Capítulo 113

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Os primeiros raios da manhã banham o quarto adentrando pela janela por causa das cortinas que esqueceram de fechar na noite passada.
Otto desperta, ainda sonolento consegue sentir o peso de Luísa em seu peito, apertando ainda mais ela em seus braços ele sorrir quando a escuta ronronar em resposta. Ele abre os olhos lentamente por conta da claridade, e os percorre por todo o quarto, percebendo com clareza detalhes que haviam lhe escapado na noite passada. "A noite passada" só de lembrar ele já sentia seu corpo inteiro reagindo.
Intensidade, paixão, desejo, entrega; esses elementos são uma mistura poderosa quando acrescentados a luxúria. E a prova disso estava em suas lembranças.
Luísa se meche em seus braços e solta mais um ronronar, ali Otto já sabia que ela estava prestes a despertar.

—Bom dia, meu amor. -diz acariciando o rosto da esposa
—Bom dia. -responde sonolenta
—Sabe... -faz uma pausa —Nunca imaginei que o quarto da séria e fria Luísa D'Avilla era tão... de menina. -diz provocando-a

Realmente o quarto tinha um toque menininha, além da cama branca com dorcel, tinha um papel de parede rosa acizentado com florzinhas brancas quase imperceptíveis, uma penteadeira branca com espelho oval bem abaixo da janela dava ainda mais charme ao quarto.

—Nunca me importei de mudar nada. -a voz dela estava baixa —Alice e eu passávamos a maior parte do tempo aqui fazendo tudo que irmãs fazem, conversávamos sobre tudo e sempre o meu quarto era o escolhido por que eu quase nunca saia daqui, preferia pintar em silêncio, então era ela quem sempre vinha me encontrar. Quando ela viajou as lembranças que o quarto me trazia dela sempre me adiou a fazer qualquer tipo de mudança e quando meus pais faleceram eu procurava passar mais tempo no escritório por que ainda podia sentir a presença deles no cômodo e assim me sentir menos sozinha. -confessa

Otto não diz nada, não consegue. Era muita coisa para digerir. Então ele apenas a abraça apertado junto ao seu peito, beijando o topo de sua cabeça e sentindo o cheiro gostoso de seus cabelos.

—Mas ... -ela volta a falar de
repente —Não consigo sentir mais nenhuma dessas lembranças doloridas, não as sinto desde que Poliana apareceu na minha vida, desde que, de fato eu permiti que ela entrasse em meu coração. E agora ... -faz uma pausa levantando o rosto para seu olhar encontrar o dele —tenho você e tudo o que você me deu, amor, nossos filhos, nossa família.  -ele acaricia o rosto dela com a ponta dos dedos.
—Foi você quem me ensinou a amar novamente, Luísa. Você e Poliana, agora temos amor de sobra. Amo você desde que ... -ele pausa levantando a sobrancelha a
encarando —Na verdade acho que te amo desde que você reapareceu na minha vida, tão mandona e autoritária, aquela não era a Luísa da adolescência, a calada que só sabia de pintar, não mesmo. Ali na minha frente estava uma mulher forte, guerreira, decidida, e foi ali que me encantei. Por você... Por vocês -ele se corrigi —sou capaz de lutar contra o mundo.

Luísa sorrir, seus olhos enchendo de lágrimas, tinha certeza que ele faria isso se preciso fosse. Agradeceu mentalmente a irmã por tê-la lhe mandado a Poliana e com isso lhe dado um novo destino. O de ser feliz. E ela estava sendo, tinha um homem que a amava, que estava sempre ao seu lado. Seus filhos eram seu bem mais valioso.

—Sei que sim, e te amo por isso. -ela responde
—Só por isso? -faz uma cara de magoado —Não porque sou o homem da sua vida, a razão do seu viver, o ar que você respira, a lua da sua noite, o peixe perfeito do seu oceano ? -ele pontuava cada frase a puxando e a beijando, fazendo de tudo para descontrair o momento que havia ficado tão pesado se comparado a noite passada.
—Eu também acrescentaria... -sorrindo, Luísa põe a mão no queixo como se estivesse pensando —O mais convencido que apareceu na minha vida.
—Gostei ! -ele rebate e Luísa solta uma gargalhada

Minutos depois eles descem para tomar café da manhã. A mesa já estava posta com pães, frutas, sucos, chá, café; um verdadeiro banquete.
Luísa sentou à cabeceira da mesa como nos velhos tempos, estava tão incrustado em sua lembrança que ela nem notou ao fazer. Otto sentou a sua direita, sua visão da porta do escritório entre aberta fazia sua mente trabalhar pecaminosamente. Um sorriso malicioso desenhado em seus lábios desperta a curiosidade de Luísa

Orgulho e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora