UM: INFERNO NA TERRA

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Ω

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— Inferno...

Praguejou Angelina em um sussurro, enquanto ainda estava de frente para os ciclópicos muros acinzentados, que ostentavam as passagens abissais de sua nova vida escolar. Os portões de cor viridiano da escola católica São Lucas Leão.

A garota pode contar nos dedos das mãos as coisas que realmente odeia, e vai colocar o calor do Rio de Janeiro dentre eles. A gota de suor que correu logo ao lado de sua sobrancelha esquerda, ela vai colocar na mesma lista de ódio, logo ao lado de sua maldita escola que só tinha turmas até o primeiro ano. O que obrigou os segundanistas a terem que procurar outra escola. Não que já não procurasse outra, mas esse não era o momento.

— Anja!

Ah, graças a Deus! Comemorou ela, quase saltitando quando enfim escutou a doce voz de sua amiga, fazendo o peso sobre seus ombros serem lançados ao espaço.

Os tênis All Star verdes de Sabrina chicotearam o chão em passos rápidos e chegaram a si. Abrindo os braços e entrelaçando seu pescoço, um abraço corajoso, uma vez que qualquer calor extra, poderia derreter ambas debaixo do incansável sol carioca.

— Finalmente! — disse Sabrina tomando um passo de distância e encarando os gigantes e antigos portões de aço adornados com pombas em alto relevo. — Achei que as férias nunca iriam ter fim — continuou a amiga ajeitando os cabelos loiros atrás da orelha.

— E aí, o que acha? — indagou a garota apontando aos diferentes grupos amontoados em volta dos muros e do outro lado da rua, os grupinhos antigos e os novatos que se acomodam em cantos solos, e tentam não parecerem tão assustados. — Não vejo nenhum rosto familiar. — Analisou Angelina.

— Somos parte de um seleto grupo da nossa escola que mora nessa área e mesmo assim, acho que o último lugar que gostariam de pisar, é um colégio Católico. — Sabrina deu de ombros. — Nem eu queria estar aqui, agradeça a meus pais, por seus desejos e os deles serem tão compatíveis.

— Eu precisava de uma Sancho Pança para encarar esse lugar.

— Ok, Don Quixote. Espero que aquele um ano estudando e as quinze fodendo horas de provas naquele final de semana tenha valido a pena. Se eu não sair o próximo Schopenhauer das ciências daqui, terá sido tudo em vão — disse girando a mochila das costas para a frente e buscando algo nos bolsos. Seu tom dramático fez sua amiga rir.

— Acho que quis dizer Oppenheimer, Schopenhauer era filósofo.

— O que?! Nem entrei nesse lugar e já estou fodida! — Estridiu sacando uma bala qualquer de um dos bolsos e jogando na boca, em meio sua risada. Obvio que era uma piada, Sabrina deve ter decorado o nome, nunca se lembraria do nome de Schopenhauer dito pelo professor de filosofia durante suas intermináveis palestras.

Não lembraria por depois de uma aula de filosofia em sua antiga escola, só falava do quão lindo era o homem.

— Acho que vai precisar controlar as palavras que saem da sua boca, também.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora