SETENTA E UM: O ANJO E A BRUXA

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ANA JÚLIA

Júlia acorda com o som dos toques na madeira. Depois do belo jantar e de um ainda mais relaxante banho, ela dormiu pelo que imagina ser algumas várias horas no tempo terrestre. Talvez umas dez. Talvez, mais.

Seu corpo começa a sentir o cansaço advindo da troca de "fuso horário". Mas não sabe se isso pode ser usado quando se alterna entre horários de dimensões distintas.

Em Eleum Loyce não existe um ciclo de dia e noite. É sempre claro, porém nublado pela neve densa que despeja do céu nos ventos invernais, cobrindo o espaço do Sol artificial até a montanha do castelo. E novamente, não sabe se céu é a palavra adequada para descrever. Toda via, também não tem a mínima vontade de aprender muito sobre esse lugar. Ela se arrasta da larga cama até a porta e vê o rosto pálido e apático de Aggie. Sempre dentro do grande pallium; um manto roxo, com capuz cobrindo a cabeça raspada e densas roupas sobressalentes, pretas. De lã, de algodão e damasco. Suas olheiras profundas, agora de perto, são como rachaduras na pele. Rachaduras em formato escamoso em um tom preto tão escuro que quase não notara o formato a distância.

— O Dayan pediu-me para te ver.

Sua voz rouca e fraca, quase sussurrada, exala monocórdica.

— O que foi, já está na hora de voltarmos?

— Seu amigo anjo disse que vossa pessoa tem vontade de conhecer algumas táticas e treinos de nós, Filhas de Lilith. Apenas vim avisar, se tiver interesse, o campo de treinamento está aberto. Posso te escoltar pelas veredas, se assim for de sua vontade.

O estilo que permeia do metódico ao simples de Aggie chama atenção de Júlia. Não sabe por quê todas as bruxas desse lugar falam dessa forma, mas a irrita. Disfarçando isso, Ana Júlia assente as palavras da visitante.

Hum... Eu quero. Só deixa eu me trocar.

Essa é uma boa oportunidade de aprender algumas "matérias" novas. Apesar de que sempre está lendo, Ana Júlia pensa que talvez já saiba a maioria das utilidades criadas por bruxas e feiticeiros ao longo do tempo. Ao menos a maioria dos terrestres.

Então as Filhas de Lilith, o principal clã de bruxas pode ter algo a lhe ensinar, com suas técnicas de ocultismo antigas.

Após se arrumar levemente, trajando um gibão de couro cru, vestimenta rústica utilizada nos treinos das Filhas, gibão este sobre uma camisa de mangas longas de lã, e uma calça de algodão dobrado, tudo em tons acinzentados, ela segue Aggie pelos corredores feito de cavernas, do outro lado do castelo-montanha. Aggie é uma figura peculiar, de olhos vermelhos e expressão abatida a todo tempo. É também a menos hostil dentre as Filhas. Ouvira de Agnes que elas são seu atual trunfo. O que significa que ela deve ter algum tipo de poder diferente das demais, toda via, não é isso que mais chama a atenção de Ana Júlia.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora