O brilho cróceo corre os olhos sonolentos que lentamente se abrem. O dourado firme e quente de suas íris começa se estabelecer na leve escuridão do quarto.
Piscando mais algumas vezes e bocejando, um pouco da preguiça se vai.
— Que horário estamos? — indaga Sabrina entre um bocejo e outro.
— Finzinho da aurora — responde Lúcifer acariciando seu rosto. Deitado ao lado da loira no escuro do quarto, no calor da cama que compartilharam toda a noite. Novamente. Sabrina acostumara-se a acordar e vê-lo ali, a observando. Pergunta se apenas acorda antes dela, ou se nem dormiu nesse último mês, a olhando profundamente enquanto descansa.
O horário diário no inferno é divido em três, aurora, duração e crepúsculo. O que para a Terra é algo como manhã, tarde e noite. Exceto que no submundo não há passagem de dia e noite com a mesma precisão e intensidade que na Terra.
— Dormi demais... de novo.
— Você ainda está se recuperando — responde Lúcifer ajeitando seus curtos fios de cabelos.
Agora eles mal chegam ao pescoço, mas ocupam sua testa e lateral de seu rosto, escorregadios feito seda e lindos como ouro. — Eu já cuidei de tudo. O Luke está na aula e já resolvi as pendências de quase o dia todo.
— Hum... — Ela resmunga de forma manhosa, rolando e ficando completamente de lado, frente a frente com ele. — Então o que tem para hoje?
— Ainda temos uma reunião sobre sua luta contra Asmodeus. Acho que é hora de se pronunciar. Alguns demônios ainda acreditam que foi trapaça.
— Quantas vezes eu vou ter que explicar para eles — diz ela sentindo um pequeno latejar sobre as têmporas. — Não é trapaça, por que não usei o poder da arma de dizimar com criaturas sobrenaturais. Só usei a lâmina pra decapitar aquele desgraçado. Além disso, eu já havia a registrado antes da luta como arma secundária, fazia parte do meu plano.
— Não precisa explicar pra mim. Você venceu e está viva, é tudo que preciso.
— O que mais?
— Precisamos visitar Satã. Ele não sai mais do Pico dos Arquidragões, e está em completo silêncio desde a luta contra o Crowley. Depressivo. Mas eu posso ir sozinho, não quero que se esforce.
— Se eu ficar nessa cama mais um dia, eu estrangulo alguém.
— Suas forças ainda não estão no máximo. Precisa descansar e recuperar-se.
— Luci, já faz mais de um mês desde a luta contra o Asmodeus. Eu tô bem, juro. — A mão da garota se levanta e acaricia seu rosto. — Apesar de estar amando ser paparicada por você. Mas não suporto mais ter que ver você derramar tanto sangue por mim.
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Caídos (duologia Trono de Fogo)
RomanceMistérios, sussurros do além e pesadelos rondam o colégio São Lucas Leão no centro carioca. Um ponto onde a realidade física e espiritual se convergem e revela mundos diferentes, realidades e criaturas ancestrais; anjos, demônios, vampiros, lobisome...