Mistérios, sussurros do além e pesadelos rondam o colégio São Lucas Leão no centro carioca. Um ponto onde a realidade física e espiritual se convergem e revela mundos diferentes, realidades e criaturas ancestrais; anjos, demônios, vampiros, lobisome...
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ANGELINA
Os raios dourados luminescentes tremulam pela branca cortina rendada de anjinhos, luz de um cróceo com toques de laranja brandidos no tremeluzir da poeira imperceptível se não quando tocados pelo calor fulgurante que crepita dos céus ao chão do quarto, rastejando no lusco-fusco da manhã. Muito aconteceu nessas últimas vinte e quatro horas, muito vem acontecendo nas últimas semanas — pouco mais de um mês —, demais até mesmo para um celestial, ou infernal.
Apenas nas últimas 24 horas terrestres; foram a Atlântida, Lucas retornou, enfrentaram anjos enviados por Lilith e até a morte de um arcanjo, assim como de uma vintena de atlantianos que enfrentaram os anjos celestiais. Quando retornaram a terra precisaram realocar os atlantianos. Mas já tinham o local planejado para os mesmos. Os alojando em uma ilha no Oceano Atlântico, a ocultando com magia utilizada por Lucas e Eva.
Também não estão mais no colégio, pois se havia algum espião entre os alunos, ele ainda pode estar, de alguma forma, oculto dentro da escola. Toda via, Lucas também já havia pensado nessa possibilidade há muito tempo, e para tal, tem uma mansão no interior do Rio. Onde o grupo está nesse momento.
Apesar de não precisar dormir, é um dos pequenos prazeres de ter todo o tempo do universo a sua disposição. Um prazer ainda maior quando o faz nos braços da pessoa que se ama. Assim está Angelina. Acordando frente aos olhos dourados de seu amor, de seu Lucas.
Foram pouco mais de duas semanas sem ele, tempo curto, mas infindável.
— Bom dia — sussurra seu amado em densa e sorrateira voz. Lucas beija sua boca com carinho e leveza. Um toque tão gentil e macio que por um segundo pensa que sonha. — Eu seria muito brega se dissesse que você fica linda enquanto dorme?
— Você é brega, Lucas. Mas por favor, seja. — Anja alça um braço sobre o ombro dele, acariciando seus cabelos negros sobre a nuca aperolada. Tê-lo consigo de infindável tempo é mais que um deleite, é uma nova experiência de vida. Como se voltasse a rever o mundo com a beleza que um dia tivera, uma vez mais. — Você não dormiu?
— Não. Preferi te observar. Senti sua falta.
— Eu também senti a sua. — Os olhos da garota percorrem a face do tão amado Lucas, amedrontada por um pensamento que precisa colocar em prática. A conversa que evitaram ontem, pois tinham a desculpa da saudade para sobrepujá-la. Hoje é outro dia, e não podem mais desvencilhar-se dela. — Precisamos conversar Lucas.
— Sei bem.
Ele acaricia seu rosto com a delicadeza de um anjo, mas seus olhos demonstram uma sorumbática emoção infernal.
— Imaginei, já que disse que podia me ouvir e me ver do Tártaro, mas ainda assim, precisamos conversar. — Anja enrola seus fios de cabelo na ponta do indicador e solta. — Mas talvez seja uma conversa fácil, certo? Quer dizer, você vai aceitar. Não vai?
