SABRINA
As grandes portas de madeira da igreja sofrem os golpes leves dos dedos finos da loira que surge com quatro seguidores ao seu lado. A massa de pessoas olha em volta enquanto ela adentra, e quase que em um presságio, todos se silenciam. Sentindo algo que não deveriam sentir normalmente, mas na presença da garota... impossível não sentir.
O sentimento obscuro e antigo paira o peito deles, assim como uma fina cordilheira emocional de glorificação. A escuridão da origem do mal e a luz da formação do bem. As energias de Treva e Yahweh contaminam suas mentes ao mesmo tempo quando a garota abre seu sorriso inquietante. Demoníaco, infernal; angélico, celestial.
— Padre, eu vim confessar! — grita Sabrina andando pelo chão de madeira nobre da paróquia. É uma igreja católica qualquer no centro do Rio de Janeiro, pequena, mas unida. Com crentes de fé decidida a glorificar um único Deus. E Sabrina está mais do que decidida a mudar isso.
— Que bagunça é essa? — questiona o padre com voz branda, mas incisiva.
— Padre, atente-se a minhas palavras, eu tirei a vida de outrem, e estou a mão senhoria do Diabo em carne, osso, sangue e trevas — diz a loura, caminhando ao meio da igreja. Com os dois demônios em volta de si. — E hoje eu vim a vós, clemente a que me deem vossa atenção. Hei-me aqui a disseminar o provérbio do Caído. — Sabrina gira os braços abertos e cutuca um garoto de cabelo bem penteado para o lado e uma camisa polo listrada. — Falei bonito, não falei, pivete?
— Quem é você? — questiona o clérigo atrás da grande bíblia sobre o pedestal de madeira.
— Acabei de dizer, padre, todavia, meu nome não é importante, embora o conhecerão em algum tempo — retruca, olhando para a primeira fileira de bancos pesados de madeira e vendo um homem de óculos escuros e uma bengala dobrada sobre o colo. — Ah, perfeito, um cego. Deficiente visual é melhor? Nha, cego mesmo. Você, homem que não vê, deseja voltar a enxergar?
— Não pode entrar aqui dessa forma... — diz o padre antes de ser interrompido pela mão de um dos homens que vem com Sabrina, tapando a boca do mesmo após surgir subitamente frente ao padre com sua velocidade sobre-humana e imparável.
— Se continuar a interromper a Rainha do Inferno, precisarei pedir que se retire, clérigo — diz Ar-toris, um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse que segue Sabrina até a catedral. O mais poderoso deles, apesar de não ser o líder.
Os três outros: Ciar An, a esposa de Ar-toris, Smug, o demônio que em seu corpo humano é um sujeito de 2 metros de altura e 110 kg de pura massa muscular, e segundo o líder dos Quatro Cavaleiros; sua forma demoníaca é ainda maior e mais forte, o que faz Sabrina pensar em como será quando o vir assim. E o líder, Teinorns está sempre os coordenando de trás, conectando suas mentes com sua telepatia.
— Eu vim para trazer a paz e a prosperidade. E então homem, deseja enxergar? — questiona Sabrina ao mesmo que tem a mão segurada por uma mulher ao lado.
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Caídos (duologia Trono de Fogo)
RomansaMistérios, sussurros do além e pesadelos rondam o colégio São Lucas Leão no centro carioca. Um ponto onde a realidade física e espiritual se convergem e revela mundos diferentes, realidades e criaturas ancestrais; anjos, demônios, vampiros, lobisome...