Capítulo 32

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Era Quarta-feira e na escola, Paulo tinha contado a Agatha e Luís sobre aquele enorme salão com todas aquelas mulheres de expressão cruel em que aquela mulher o tinha levado no dia anterior e a menina perguntou se elas eram bruxas.

– Porque pelo que você tá me falando, elas parecem bruxas. Que medo, Paulo! – a garota lhe disse durante o recreio, enquanto as outras crianças brincavam de pega-pega e de queimada, os três estavam amontoados num cantinho cochichando.

– A Agatha tem razão, elas parecem assustadoras. – complementou Luís, enquanto dava uma mordida no sanduíche e oferecia batatinhas aos outros dois, que aceitaram. Paulo não sabia nada sobre bruxas, mas de uma coisa tinha certeza, tinha medo daquela mulher.

– Ela olha pra mim como se eu fosse cocô de cachorro, sabe? Como se fosse uma coisa ruim e fedida. Eu não vejo a hora de chegar sexta-feira pro Diego vir me buscar e eu não quero ver essa mulher nunca mais na minha vida! – declarou aos amigos ao mesmo tempo em que o sinal informando o fim do recreio começava a soar.

Quando voltaram para a sala de aula, Paulo perguntou a Profê Marta que dia era e ela respondeu "Quarta-feira, querido". Ele sabia os dias da semana, então contou nos dedos quantos faltavam para Sexta, um, dois. Respirou fundo e pensou que podia aguentar mais um pouco.

Naquele dia, quando a mulher veio buscá-lo na escola, ela encontrou com a mãe de Emmanuel, o menino que gostava de infernizá-lo e a Agatha e Luís e as duas começaram a conversar e foi quando Paulo teve certeza de que estava realmente com uma pessoa ruim, pois enquanto as duas falavam, Emmanuel aproximou-se dele e lhe deu socos no braço direito, Paulo tentou pedir socorro, mas as duas fingiam não vê-lo, Olinda até virou de costas quando o filho se aproximou do outro menino.

– Ai irmã, é maravilhoso que você esteja cuidando desse menino, quando me contaram com quem ele estava morando, o Senhor tenha piedade, eu me horrorizei por completo! Mas as coisas vão melhorar, agora que ele está longe daquelas más influências. – ao ouvir as palavras da outra mulher, Paulo se irritou. Não sabia o que significava "influências", mas a palavra "" sim e empurrando Emmanuel para longe e fazendo-o cair numa poça d'água na calçada, entrou entre as duas e gritou.

– O Diego e o Marcelo não são maus! Seu filho é mau! – apontou para o garoto que continuava largado na poça de água e viu Olinda correr para socorrê-lo, enquanto sentia a mão ossuda da outra mulher apertar seu pulso com força.

– Garotinho sujo, ninguém nunca te ensinou educação? Que não se deve interromper os outros e muito menos empurrar o coleguinha? – Paulo tentava se livrar do aperto, mas era inútil, cada vez que puxava o pulso, os dedos em volta se tornavam mais firmes.

– Ele não é meu amigo, ele é mau! E eu não gosto de você! – a mulher o puxou em direção ao carro, mas não sem antes, mudando o tom de voz para algo melodioso e gentil, se despedir da amiga, que respondeu com um grunhido.

Ele foi enfiado no banco de trás do carro e quando ela soltou-o, o menino notou que a volta do seu pulso direito estava arroxeada.

Durante todo o caminho Zulmira ficou em silêncio, pensando se valia à pena ter um garoto mal-educado como aquele em casa apenas pelo imóvel que ela esperava conseguir por as mãos em breve. Mas agora já estava feito.

***

Diego recebeu uma ligação de Rosário, que lhe informou que as intimações haviam sido entregues e que ela ficou sabendo disso através de uma pessoa que trabalhava dentro da vara da família e que agora era só questão de esperar chegar sexta-feira e buscar Paulo de volta. Diego, que estava na imobiliária, respirou aliviado e ao desligar, mandou uma mensagem para Marcelo e outra para Mayara, repassando a informação.

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