VINTE: ANTES DA TORMENTA

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Ao pé das vinhas e das trepadeiras, Angelina teme se despedir de Lucas e algo acontecer. A magia acabar. De mãos dadas os dois se fitam, olhando nas profundezas dos olhos uns dos outros. A madrugada já estava prestes ao fim enquanto davam as mãos.

— Eu preciso ir — diz Anja, quase que para si mesma. Tentando se convencer a deixá-lo.

— Eu sei... — Suas mãos se desprendem da dele. Angelina dispõe de um sorriso triste, ao ver nos olhos de Lucas que ele tem os mesmos pensamentos que os seus. Como se a mera separação de metros entre eles fosse lhes causar a mais horripilante solidão.

— Tem certeza do que disse? Sobre o Dayan? — questionou a menina.

— Sobre ir à festa com ele? — retrucou Lucas e Angelina assentiu. — Claro. Eu já disse, não sinto ciúmes do que sei que é meu. Se esqueceu que disse que era minha, e que sou seu? Agora será assim pela eternidade.

— Pela eternidade? — Um sorriso ambicioso correu os lábios de Angelina que tentou contê-lo ao morder o lábio inferior. Eternidade era uma palavra forte. Infindável. — Um babaca ou um romântico? Qual deles você realmente é, Lucas?

— Um babaca romântico. — O garoto deu de ombros. Angelina sorriu e se agarrou nas vinhas para escalar até seu quarto e ouviu as palavras de Lucas. — Tchau, tchau, meu amor.

Angelina congelou ali mesmo. Ele disse com tanta simplicidade, ainda assim, a tenra escuridão que toma essa hora pouco antes do amanhecer, mais parecia um brilho ensolarado e infinito. Declamado palavras douradas na mente de Anja, formando as de Lucas. Amor.

— Tchau — disse ela tentando subir, mas foi impedida pelo moreno. A mão de Lucas segurou-a na altura do cotovelo e a puxou para baixo, A tirando com facilidade do princípio de escalada e tragando-a para dentro de seus braços.

— Tchau, meu amor. Repete. — Ele sorriu e Angelina riu com ele.

— Estou há tanto tempo sem te beijar, não sei se ainda te amo — brincou ela cruzando seus braços sobre os ombros de Lucas.

— Ah, podemos resolver em um segundo.

— É?

Disse em uma voz manhosa que ela mesma nem sabia que tinha, levantando na ponta dos pés e aquecendo seu peito nas batidas rápidas que aconteciam na eminência do toque de ambos.

Angelina adora o momento pouco antes de beijá-lo. Como suas respirações quentes se entrelaçavam e criam uma doce brisa morna. Adora o momento do toque de seus lábios, e o momento em seguida, quando suas línguas se acariciavam.

Tudo é perfeito.

Estar com Lucas era leve, era lindo, era calmo. Tanto quanto era denso, horripilante, turbulento. Tudo isso em uma mescla contínua e perfeita.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora