Ω
Angelina
Angelina recuou, sentindo a intensidade nas palavras de Lucas quando ele disse que ela estava morta para ele. Não era o que ele sentia, ela sabia, mas também sabia, olhando em seus olhos, ela pode perceber que era seu maior desejo e que de fato. Que Anja se tornasse tão infinitesimal em seu coração, que nem notasse que ela estava ali.
Angelina não compreendia.
Lucas a magoou tanto, fez arder nela emoções que nunca sentira antes, usou isso para seus desejos egoístas. E mesmo assim parecia tão magoado. Por que ela sentia certa culpa?
— Você me usou, Lucas, não tem o direito de-...
— Eu tenho todo o direito! — interrompeu ele como se soubesse como a frase acabaria. Seu grito ecoou pelas colunas laterais da catedral e ela quase teve certeza de que os bancos fortes e largos de madeira rangeram ao retumbar da voz potente e rouca de do garoto. — Você continua a me acusar, continua a indiretamente me chamar de mentiroso, me chamou por aquele nome... — Os olhos do garoto se encheram de lágrimas. Estava ferido, Angelina podia ver.
Ele obviamente estava usando tudo que podia para manter sua faixada de intocável, mas a verdade é que Anja conseguia ver com claridade a forma que ele estava derrubado. E novamente o sentido de culpa a atingiu.
Será que eu entendi errado? Será que foi tudo um engano? Como poderia ser?
Pensou querendo se aproximar. Querendo envolver Lucas em seus braços e apenas escutá-lo, mas ao mesmo tempo, ainda estava ferida pelo que ele disse. Sendo uma confusão, um engano que ele cometeu ou não, Lucas a magoou.
— Você diz que me perdoa — disse ele acalmando sua voz. — Mas eu não te perdoo, Angelina.
— Pare de me chamar assim... — A voz de Angelina quase sussurrou as palavras. Sempre odiou que a chamassem de Micaela, mas odiava ainda mais quando Lucas não o fazia.
— Eu não vou mais tentar, então esqueça — disse ele se virando e sentando-se no longo banco almofadado frente ao piano. — Escolha o Dayan.
— Como?
— Vi vocês dois pelos cantos do colégio. Faça isso, vá em frente com esses sentimentos, seja lá quais forem. Escolha-o, fique com ele, vai tornar as coisas mais fáceis para nós dois. — Lucas começou a acerta as teclas em uma melodia triste e lenta. Um dedilha soturno sobre as teclas. — Eu ia te usar... — disse ele em um tom melancólico, após alguns segundos em silêncio. — O plano do Diabo. Mas acho que meu irmão estava certo... Eu sou um fraco. Mas não mais. Eu vou me erguer ao nível que mereço e nem você nem ninguém vai me tirar isso. E que se foda você e o resto do mundo inteiro, quero que queimem nas chamas do inferno.
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Caídos (duologia Trono de Fogo)
RomansaMistérios, sussurros do além e pesadelos rondam o colégio São Lucas Leão no centro carioca. Um ponto onde a realidade física e espiritual se convergem e revela mundos diferentes, realidades e criaturas ancestrais; anjos, demônios, vampiros, lobisome...