Capítulo 41

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Naquela noite Luísa não consegue dormir de jeito nenhum, a imagem de Otto caído com o rosto machucado insistia permanecer em sua mente. Tudo o que queria era que aquela noite terminasse logo, e pudesse ir tomar satisfações com o Marcelo. Sabendo que não pregaria mas o olho, ela se levanta, arruma o cobertor em Poliana, beija a testa da menina e vai até a sala. Resolvendo assistir um filme já que dormir não era mais opção.
Ao se aproximar o som baixo da tevê ligada chama sua atenção, Luísa entra na sala e vê que Otto resolveu ter a mesma ideia que ela, se aproxima lentamente do sofá, o observando por alguns instantes, pôde perceber que o inchaço era bem nítido em seu rosto, assim como alguns cortes e vermelhidão ao redor. Um nó se forma em sua garganta, levando a mão até o pescoço Luísa faz uma tentativa falha de diminuir a sensação.

Nesse momento Otto sente o aroma doce do perfume de Luísa, fechando os olhos ele exala o cheiro que nunca irá esquecer. Suavemente vira a cabeça e encontra aqueles olhos verdes que a muito faz seu coração disparar. Mas ali eles vislumbravam preocupação e tristeza, sem dizer uma palavra Otto se ajeita no sofá abrindo espaço ao seu lado, estendendo a mão ele faz um convite silencioso a Luísa, que aceita de bom grado, ela deita, se aconchegando em seu peito, Otto a envolve com os braços à trazendo para ainda mais perto.

—Desculpa. -Luísa sussurra, afundando o rosto no pescoço dele

—Já falei que não foi sua culpa.  -repreende suavemente e continua. —Na verdade acho que nem foi totalmente culpa do Marcelo. -surpresa com a última frase, Luísa levanta o rosto para
encara-lo —Eu o provoquei, relembrei o hematoma que fez em seu braço e ele se descontrolou.  -explica

—Você não devia ter feito isso, Otto. Ele não gosta de relembrar esse incidente, eu já tinha lhe perdoado e passado uma borracha em cima. -fala triste

—Sei disso, Luísa. Mas desde o incidente que me seguro, não o confrontei porque você havia pedido. Só que ontem, não consegui me conter. -desviando o olhar do de Luísa ele encara a tevê mesmo não prestando atenção no que passava.

Olha-la naquele momento e entrar naquele assunto o fez relembrar o acontecido de meses atrás, da raiva que sentiu ao ver Luísa chegando em casa com um hematoma roxo no braço e na impotência de não poder fazer nada à pedido dela.

—Tudo bem! Mesmo assim, nada justifica ele ter te agredido dessa forma. Amanhã vou conversar com ele.

—Cuidado, Luísa! O Marcelo parece outra pessoa quando fica furioso. -nesse momento Otto percebe que Luísa se encolhe em seu abraço e a aperta ainda mais em seus braços. 

Otto a observa, adormecida em seus braços, as pernas entrelaçadas as deles, ela dormia tranquilamente, a última coisa que queria era Luísa enfrentando Marcelo sozinha, mas não tinha escolha, sabia o quanto ela era teimosa e não aceitaria deixar esse assunto de lado.

Os primeiros raios de sol entram pela janela sinalizando que seu tempo juntos estava chegando ao fim. A qualquer momento Poliana iria despertar e não podia vê-los ali, ele sabia que a menina estava desconfiada, havia reparado na forma que ela os olhava nos últimos dias. Poliana era perspicaz. Um sorriso orgulhoso aparece em seu rosto ao se dar conta do quanto a filha também se parecia com ele.
Luísa se mexe em seus braços se aconchegando ainda mais nele, acariciando seus cabelos, ele deposita um beijo carinhoso em sua testa e suavemente chama seu nome.

—Luísa... Luísa, meu amor. Hora de acordar! -sussurra no ouvido dela

—Oi! -esfregando os olhos, ela desperta suavemente

—Oi, meu anjo! Chegou a hora de nos despedirmos. A noite se foi e com ela levou nosso tempo juntos. -sussurra acariciando o rosto de Luísa delicadamente

Ao mesmo tempo que se perguntava quando isso terminaria, ele pedia para que nunca chegasse ao fim. Queria tê-la sempre com ele, não só durante a noite; mas quando viu que isso não aconteceria, que Luísa já havia feito sua escolha, tudo que ele desejava era que o tempo passasse cada vez mais devagar.
Luísa se senta e o encara, seus olhos uma mistura de amor e dor, ela sorri para ele mas seu sorriso não alcança seus olhos.
A despedida também era sua tortura.

—Muito obrigada pela noite! -sussurra e deposita um beijo rápido e delicado nos lábios de Otto.

—O prazer foi todo meu. -lhe oferecendo um sorriso lindo, Otto se despede e Luísa segue para o quarto.

O barulho de porta se fechando faz Luísa paralisar no meio do corredor, ela olha em todas as direções mas não vê ninguém, até que uma das portas se abre e Sara sai do cômodo. Ela pede mentalmente que Poliana ainda esteja dormindo. Ao chegar no quarto a menina está debaixo dos lençóis e Luísa fica aliviada e segue para o banheiro.

Ao ouvir o barulho do chuveiro Poliana arranca as cobertas num único puxam. Sentando na cama, seu coração batia descompassado, a adrenalina dominava todo seu corpo. Por muito pouco não foi pega pela tia enquanto observava ela e o pai juntos.

—Isso não quer dizer nada, só são amigos! Amigos que beijam não boca? Será que eles são mais que amigos? Será que estão juntos? Será que eles tem um caso? Mas a tia Luísa vai se casar daqui alguns dias. -eufórica, perguntava a si mesma.

De repente Luísa sai do banheiro e se assusta ao ver Poliana lhe encarando com os olhos arregalados, parada igual uma estátua.
A menina não disse uma palavra, as perguntas ainda se passando em sua mente, ela queria respostas mas sabia que a tia não responderia, então esperaria o momento certo e confrontaria o pai. Ele teria que lhe responder algo ou ela não o deixaria em paz.

—O que foi, Poliana? Por que está me olhando assim? -pergunta Luísa ainda parada na porta do banheiro enrolada no roupão.

—Não foi nada tia. Só um pesadelo. -mente e sai da cama —Vou tomar café da manhã. Hoje não tem aula, então quero aproveitar o dia. -responde e sai correndo.

Luísa encara a porta aberta depois que Poliana saiu correndo e esqueceu de fechar.
Se aproximando, pega na maçaneta; enquanto fecha, fica repassando na cabeça a cena que acabou de acontecer. "Talvez ela esteja pensando muito no meu casamento e na festa, por isso o pesadelo, deve ser medo que algo dê errado.", pensava Luísa.

Continua...

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