CINQUENTA E QUATRO: SURPRESA

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RAFAELA

Rafaela sai do banheiro, enquanto a noite ocupa o espaço lá fora e os cantos obscuros de sombras dentro do quarto. Ela deixa o pequeno secador azul de Angelina sobre a escrivaninha frente a janela. Ajeitando os cachos de seus cabelos escuros que escorrem em caracóis bem formados sobre os ombros.

— Essa escola tem um clima diferente quando não se tem ninguém aqui. É um pouco assustador, na verdade.

— Concordo — diz Angelina com um sorriso, deitada em sua cama e folheando um livro qualquer.

— Que livro é esse?

Estudo da Evolução da Linguagem ante a Cultura do Submundo. — Ela narra o nome na capa. — Escrito pelo Lucas. Parece que a cultura evolui ainda mais rapidamente no Inferno, em alguns termos. A linguagem muda a cada doze horas terrestres, o que dá alguns milhares de anos lá.

— Isso sim é assustador — diz Rafaela em um sorriso. — É tão estranho saber de tudo isso. Em um dia o Lucas era um garoto qualquer, e no outro ele é tipo, o Senhor Fodão do Inferno. Mas faz sentido, de alguma forma. Combina com ele.

— Como se sente sendo uma ateia até pouco tempo?

— Normal.

— Sério?

— Claro. Eu odeio todas as características do cristianismo, assim como quase toda as outras religiões, então é bom saber que tudo que essa gente acredita é uma mentira. Bem, quase tudo. Eu não estava certa, nem eles. Posso viver com um empate.

— Por que você odeia tanto religião em geral? Quer dizer, tantas pessoas já foram ajudadas ao longo da história graças as diferentes religiões.

— E para cada uma das salvas, dez foram destruídas. — Rafaela senta-se na cama debaixo do beliche. Do outro lado do quarto, e apanha um recipiente qualquer com um creme para pele. — "Guerras religiosas são, basicamente, pessoas se matando para decidirem quem tem o melhor amigo imaginário", Napoleão disse isso. E todas as pessoas guerreiam por religião. E não interessa se estão certas ou erradas, ferirem os demais, ou afirmarem que sua verdade é a única é o que me deixa puta com religião. Por isso amo a ciência, só existe afirmações até alguém encontrar um erro, outro contesta e as hipóteses são lançadas até que a maioria concorde com as teorias e ideias propostas. Mas um dia alguém se levantará contra elas, e tudo estará bem. "A ciência descobriu que a coisa mais próxima da certeza, é a dúvida", uma sábia disse isso.

— Sério, quem?

— Eu, agora mesmo. — Rafaela sorri enquanto desliza o creme sobre seus braços.

— Tem alguma religião que você não detesta completamente?

— Budismo — responde rapidamente. — Acho os dogmas bem interessantes, mas não o suficiente para participar. Algumas características do judaísmo e do islamismo também são interessantes. Mas; ou são tão bitoladas quanto os cristãos; ou são um bando de misóginos de merda, então eu fico distante.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora