TRINTA E TRÊS: TRATO COM O DIABO

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SABRINA

— Você realmente pretende fazer isso, Sabrina? — indagou Anja.

A loira permaneceu em silêncio. O que dizer? Como eles entenderiam todo seu desejo de vingança? Podiam compreender sua dor, mas nunca seu ódio. Se morreu com ódio de si mesma, voltou com ódio daqueles que realmente fizeram de sua vida o mais profundo poço de desespero e horror que viveu.

— Sabrina... — Lucas chamou a atenção da garota com um tom mais sério, ainda que dócil. Ele a entende, ela sabe. Pois ele mesmo disse quando se conheceram; disse que via a escuridão dentro de si. — Saiba que mesmo um demônio não pode apenas matar um humano sem danos colaterais. Mesmo me servindo pelas trevas, assassinar um humano ainda é complicado e não pode, de forma alguma, chamar muita atenção para o lado sobrenatural. Além de que mesmo para os pertencentes ao "porão", é contra as regras, a não ser que seja claramente necessário.

— E daí? Já não estamos em guerra contra a porra do "sótão" inteiro? — indagou Sabrina levantando sua voz estridente e aguda. Usando uma das palavras que Gabriel havia a contado sobre.

Como o Inferno é comumente chamado de "porão" e o Céu de "sótão", sendo esse universo o "andar", ou "piso".

— Não é isso, Sá — disse Gabriel em um tom de preocupação. — Existe uma barreira no tecido espaço-temporal que separa as dimensões, quanto mais é arranhado, mais gasto ele fica. Mais fino. E se quebrar, qualquer anjo e demônio poderá vir a terra quando quiser.

— Isso causariam muita destruição nas brigas... — diz Anja preocupada.

— Poderia dizimar com a vida na terra em questão de dias. E meu desejo não é destruir a terra. — Lucas repousa as mãos sobre a cintura e respira fundo. — Toda via... — contestou ele, com o tom de voz que Sabrina esperava. — É possível sim matar um humano e permanecer com o tecido intacto. Além de claro, não quebrar totalmente as regras do porão.

— Sério? — Uma luz de esperança saltou dentro da loira. Ainda que fosse uma luz bem obscurecida por tal desejo de morte.

— Lucas. — Gabriel de um passo decidido enquanto olha surpreso para o irmão. — Não está realmente calculando a possibilidade de permitir que a Sabrina faça isso, está?

— O que aconteceria de ruim com ela, irmão? Ela já vai perder a alma para se tornar um demônio ou um anjo.

— Você sabe bem, Lucas. Nós fizemos um trato quando prometi servidão, quando a Sabrina morrer ela deve ir descansar no Elísio.

— Eu entendo, irmão. Mas por que ela pode perder a alma para se tornar um anjo no meu comando, e não pode fazê-lo para se tornar um demônio? Você não está fazendo sentido, Gabriel. Ou melhor, só deseja que ela siga o caminho que você escolheu para ela. E depois eu sou o quem tem síndrome de Deus. — Lucas enfiou as mãos nos bolsos da calça sarja branca que usava e deu de ombros, exalando um sorriso sarcástico. — Mas ela pode optar por continuar humana se quiser e ficar aquém dessa guerra. Toda via, terei que mandar a Eva apagar as memórias dela acerca do mundo sobrenatural.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora