INTERLÚDIO: O FODIDO MUNDO DE SABRINA - I PARTE

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SABRINA


SÁBADO – SAÍDA DO COLÉGIO SÃO LUCAS LEÃO.

Sabrina se despediu de Angelina, Júlia e Rafa, abrindo a porta do carro. Seu padrasto ofereceu um sorriso contido através do retrovisor. Gesto que ela respondeu erguendo o dedo do meio. O homem guinchou um palavrão e pôs o veículo em movimento.

— Onde está o motorista? — Sabrina quebrou o silêncio. Não suportava estar presa em um espaço confinado com ele. Era a última pessoa que queria ter que ficar presa no mundo. Na verdade, a penúltima, lado a lado com sua mãe e só atrás de seu irmão.

— Está com sua mãe. Estão andando o dia todo fazendo os últimos preparos da nossa festa de renovação de votos de 10 anos — disse em um tom quase feliz. Sabrina sabia que não deveria ter feito contato vocal, não queria dar margem para que ele pensasse que eram minimamente próximos. Como o universo, a distância entre eles só expande. — A doação serviu para lhe colocar no mesmo quarto que sua amiga?

— Sim. Obrigada — disse em um tom sarcástico que seu padrasto ignorou. O que a deixou furiosa.

— E então... — O homem fez uma pausa, voltando a fitá-la pelo espelho retrovisor, frente a um semáforo vermelho orbitando acima deles. — Como foi a primeira semana?

— Ótima, fodi com um garoto lindo no primeiro dia. Devia ter visto o pau dele, era incrível — vociferou. Não gostava de falar com ele, mas se pudesse ofendê-lo a cada segundo, valeria apena.

— Sabrina...

— O que?! Vai fazer o que? Dar um presente pra ele, como fez pra porra do seu filho?!

— Sabrina, não vamos entrar nesse assunto.

— Que assunto?! Ah, o velho assunto do seu filho ter me estuprado e como recompensa, você o mandou para um colégio na França?! — Sua voz estridiu e rebateu nas paredes do carro. Uma veia saltava em sua pele bronzeada que assumia uma tonalidade rubra. Com seu pai ou sua mãe, ela perdia sempre as estribeiras com facilidade. E não era para menos, seu corpo ainda sentia as más vibrações que vinha com as lembranças.

Feliz foi o dia em que resolveu ir para o colégio São Lucas Leão e se livrar de seus, nada queridos, pais. Um dia sem discussão era como um ano inteiro curtindo a praia.

— Já falamos sobre isso... Vocês eram pequenos, ele sabe que errou, Sabrina.

— Ele errou e o que você fez? Eu fui a porra do depósito de esperma dele e o que você fez por mim, Thiago?! — Seu nariz ardeu com as lágrimas que vieram aos olhos. Não conseguia ficar um segundo na presença de seu padrasto sem querer confrontá-lo. Sempre furiosa e sempre querendo chorar, gritar.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora