SETE: ANJO DA GUARDA, ANJO CAÍDO

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Ω

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Dayan havia corrido com Angelina, corrido até que ela decidisse que estava longe o bastante. Já haviam passado o bloco do refeitório e o segundo bloco das salas de aula — dos terceiranistas — e até mesmo da catedral Rute. Se escoraram atrás da parede do outro bloco, o último bloco que ficava antes da pequena cerca de arame trançado que separava a ala esportiva.

Ela parou, arfando. Mas inda estava amedrontada. Dayan a abraçou. Forte. Tão forte que ela podia sentir-se próximo de sufocar, mas não queria que ele se afastasse.

Ela o abraçou de volta, sem se preocupar que alguém pudesse passar ali e interpretar mal. Só precisava se acalmar. E aos poucos, bem lentamente ela conseguiu. O cheiro doce e os dizeres bondosos de Dayan tocaram seu coração que a amolecera, se acalmou e por fim, restou apenas um medo constante em sua mente, mas que era subjugado pela presença do garoto aloirado.

— Está melhor? — disse ele afrouxando o abraço, lhe dando um pouco de espaço para respirar.

— Obrigado, Dayan... — falou, ainda ofegante. — Eu... Eu estava apavorada.

— O que houve? Ouvi seu grito e... Alguém te fez algo?

— Não, eu... Eu vi... — Ela se recordou das imagens. Mas não podia compartilhar o que viu. A última coisa que queria, era que Dayan pensasse que era maluca, como ela mesma agora pensava de si. Nada daquilo fazia o menor sentido. Deve ter uma explicação plausível. Talvez tenha dormido? Talvez seja um caso raro e estremo de narcolepsia. Mas não poderia ser que aquilo realmente estivera lá. Afinal, Dayan não estava nenhum pouco alterado. Ele não poderia ver, obviamente. — Eu não sei. É como se eu tivesse sonhado acordada. Não sei dizer.

— Mas está melhor?

— Sim, obrigada, Dayan. Acho que teria surtado se não tivesse me tirado de lá. Acho que só estou muito cansada e acabei vendo coisas.

— O que quer fazer? Quer que eu te leve para a enfermaria?

— Não, eu... Eu preciso voltar, vão acabar me punindo por faltar na limpeza. Será que... — Ela se contorceu, não queria deixar o lado de Dayan agora. Mas não sabia como pedir para ele voltar consigo, pelo menos para ver se já era seguro ficar. — Poderia me acompanhar de volta?

— Claro. — Os olhos do garoto se encheram de calor humano, um bom calor, mesmo debaixo do sol do verão carioca.

O garoto levantou as mãos e tocou seu rosto, limpando o rastro molhado das lágrimas que esqueceu ter derramado há pouco.

Tudo em seus movimentos era terno. Um carinho que ela não conseguia entender. Por quê com ela? Quer dizer, ele era lindo e gentil, deviam ter garotas se jogando aos montes frente a ele. Por quê perder tempo com alguém como ela? Não tinha nada em si, que Angelina considerasse de beleza única.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora