Capítulo 46

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O encontro das três crianças na casa de Paulo não tinha dado certo, pois no dia seguinte, o pai de Agatha havia ido buscá-la, sem antes avisar Vanessa, o que deixou a moça muito irritada. Mas, ao ver como a filha olhava para Silas, ela acabou relevando. A menina o adorava, mesmo sendo um pai relapso e ausente.

Ela ligou para Mayara, que estava preparando uma mesa de café para receber os dois amiguinhos de Paulo. Assim que ouviu o que houve, Mayara crispou os lábios em uma careta de desgosto, afinal, não gostava de Silas.

— Poxa Vanessa, que chato isso. Mas espero que ela se divirta com o pai. Não, sem problema, podemos marcar de ela vir aqui outro dia. O Diego disse que tá tudo bem as crianças virem aqui brincar com o Paulo. Hm-hum, pois é, certo não tá, mas daí você ia discutir na frente dela e não ia dar em anda e ainda ia deixar a Agatha chateada... O jeito é quando vocês forem na vara da família, estabelecer horários definidos de visita. É, eu entendo. Sim, a gente se vê sábado na quermesse da escola. Tchau. — quando desligou, ouviu a campainha tocando e ao olhar por uma fresta na janela, viu Miriam segurando na mão de Luís.

Antes de abrir, informou a Paulo que Agatha não poderia vir. O menino ficou meio emburrado e fez uma careta ao ouvir que o motivo era o pai da menina. Mayara sorriu pensando que o cara não era mesmo muito popular.

Miriam entrou e cumprimentou Mayara com um beijinho no rosto enquanto via o irmão correr para o pequeno quintal nos fundos da casa, onde Paulo já o esperava com os brinquedos apostos.

Enquanto os meninos brincavam de detetives e exploradores da natureza, Mayara e Miriam conversavam na cozinha enquanto bebiam chá. A irmã de Luís sentia-se tranquila pela primeira vez desde que a avó foi internada. A velhinha estava se recuperando e quando contou a mãe sobre o convite de Mayara para levar o irmãozinho para brincar com o outro menino, ela a ouviu dizer.

— Vá sim filha, vocês dois precisam se distrair um pouco. Eu sei que está sendo difícil lidar com a doença da sua avó e mesmo com ela melhorando, o quadro ainda está instável e por mais que o Luís ame a Batchan* dele, não quero que ele fique aqui o tempo todo. É melhor que ele saia e brinque um pouco. Casa em que tem gente doente não é lugar pra criança passar o dia inteiro. Nem ele e nem você. — a mãe estava com olheiras fundas, mas tinha conseguido recuperar um pouco do peso perdido no ultimo mês correndo para cuidar da avó.

— Você sabia que a Vanessa é dona daquela clínica de estética grande que fica no centro? — perguntou enquanto pescava um biscoito de nata do pote. Admirava muito a mãe de Agatha por ser uma mulher forte e autossuficiente tanto no âmbito profissional quanto no social.

— Interessante. Deixa eu perguntar uma coisa, você conheceu o ex dela? — ao ouvir a pergunta, Miriam sentiu um calafrio correr pela espinha. O cara era insuportável. Claro, não deu em cima dela, pois ela não era o "tipo" que ele gostava, alta e com porte de modelo de passarela, mas viu o homem xavecar outras mulheres no portão da escola, isso quando ainda era casado com Vanessa.

— Eu detesto ele. A Vanessa se livrou de uma bomba. — declarou, para em seguida tomar um longo gole de chá de camomila.

Mayara conteve um sorriso, pensando que a lista de pessoas que não gostavam de Silas só estava aumentando. Ela acreditava que se alguém se comprometia a permanecer em um relacionamento monogâmico, por vontade própria, devia jogar conforme as regras.

A conversa rendeu até um momento quando os dois meninos entraram pela pequena porta do quintal, corados e suados, dizendo que estavam com fome. Comeram as pressas e voltaram para o quintal de onde vinham gritos de alegria e animação.

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