecia o garoto, mas já se perguntava o que estava acontecendo com ele.

– Ele está numa instalação do conselho tutelar, um espaço para crianças que estão temporariamente afastadas dos pais biológicos ou responsáveis. Estamos cuidando muito bem dele, fique tranquilo. – pelo tom de voz de Rosária, a informação era verdade, mas algo dentro da mente de Diego continuava martelando, perguntando-se se o menino estava mesmo bem. O mais engraçado é que até ontem ele nem sabia da existência do garoto e agora se sentia extremamente preocupado com ele.

Despediu-se da assistente social e desligou. Estava mordendo o lábio inferior em um tique nervoso involuntário e quando ouviu Marcelo dizer para que parasse de fazer aquilo, respondeu no automático "Eu não estou mordendo o lábio".

– Tá sim e daqui a pouco vai sangrar. Agora levanta que você tem de ir pro escritório e eu pro consultório. Eu já preparei o café, então se veste e vem comer. – recebeu um beijo morno na têmpora direita e sorriu, enquanto jogava as cobertas para o lado e finalmente saia da cama.

Tomou um banho rápido, fez a barba e vestiu a camisa e a calça sociais e deu o nó na gravata. Ele trabalhava em uma grande imobiliária e era um dos principais corretores. Quando entrou na cozinha, sentiu o cheiro de café fresco e sorriu. Marcelo estava atrás da bancada servindo o líquido em duas canecas.

– O que a assistente social disse? – ouviu o marido perguntar enquanto o via levar as canecas até a mesa e então o atualizou sobre o assunto, falando que talvez tivesse de espremer algumas visitas a imóveis para ir até a vara de família no horário, mas que ele daria um jeito.

– Ela me contou que este é um pedido de tutela emergencial, porque o Paulo já está há muitos dias sob a guarda do conselho tutelar. – falou enquanto passava um pouco de margarina num pedaço de pão e em seguida dava uma boa mordida.

– Então ele se chama Paulo? Você sabe mais alguma coisa sobre ele? – Marcelo encarou o marido do outro lado da mesa e notou que Diego parecia estar feliz ao falar do menino, era algo inesperado, levando em consideração a conversa que tiveram no dia anterior.

– Ele tem sete anos e... Se chama Paulo. É só o que eu sei por enquanto. – bebeu um gole de café, mas, antes de terminar de comer, lembrou-se de algo que deviam decidir antes do garoto chegar.

– Tem duas coisas que a gente tem de fazer antes dele chegar. Arrumar o quarto de hospedes, que agora vai ser o quarto permanente do Paulo e procurar alguém pra ficar com ele durante o dia enquanto estamos no trabalho. Você tem alguma sugestão de quem poderíamos chamar? – olhou no relógio de parede, marcava 7h45, se ele saísse nos próximos cinco minutos talvez não pegasse transito até a imobiliária.

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