Quando Diego foi chamar o garoto para ir para a escola, na sexta-feira de manhã, o ouviu reclamar de dor de estomago, mas após o rapaz checar a temperatura do menino, colocando as costas da mão na testa e constatando que estava normal, disse ao irmãozinho que ele tinha de ir pra aula.
— Eu sei que você não quer sair com a sua avó hoje a tarde, mas não posso fazer mais nada, você concordou anteontem, lembra? Então levanta, vai lá no banheiro, faz xixi e escova os dentes, que eu vou preparar seu lanche. — o menino resmungou e se cobriu com o lençol, obrigando Diego a descobri-lo. Estava ficando impaciente com a teimosia da criança, apesar de entender a reação dele.
— Vamos Paulo, não faz assim. Vão ser só algumas horas e daí você volta pra casa. — Também não estava nada satisfeito de ter de deixar aquela mulher passar um minuto que fosse com seu irmãozinho, mas ao mesmo tempo, sentiu um pouco de pena dela, apesar de todas as coisas horríveis que ela tinha feito contra eles.
— Eu não gosto dela. — Paulo declarou enquanto atirava o lençol e as cobertas para o lado e saia correndo para o banheiro, batendo a porta assim que entrou. Em resposta, Diego soltou um suspiro cansado e rumou para a cozinha, onde Marcelo já havia colocado a cafeteira para coar.
— Bom dia... — abraçou o marido por alguns segundos, enquanto encostava a testa contra as costas dele e soltava outro suspiro cansado. Não eram nem sete da manhã e já se sentia exaurido.
— Bom dia, teve trabalho pra fazer o rapazinho sair da cama? — Marcelo perguntou enquanto sentia a pressão morna do corpo do outro contra suas costas.
— Se fosse só isso, estaria tudo bem. Ele não quer sair com a Zulmira hoje à tarde e eu não posso culpá-lo, aquela mulher é um pesadelo... Mas também é a avó paterna dele... — Se afastou de Marcelo e foi até a geladeira pegar algumas coisas para preparar o lanche do menino.
— Eu me sinto um monstro, obrigando ele a sair com ela... Mas sei lá, da ultima vez que aquela mulher veio aqui, você não tava, mas, o jeito que ela falou: "Ele é tudo o que me sobrou"... eu fiquei com pena dela... — parou de falar enquanto segurava o tupperware com frios em uma das mãos e o pacote de pão de forma na outra.
— Isso mostra que você ainda é humano. Mais do que muita gente por ai. — ouviu o marido comentar enquanto adoçava o café e servia em duas canecas.
— Paulo, vem comer ou vai se atrasar pra escola! — Diego gritou enquanto terminava de montar o sanduíche e embrulhá-lo em filme plástico e então ouviu passos no corredor e viu o menino aparecer, já trajando o uniforme e com a mochila no ombro.
— Senta ai. O que você quer? Sucrilho, um pão com manteiga...? — ouviu o garoto responder que só queria leite com quick de morango. Perguntou se não queria mais nada, ao que o menino respondeu com um gesto negativo com a cabeça.
— Meu estômago ta doendo... — Diego ficou preocupado, fez um agrado no cabelo do irmão e trocou um olhar preocupado com Marcelo. Era a segunda vez que Paulo reclamava de dor de estomago naquela manhã.
— Você... Quer ficar em casa? Eu posso ligar pra Mayara e ver se ela pode vir cuidar de você... Eu acho que ele ta meio febril, Marcelo. — Paulo quase aceitou a sugestão, mas daí pensou nos amiguinhos, que só iria ver de novo na segunda-feira e apesar de saber que mais tarde teria de sair com a avó, resolveu ir pra escola.
***
Desde que tiveram aquela conversa sincera há uns dois dias, as coisas entre Joaquim e Francisco pareciam ter ficado menos tensas. Claro que ele ainda estava tendo de lidar com os problemas do curso técnico e o fato de que, pela falta de tempo, eles ainda não haviam tido chance de ter algum momento mais intimo, mas mesmo assim, ele estava se sentindo melhor.
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Lar é onde o coração está
Ngẫu nhiênA vida de Diego mudou completamente quando ele recebeu uma ligação num Domingo de manhã, informando que sua mãe, com quem ele não falava há anos, faleceu e deixou a guarda de seu meio irmão caçula para ele. Com as únicas opções de aceitar o menino o...