DEZ: IMPERDOÁVEL

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A água quente do chuveiro não diminuía sua dor, mas lhe dava uma grama amais de força para não se desmantelar em mais lágrimas.

Ainda bem que Júlia apareceu, não poderia voltar para casa naquele estado, seus pais iriam iniciar um interrogatório e quem sabe querer tirar satisfação com o pai — ou padrasto — de Lucas, e não era nem perto disso, que desejava. Só queria distância e quietude.

Se enxugou e entrou no quarto vazio e escuro de Júlia, vendo as roupas que a garota deixou para ela sobre a bela cama. Se vestiu rapidamente e escutou os passos se aproximarem da porta.

— Posso entrar? — indagou Júlia. Angelina assentiu. Estava com duas canecas em mãos. — Não há nada que chocolate fervente não ajude. Abaixei o climatizador da casa, vai combinar com a chuva lá fora. E a tempestade dentro de você.

Disse lhe oferecendo a caneca. Angelina sentou-se na cama enquanto a garota abria as cortinas azuis que ofuscavam o fraco brilho do sol que era ocultado na escuridão das nuvens enegrecidas no céu. A chuva caia pesada, como se celebrando sua tristeza ao maior estilo vitoriano dos livros que ela amava.

— Então... — Júlia voltou a dizer. — Por que não me explica direito o que aquele imbecil do Lucas te fez?

— Ele só... Eu quem fiz.

— Como assim?

— Acreditei. Acreditei fácil demais, e eu nem sei por quê, mas sentia tanta vontade de acreditar nele. E ele mentiu pra mim.

— Isso não parece a cara dele — disse a amiga de cabelos roxos. Angelina a fuzilou com um olhar e Júlia sorriu. — Não vou defendê-lo, Anja. O Lucas é um crápula, o pior tipo de escória que essa terra já teve o desprazer de comportar. Um manipulador sádico que merecia ser torturado através das eras vindouras. Mas ele não mente.

— Acabou de chamar ele de manipulador... Pessoas assim não são mentirosos por natureza?

— Não o Lucas. Ele sabe usar a verdade com uma maestria que eu nunca vi.

— Você parece mais próxima dele, do que você ou seu irmão gostam de deixar transparecer. O que houve entre vocês, afinal?

— É uma longa e dolorosa história, amiga. Deixe isso para depois. Hoje a foça é sua. Só sofra o que puder e esqueça aquele ser.

— Esquecer? — Ela se lembrou da noite anterior, da madruga. Meu Deus, como chegou tão longe em apenas uma noite? Ela realmente transou com ele, e tudo parecia um sonho e um pesadelo distante. O que tinha em Lucas que enfeitiçava tanto ao ponto de ir para a cama como ele no primeiro dia? — Acho que isso é impossível. Eu só queria entender... Por que ele me diria aquelas coisas? Ele disse que era um engano. Eu deveria ter escutado. Por que não faz sentido.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora