INTERLÚDIO: A PRIMA-GUERRA - VII PARTE

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Houveram estrondos que abalaram todo Gólgota. O Monte da Assembleia. Assim como a ponte Asbru e a Cidade de Prata.

Acima da montanha imponente, coberta pelos lírios, jasmins e violetas, o Heychal Muzhav ostentava-se intocado visto de longe, mas os estrépitos esbravejados do Palácio Dourado indicavam o digladio que ocorria.

De um lado; Yahweh, do outro; Samael.

Todas as divindades foram deixadas de lado, toda a realeza celestial posta em banco de espera enquanto as entidades cósmicas até então mais poderosas, se acabavam em golpes mundanos. Socos, chutes, puxões e empurrões.

A fúria de Deus contra a ira da Lúcifer. A majestade de Yahweh contra a imponência de Samael. Os dois titãs do início dos tempos.

Mas algo era inesperado. Por milhares de anos afrente, o poder do Altíssimo seria tratado como omnipotência. Poder capaz de fazer tudo que fosse de sua vontade, e apesar da Estrela do Amanhecer saber que omnipotência não era o adjetivo correto, era o que mais se aproximava da realidade. E mesmo com todo esse suposto poder, de alguma forma, a Estrela D'alva se via vencendo o embate.

Não era uma luta fácil, nem de perto. Muitos golpes recebidos, cada um mais feroz que o último, Deus era um guerreiro por natureza, afinal, era a união de todas as outras existências antes dele, existências que lutaram e se formaram em uma apenas. Luz, trevas, bem e mal e todas as outras dualidades que entraram em cruzada por eras antes mesmo da concepção de tempo existir.

Mas não era o combate impossível que a Estrela da Manhã aguardava.

Ambrósia: o líquido que corre por dentro do corpo dos celestiais. E que na facilitação de um termo, pode ser chamado de sangue; é dourado. Foi chamado de icor futuramente, em meio a mitologia grega, na adoração do panteão olimpiano. Líquido tão dourado quanto o mais brilhante e puro ouro líquido que possa existir. E o sangue de Samael e Deus banhavam o salão já dourado.

Era uma briga de golpes mundanos, mas vendo a chance da vitória, na primeira chance que conseguiu, Samael empunhou sua espada — Necrótromo — e emanando luz negra e fuligem, tal qual suas asas abertas, desferiu um golpe. O ímpeto da lâmina fez uma fissura a altura do bíceps de Yahweh e o líquido dourado jorrou.

O braço direito de Yahweh saltou da conexão e voou em velocidade pelo ar, rumo a parede lateral do palácio. Uma reação rápida veio por parte do Divino, mas com um rasgar novo, Lúcifer fatiou seu ombro, fazendo o outro membro girar rumo ao chão, rolando e derramando o ambrósia por todo o solo dourado.

Samael olhava confuso para seu pai. Ele iria mesmo conseguir assassinar o Criador? Era essa sua intenção? Nem de longe fora seu desejo a princípio. Fazê-lo pagar, de fato. Mas chegara tão longe, seria melhor acabar com o facínora perante ti?

— O que está havendo? — indagou Yahweh tentando se erguer, com o corpo tomando pelo líquido dourado e pelos hematomas mortais dos golpes anteriores de seu filho. Seu corpo, como o corpo de qualquer celeste, já deveria estar iniciando uma regeneração rápida, mas o nível de retorno de tal habilidade era baixíssimo. — Eu fiz tudo como ela me disse...

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora