Mistérios, sussurros do além e pesadelos rondam o colégio São Lucas Leão no centro carioca. Um ponto onde a realidade física e espiritual se convergem e revela mundos diferentes, realidades e criaturas ancestrais; anjos, demônios, vampiros, lobisome...
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EVA
As unhas compridas e afiadas de Eva, com seus dedos fortalecidos na mutação óssea que ela — assim como os demais lykans — podem fazer, abrem lentamente o peito de Sasha, afastando os ossos e perfurando seu coração. Mas ele ainda resiste vivo.
— Essa é a prova final, um lykan morreria se tivesse o coração perfurado — diz ela, se levantando com as mãos pingando sangue. — A prova final de que ele não é igual a você, Karoll. Além disso, vai me dar tempo.
— Para quê? — questiona a loira ao canto da parede, escorada e com olhos vazios e de corpo coberto nos lençóis brancos, mas com a mente coberta por mantos negros.
— Para explicar o que quer ouvir. Assim ele demora mais para regenerar, claro que não vai fazer diferença, pois vamos precisar matá-lo. Mas não agora.
— Que diferença fará matá-lo agora ou não? Ele poderá voltar a vida ressurgindo em outro corpo.
— Olha, você não é tão imbecil quando parece — diz o garoto banhado a sangue.
— Não, vamos levá-lo conosco de volta para o colégio, e quando tivermos certeza de que o Lucas voltou, aí sim vamos matá-lo, e o Lucas vai matá-lo definitivamente por nós.
— Eu não vou voltar para aquele colégio. Eu não tenho nada para fazer lá, a não ser acabar morta pela Angelina que já deve saber que fui eu quem te sequestrou.
— Você não entendeu ainda, não é? — questiona Eva, sorrido e limpando as mãos sujas de sangue no lençol branco. — Vamos precisar de toda ajuda que pudermos ter, mesmo a sua será útil. Então vou explicar tudo a Anja e vou garantir que ela te mantenha viva.
— Qual a razão disso? Achei que nem fosse com a minha cara.
— Realmente eu repudio a sua existência como lykan, eu detesto todos vocês. Acho que é um instinto natural.
— Natural? Você é uma lykan, pelo que já vi e pelo que disse. Então por que teria instinto de odiar sua própria raça?
— Eu não sou uma lykan — explica, apoiando as mãos sobre a cintura e respirando fundo. — Eu tenho as habilidades, e os genes, mas sou no final das contas eu sou uma mistura que deu errado. Então me tornei a única de uma raça nova chamada "lynxathropo" ou "leukanthropo", se preferir.
— Lyxn? Isso tem a ver com os linces?
— Sim. É exatamente isso que está pensando, eu sou meio felina. Acho que não existe tradução nessa língua para o que sou, mas digamos que eu sou meio gato meio humana. Graças a esse bosta no chão.
— Eu nunca te vi antes, como poderia ter algo haver com isso? — questiona Crowley.
— Tenth Lab — retruca Eva ao mesmo que pareceu se surpreender. — O Décimo Laboratório, ou Decágono, O Poço do Inferno, ou os vários dos outros nomes. Isso te lembra de algo?
