SESSENTA E SETE: TRAIÇÃO E ÓDIO

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ANA JÚLIA

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ANA JÚLIA

Os passos curtos e trêmulos de Júlia andam o calçamento brilhante de marfim que se estende além do portão inicial de Eleum Loyce.

Depois dos grandes portões negros por fora da muralha de gelo que circunda todo o reino de Musa, se coloca um pátio coberto, sustento por pilares que se erguem acima dos quarenta metros e circundam além dos dez.

E só depois do pátio vem o chão por qual passa a garota, descoberto, debaixo da neve que agora cai mais leve.

Aqui faz menos frio que do lado de fora, no Polo Norte, pensa Júlia procurando se acalentar no pensamento de que está melhor agora, que há alguns minutos atrás.

A temperatura de certo ainda está abaixo de zero. E o vento cortante unindo-se a neve densa não ajuda em nada na sensação térmica. É um belo, porém longo e glacial caminho do pátio inicial até o castelo de Musa. Uma linha reta de mármore branco, com flores congeladas — ou já feitas de gelo (?) — ornamentado os caminhos; assim como arbustos e árvores pequenas ao longo.

Do lado de fora das muralhas, já se era possível confirmar as palavras que Daniel outrora dissera a respeito do império inteiro ser dentro do palácio da Imperatriz Congelada. De fato, todo o castelo é construído em volta e dentro de uma montanha.

Nele vivem as bruxas advindas do poder de Lilith. Aos montantes, às milhares.

Por fim os grandes portões abertos do castelo, e por ele a ida e vinda de bruxas de todas as aparências. Algumas baixinhas, outras extremamente altas, magricelas e gorduchas, loiras, ruivas, morenas e mais. Tantas cores de cabelos certamente tingidos, do que se pode contar no arco-íris que contorna o topo de gelo da torre mais alta, no pico da montanha.

Uma aurora polar, não arco-íris, deduz Júlia enquanto vê as lâminas de cor dançando no céu, sob o brilho amarelo do Sol pálido atrás dos ventos e das nuvens densas e brancas que cobrem o ar. A partição de sua dimensão é dentro da dimensão terrena, apenas não pode ser vista ou tocada por quem não lhe é permitido ou não sabe entrar.

— É um ciclo-íris — diz Aggie, como se adivinhando seus pensamentos. A peculiar e esquálida bruxa de pele acinzentada demonstra uma linha levemente curva nos lábios. Júlia corre a bela imagem colorida. De face completamente para cima. — Só existem dois iguais em toda a existência.

Continua a dizer Aggie. A garota é do tipo mais estranho, mas tem certa doçura na voz. Contudo, Júlia sente um tipo de arrepio na espinha enquanto fala com ela. Devido ao clima, diz para si mesma. Aggie não é uma garota bonita, mas tem algum tipo de ar heráldico que a circunda.

Seus dentes frontais são mais avantajados, formando uma saliência protuberante — ainda que de leve — sob os lábios superiores. Sua pele é colada aos ossos, tão magra que se é possível ver o contorno dos ossos na pele fina e cadavérica. Olhos profundos e mortificados, dentes amarelos; pequenos e quase afiados demais para se parecer com dentes humanos. Seu pescoço é longo, como os dedos.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora