PRÓLOGO

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ADDO MIHI BEATITAS (TRAGA-ME A FELICIDADE).


Os trovões ainda abalavam a Cidade de Prata — ou Cidade de Yeriot — enquanto os potentes golpes se chocavam nas rijas construções da cidade das cidades, dor lar dos lares. A casa dos divinos.

As imperturbáveis tropas do fescenino Lúcifer que bravejavam contra o número duas vezes maior dos ordenados do fulgurar divino. Guiados pelos poderosos arcanjos e suas espadas em chamas douradas, fragmento incontestável do poder do Pai; Yahweh.

Gabriel o Emissário, Natanael o Protetor e Daniel o Planejador em frente de batalha contra as tropas traidoras, gritavam e urravam enquanto suas asas de pura luz emanada da vontade de seus corações, cintilavam no primeiro círculo do céu. Acima da cidade prateada.

Do outro lado das tropas, o Arcanjo Sariel — ou Azrael, como preferir — o Justiceiro, ordenando as tropas luciferianas ao mais impiedoso dos ataques, vociferando ao lado de Mephistófeles o Facínora e dono do medo ancestral das trevas, Satã o Opositor. Sendo esses dois, as últimas criaturas criadas das trevas que cresciam dentro da Estrela D'Alva, Lúcifer. Era proibido aos anjos que se matassem, então seus golpes só tentariam nocautear ou cansar seus oponentes até se renderem, mas por outro lado os três arcanjos ao lado de Yahweh brandiam espadas imbuídas com a vontade divina de punição, detentoras do poder da mais magnífica arma já criada, forjada pelo Pai e nomeada de Flamífera. Que separada em quatro espadas diferentes, foram nomeadas de Subjugadoras.

E com isso, os arcanjos poderiam dizimar a existência de seus irmãos.

Ainda assim o evitavam fazer ao máximo, matar seus iguais era o último desejo de cada um deles, pois sabiam. Todos sabiam que se matassem o líder deles, suas forças cairiam, mas onde estaria O Traidor, Serpente Traiçoeira, onde fora O Filho da Luz?

Onde estaria também, aquele que fora escolhido como o detentor da mais poderosa das Subjugadoras, Miguel o Portador do Poder?

Através do mar de anjos, além da Cidade de Prata, passando pela ponte de Asbru no sexto céu e chegando ao sétimo céu, Gólgota o Monte da Assembleia. Onde o único que é santo, onde Ele reina e repousa, no Palácio Dourado ostentado no topo da montanha, a batalha das batalhas acontece. Lilith a até então protegida de Lúcifer, Miguel e o próprio Deus se reúnem para a Prima-Guerra.

Miguel espanejava com a Subjugadora, brandindo também o poder do Todo Poderoso, tomado por força que jamais nenhum além Dele já possuiu.

Do outro lado, a Estrela D'Alva esgrimia sua própria espada, forjada também de suas trevas, a prova viva de seu desejo por vingança e poder: Necrotromos, assim a chamou, e ele também possuía o poder do Pai, mas não a luz que Miguel recebia e sim, todas as trevas que Deus um dia abandonou para se tornar puro e santo.

Cada balançar da lâmina fazia o palácio dos palácios sacudir, todos os oito céus estavam em eminência cataclísmica pelo poder exibido. Os arcanjos do lado de fora abandonaram o campo de batalha, ao menos alguns deles, pois sabiam que Lúcifer era o mais perigoso, aquele que precisava ser parado a qualquer custo.

Daniel e Natanael abandonaram o campo de luta, deixando Gabriel na linha de frente, este que insistiu em ainda tentar mudar a cabeça daqueles que seguiam Lúcifer. E ninguém melhor que O Emissário, para tal.

De volta ao Palácio Dourado, o Primeiro Anjo sabia que não poderia vencer o anjo que possui o poder da luz divina, mesmo com todas as suas trevas. Teve ainda mais certeza com a chegada de mais dois arcanjos e tendo a traidora Lilith frente a si, ficando ao lado de Miguel.

Ele alçou voo para fora do palácio. Em seu encalço, os arcanjos. Miguel sabia do plano de seu irmão e de forma alguma poderia deixar que abrisse a boca frente aos anjos que digladiam sobre a Cidade de Prata. E Lúcifer, eloquente como é, sabe que pode convencê-los, iluminar suas mentes e lhes contar a mais pura das verdades, dominando assim seus corações de uma vez por todas, pois, mesmo que digam que ele é a Serpente Traiçoeira, o Enganador, Lúcifer também é conhecido pela alcunha de O Verdadeiro, Aquele que Nunca Mente, Emissário da Verdade, alcunha manchada e que ele pretendia recuperar. E só precisava de dez segundos humanos para isso.

Lúcifer passou por suas tropas e ordenou que os seguissem, fugiram todos para Hades, o oitavo céu. Ele já tinha um plano e só precisava que seus amados seguidores lhe conseguissem tempo para colocá-lo em prática.

Miguel ordenou que as demais tropas fossem com ele, todos para impedir Lúcifer de abrir a boca. A batalha se iniciou novamente, agora em Hades, mas Miguel sabia que não poderia impedir Lúcifer de falar e a única opção fez-se realidade. Expondo toda sua glória, todo seu poder, Miguel estava disposto a expurgar o anjo traidor das terras divinas de uma vez para todas, o silenciando em suas próprias trevas, um desafio que o Primeiro dos Anjos não poderia recusar.

O Portador da Luz elevou seu espírito e proferiu as palavras que marcaram sua existência através dos tempos, palavras que desfariam e desmantelariam, tornando seu real significado obscuro e tão malévolo quanto sua existência, Lúcifer vociferou:

— Subirei além dos oito céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de meu Pai; eu me assentarei no Monte da Assembleia, no ponto mais elevado do monte santo, acima do Palácio Dourado. Subirei mais alto que as mais altas nuvens do primeiro céu; serei como o Altíssimo... — Urrou em voz draconiana. Rugido escutado por todos os anjos.

A guerra sessou. Todos parados para observar a magnificência dos dois mais poderosos arcanjos, erguendo seu poder além de um nível que os anjos e os querubins, nem os serafins nem os tronos, ou elohins, nem nenhuma outra casta da ordem angelical nunca viu antes e nunca veria novamente. — Não. Estarei acima do Pai! — vociferou Lúcifer. — Governarei os céus e a terra como ele não pôde; onde Ele falhou, Eu prosperarei. O que Ele se negou a ver com toda sua pureza, Eu e minhas trevas infinitas poderão de fato, iluminar.

O tremendo poder exalado pelos dois arcanjos ocupou todos os corações.

Miguel e sua armadura prateada, Miguel e suas asas douradas, Miguel e todo o poder divino.

Lúcifer e sua sobrepeliz negra, Lúcifer e suas asas prateadas e negras, Lúcifer e todas suas trevas, toda sua luz.

E então o fim. O fim que traz o início, o presságio do amanhã, o alvorecer de uma nova era. O início, o início que traz o fim, o presságio do regresso, o crepúsculo dos tempos passados.



NOTAS DA ROCKS:

Planejo colocar essa história que tenho em mente em palavras há muito, muito tempo. Mas apenas agora me considero capaz de escrevê-la. Acabei de estudar os temas que achei necessários.

Logo mais farei um capítulo de avisos, sinopse e explicação para deixar toda minha ideia exposta e bem explícita. Essa história será bem delineada em moldes voláteis e mal entendidos vão ocorrer, mas pretendo miná-los desde já.

Espero que gostem.

Beijos da Rocks.

Caídos (duologia Trono de Fogo)Onde histórias criam vida. Descubra agora