LÚCIFER
O som metálico da cela ecoa pelos corredores escuros da Masmorra Gorética. A prisão onde são jogados os demônios que contravém as leis de Sheol. Não são muitos, uma vez que não existem muitas leis, toda via, aqueles que entram aqui, nunca mais desejam retornar.
Cada cela possui um tipo de punição para o tipo de contravenção cometida. As salas potencializam os desejos dos demônios, enquanto são proibidos de todas as formas possíveis a satisfazer seja lá qual for o desejo. O que para criaturas que estão a todo tempo se satisfazendo a todo momento, é a pior das torturas, exceto por ser jogado no Tártaro.
E em uma delas reside Azrael, ou Sariel para aqueles que o conheceram em suas eras angelicais. Para Azrael, qualquer sala serve, já que sua sede é apenas a servidão a seu Rei, e a distância e obstrução disso pode ser feita em qualquer lugar.
Outros demônios também se encontram ali, mas por hora o único a ser visto é Azrael que abre seus olhos rumo a Lúcifer que o olha pelo lado de fora das grades da cela.
— Meu mestre... — murmura Azrael, aprisionado nas poderosas correntes de ébano infernal, combinado ao poder da prisão de diminuir o poder de qualquer um que seja julgado e condenado a cela pelo tribunal demoníaco. A prisão perfeita.
O ébano infernal tem propriedades únicas, fora criado por magia arcana pelos maiores magos infernais desde o início das eras. Mesmo para Lúcifer, quando precisou regenerar os membros de Sabrina, quando fora desmembrada por Belfegor e Azazel, necessitou de muito poder seu próprio para estancar as feridas e realocar os membros ao local de origem. Além de regenerar as células para se unirem uma vez mais. Mas isso ela não precisava saber.
— Ele ainda não disse quase nada até hoje — diz Sabrina ao lado do mesmo. — Essas são suas primeiras palavras desde que disse: "Só falo com o Nkosi."
— Abram a sela — ordena Lúcifer a dupla de demônios que carrega a chave. E prontamente se colocam na função. Sem pestanejar ou questionar, diferente de Sabrina.
— Tem certeza?
— O que ele poderia fazer de pior? Além disso, quero escutar o porquê de ele fazer o que fez. Se a pior tortura para ele é não me servir, então por que me trairia?
— E não traí — argumenta Azrael quando seus grilhões são soltos e seu corpo finalmente repousa no chão. Os espetos metálicos soltam de seus pulsos enquanto se acolhe a junto da parede. A dupla de demônios carcereiros se vão e deixam apenas os três ali. — Mas não tive escolha, meu senhor. Não tive escolha se não entregar-lhes o poder da Chave e do Cadeado.
Há um pequeno preenchido por um olhar entre Lúcifer e Sabrina.
— O que houve exatamente, Azrael?
— Quando finalmente saí do Tártaro, eles sentiram e me aprisionaram. Pois já esperavam por isso. Asmodeus, Belfegor e Azazel me obrigaram a dividir o poder entre eles, já que sozinhos não conseguiriam conter a energia. Uma vez que nenhum deles é descendente da divindade suprema.
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Caídos (duologia Trono de Fogo)
RomanceMistérios, sussurros do além e pesadelos rondam o colégio São Lucas Leão no centro carioca. Um ponto onde a realidade física e espiritual se convergem e revela mundos diferentes, realidades e criaturas ancestrais; anjos, demônios, vampiros, lobisome...