CINQUENTA E TRÊS: PETRUSHKA

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KAROLL

— O que houve depois que você matou os caras que fizeram aquilo? — indaga Karoll ao garoto que interrompe sua história por um momento e fita o televisor, cujo qual o som nem mais sai. Oculto por de trás dos pensamentos de Karoll e da história de Sasha.

— Eu deixei de ser vegetariano — diz após a pausa. — Mas descobri que conseguia controlar bem meus impulsos. Meus pais tinham medo que eu machucasse pessoas próximas, mas isso nunca aconteceu.

— Por que eu prevejo um grande "mas" nessa história?

— Bem... Mas não era sempre que eu me controlava. — Ele sorri como se assentindo ao mas que Karoll deseja ouvir. — Sempre que eu via aqueles filhos da puta pressionando, agindo contra, influenciando mal ou ofendendo pessoas como o Alexander, ou a mim... Era difícil de controlar. Mas por um lado, eu tinha algo para focar toda minha fúria e dor.

— Algo deu errado, não deu?

— Muito. Acontece que as forças policiais russas adoram agir pela justiça. Mas a justiça russa para os héteros e para aqueles que não são, é uma justiça diferente. Quando o Alexander morreu, pouco ou nada foi feito quando descobriram que ele era gay. Mas quando alguns daqueles homofóbicos de merda, filhos de aristocratas russos morreram, ah, aí sim a coisa fedeu.

— Eles te acharam?

— Não. Mas acharam meus pais. — Sasha passa a mão pela testa e ajeita a perfeita franja prateada de seus cabelos, e por ali segura na glabela, descendo os dedos pelo nariz e ao fim, usando a mesma mão para dar apoio ao queixo que escora sobre a mesma.

— Um lykhanthropo que não comia carne humana há centenas de anos e uma vámpir que não bebia sangue humano a pelo menos um milênio. Não preciso dizer que eles nem conseguiriam resistir.

— Eles foram levados? E depois?

— Vai saber. — Alexander sorri novamente e delineia a tela da televisão. — Sua história foi bem triste, por quê teve um fim triste. Mas eu nem sei o que sentir sobre a minha. Por que ainda não acabou. Eu nunca vi meus pais novamente. Fui atrás, uni pistas, fiz amigos no governo, na polícia, no exército, no serviço secreto, e não descobri nada sobre eles.

— Eu sinto muito Sasha.

— Obrigado, mas não estou atrás de empatia.

— Não é por isso que eu sinto. Eu achei que você podia ser algum tipo de justiceiro imbecil. Alguém que descobriu os poderes e agora corre por aí para fazer justiça apenas por achar que é o certo. Mas você é como eu. Você não tem um presente, nem um futuro, por que está preso nessa jaula do tempo que só mostra seu passado.

— Que discurso bonito. Mas ao menos você pode matar quem te fez mal e seguir em frente. Já eu... Bem, não sei quem os prendeu, nem se estão vivos. Basicamente eu teria que matar a população russa inteira para ter certeza que estão mortos. E isso conta os russos fora da Rússia.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora