ONZE: O EVANGELHO DE JOÃO

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Cansada, Angelina chegou até a biblioteca. Não pretendia ir até lá na verdade, só estava correndo feito uma desesperada para sua próxima aula, mas as caixas de som da escola avisaram que o quarto horário estaria suspenso por motivo de reunião de última hora; dos professores.

Aproveitou o tempo livre para colocar algumas atividades acumuladas em dia, e por isso acabou indo rumo à biblioteca. Estava quase vazia de corpos. Mesmo com mais de mil alunos, ainda assim, todos fugiam de bibliotecas. Como era de se esperar.

Ela passou por algumas fileiras de livros de altura média, assim como algumas mesas e foi direto as enormes prateleiras de mogno.

Estava atrás de história em um nível global e sabia bem em que prateleira encontrar. Tinha um trabalho de religião que precisaria voltar no tempo mais de mil anos e só a maior e mais imponente das prateleiras lhe daria tal material. Mas quando pegou o grosso livro de capa de couro marrom e páginas gastas, sentiu resistência, no entanto, conseguiu o arrancar do meio de outros dois livros grandes e viu que do outro lado outra pessoa também tentava apanhá-lo.

— Ai! — disse o garoto franzino quando ela tomou o livro de seus dedos magros e ele bateu com o braço em uma das hastes de madeira.

— Ah, me desculpe. — Angelina recuou e caminhou em volta da prateleira. — Te machuquei? — Sabia quem era o garoto. Nunca havia falado com ele, mas havia o visto conversando com Rafaela algumas vezes, também havia escutado algumas piadas de Júlia sobre a estatura do garoto.

De fato, ele era bem baixo para um terceiranista. Devia ser dez centímetros mais baixo que Angelina, talvez mais baixo que isso.

Era bem magro e de uma pele negra intensa, de olhos fundos e lábios protuberantes. Mas tinha um ar jovial bem único, mesmo sendo visto apenas a distância. Sempre via Rafaela aos risos com ele.

— Estou bem — disse ele, passando a mão sobre o local do baque. — Oh, você é amiga da Rafaela. Angelina. — Ele estendeu a mão, como se tivesse esquecido da dor. — Prazer, João. Não acredito que não havíamos sido apresentados.

— Prazer. — Apertou-lhe os finos dedos do garoto. Foi a primeira vez que teve tanto cuidado ao apertar os dedos de um homem. João parecia que teria a mão esmigalhada se fosse apertada com demasiada força. — Pode levar o livro.

— Não precisa, eu só ia ler por prática, já tenho tudo decorado — argumentou o menino.

— O livro todo? Mas ele tem tipo... Umas duas mil páginas?

— Duas mil e trinta e nove, na verdade. Mas só é numerado a partir da doze, depois das dedicatórias e toda essa ladainha — falou com segurança de sua sabedoria. Rafaela também era esse tipo de pessoa, e agora Angelina sabia com quem ela deveria ter suas conversas de super gênios.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora