O final de semana passou rápido e já era Segunda-feira de novo. E não qualquer Segunda-feira, mas o dia da reunião de Pais e Mestres da escola do Paulo. Como as crianças iam ficar só meio período em aula, Diego achou melhor deixar o irmão em casa, com quem ficaria até Mayara chegar, para que ele pudesse ir à reunião.
Permitiu-se ficar mais um pouco na cama naquela manhã. Só sairia de casa por volta das 9h30 e Marcelo não tinha pacientes agendados até as 10h00. Deitou a cabeça no ombro do marido e suspirou cansado. Apesar de Paulo ser um menino maravilhoso, cuidar de uma criança ainda era exaustivo. Então pensou na semana seguinte, quando iriam comemorar o aniversário de Marcelo e teriam um pouco de tempo só para os dois e então sorriu.
– Já acordou? – ouviu a voz acima de sua cabeça e fechou as pálpebras de novo, fingindo ainda estar dormindo.
– Não, eu comecei a dormir de olhos abertos. – o tom de voz que empregou não deixou que a frase soasse agressiva e fez Marcelo rir.
– Diego, dá pra ouvir as engrenagens do seu cérebro funcionando. Se acalma! – remexeu-se ao lado do outro e apoiou-se num dos cotovelos para olhá-lo melhor. Queria dizer que gostaria de ser mais tranquilo e relaxado, que não queria ficar o tempo todo imaginando o máximo possível de cenários desastrosos para situações que nem aconteceram, mas não conseguia. Abriu a boca para falar isso, mas acabou desistindo quando Marcelo fez um afago em seus cabelos.
– Eu sei que é difícil pra você... Não fique chateado. – na verdade Diego não estava chateado, mas sim meio incomodado com a forma que sua ansiedade o colocava em um canto e parecia acuá-lo com todo tipo de pensamento negativo.
– É só que... Com exceção da mãe da Agatha e da irmã do Luís, eu não conheço os outros pais, com exceção daquelas poucas mães, a grande maioria deles não quis vir ao aniversário do Paulo, por causa daquela... Mulher. – estava se referindo a Olinda, mãe do garoto que vinha implicando com Paulo desde o começo do ano letivo.
– Vai dar tudo certo e se ela falar algo ofensivo... Você responde na altura. Eu sei que consegue. – sentiu um beijo morno ser depositado em sua testa e sorriu, enquanto se jogava novamente em cima da cama.
– Sabia que a Beatriz nunca foi numa única reunião de Pais e Mestres quando eu era mais novo? Nem em nenhum evento escolar. Nunca me mandou em passeios ou excursões e não era por falta de dinheiro, porque quando meu pai ainda era vivo, antes dela se casar com... Aquele traste, a gente vivia bem financeiramente. – sempre que falava da mãe, adotava um tom de voz amargurado e doloroso, apesar de não perceber.
– Mas agora você vai mudar isso, indo nas reuniões do Paulo. E no fim da semana, nós dois vamos ver ele dançar quadrilha e vamos tirar muitas fotos. – Marcelo estava em pé ao lado da cama e espreguiçava-se, o que fez a camiseta do pijama subir um pouco, expondo a barriga, que apesar de ter um pneuzinho, ainda parecia muito sexy para Diego, que balançou a cabeça tentando focar na conversa.
– Verdade! Eu vou fazer por ele tudo que a Beatriz não fez por mim e ainda mais! Claro, nunca vou falar mal dela pro Paulo, como eu já disse antes, ela foi uma péssima mãe para mim, mas foi boa para ele. – sentiu uma pontada longínqua de inveja do irmãozinho, mas da mesma forma que veio, foi embora.
Enfim levantou da cama, apenas para encostar a testa nas costas de Marcelo, um hábito que vinha se tornando cada dia mais comum. Ficou assim por alguns segundos, até que murmurou "tá bom, agora eu vou ser um adulto funcional!", ouviu o marido rir e resposta e acabou rindo também, mas tinha dias que apenas existir era difícil, quanto mais sair do quarto e viver.
***
Estava acordado desde as seis da manhã, fazendo compressas geladas no local da tatuagem. Tânia não tinha mentido quando disse que ia coçar como o inferno! Estava desesperado para meter a unha no lugar e esfregar até arrancar a pele fora. Mas, lembrando das dicas que a tatuadora lhe deu, tinha passado o creme e agora aplicava compressas frias no local, mas ainda assim, a coceira era forte.
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Lar é onde o coração está
RandomA vida de Diego mudou completamente quando ele recebeu uma ligação num Domingo de manhã, informando que sua mãe, com quem ele não falava há anos, faleceu e deixou a guarda de seu meio irmão caçula para ele. Com as únicas opções de aceitar o menino o...