Orgulho e Amor

Capítulo 73

Luísa não consegue descrever o que sente ao passar pela grande porta da mansão D'Ávilla, mal podia acreditar no que seus olhos estavam vendo. Por mais que sonhasse em retornar a casa de sua família, ela se via bem distante de tornar realidade.
A mansão D'Ávilla estava exatamente como ela havia deixado quando teve que dizer adeus, três anos atrás.
Luísa caminha pela sala passando suavemente suas mãos em cada superfície existente, precisava tocar, precisava saber que aquilo era real.
Otto havia deixado ela na mansão e ido buscar as crianças na casa dos tios. Eles queriam muito ver a reação de Poliana ao saber da novidade. Enquanto ele não chega com as meninas, Luísa aproveita para explorar a casa, a sensação é estranha e ao mesmo tempo familiar.
A mansão D'Ávilla era sua casa, ela lhe trazia lembranças felizes e inesquecíveis de um passado alegre ao lado dos pais e dos irmãos, mas também lhe recordava de momentos intensos e angustiantes, mesmo com todas essas lembranças Luísa não conseguia chamar a mansão de lar novamente.
A casa onde mora agora é o seu lar, foi ali que descobriu o amor real, que chorou por noites em que estivera sozinha, descobrindo o quanto era forte durante o tempo que Otto estava no hospital, e era lá na mansão 242 que ela formou uma família. A sua família.
Luísa se pega sorrindo ao lembrar da doçura inabalável de Poliana, das risadas altas de Olívia e dos momentos de carinho com o Otto.
Parando de frente a porta dupla do escritório, respira fundo e se prepara para enxurrada de memórias que irá receber. Com uma mão em cada maçaneta Luísa as abre de uma vez e imediatamente, mais uma remessa de lembranças lhe atinge sem qualquer tipo de aviso prévio.
Quando estivera solitária era ali que ela passava a maior parte de seu tempo. Luísa irrompe o escritório e vai até a mesa. Tudo parecia exatamente igual. Os móveis estavam nos lugares de sempre, nada havia sido desfeito ou acrescentado. Ela caminha até o sofá de dentro do escritório e se senta, vislumbrando todas as noites que passou ali sozinha assistindo filmes até adormecer.
Luísa é retirada de seus pensamentos quando escuta a porta principal se abrir e em seguida passos ecoam pela casa antes silenciosa. Em questão de segundos Poliana irrompe pelas portas do escritório com um grande sorriso no rosto.

—Tia Luísa ! -exclama ela feliz em ver a tia —O que estamos fazendo aqui ? O papai disse que tinha uma surpresa para mim e para Liv, mas não quis dizer o quê, daí ao invés de ir para nossa casa ele veio para cá. Você pode me dizer o que está acontecendo ? -a menina falava rapidamente, mal dando tempo de recuperar o fôlego

Luísa a olhava sorrindo, Poliana nunca mudou esse seu jeito. Sempre que estava agitada metralhava palavras sem nem parar para respirar. Por muitas vezes ela e Otto precisavam pedir para que a menina se acalmasse e respirasse.

—Calma meu amor. Vou lhe contar tudo está bem ? Mas primeiro senta aqui ao meu lado. -seu tom era calmo e gentil

Sem pensar duas vezes Poliana corre até a tia e senta ao seu lado, nesse exato momento Otto entra no escritório com Olívia nos braços.
Todo o rostinho da menininha se ilumina ao ver a mãe.

—MAMÃE -grita Olívia esticando os bracinhos na direção da mãe
—Oi meu amor ! -exclama Luísa sorrindo para a filha

Com as pequenas mãozinhas Olívia começa a chamar pela mãe

—Mamãe, mamãe, mamãe. -repetia a menina
—Está bem ! Já entendi que você quer a mamãe. -diz Otto divertido e leva Olívia até Luísa

Assim que Luísa a pega no colo, a menina envolve o pescoço da mãe com seus bracinhos lhe abraçando bem apertado. Quando ela enfim solta o pescoço da mãe, seu sorriso faz Luísa se emocionar.

—Tudo isso é saudade da mamãe meu amor ? Você ama tanto assim a mamãe ? -pergunta Luísa encarando os olhinhos claros da filha

Olívia apenas confirma com a cabeça e volta a abraçar a mãe. Luísa encara Otto surpresa.
A menina sempre foi muito mais apegada ao pai. Parecia que ela entendia o quanto Luísa precisava daquele abraço, naquele momento.