Depois de dois dias Luísa não teve outra opção a não ser ir para casa. Poliana estava na casa do tio e mal comia, não dormia, só vivia triste pelos cantos. A diretora da escola havia ligado perguntando pelo estado de Otto e comunicando que Poliana não participava da aula, a menina ficava aérea e do nada começava a chorar.
Foi então que Luísa percebeu que sua sobrinha também estava sofrendo muito com toda essa situação e ela era apenas uma criança. Precisava da tia ao lado dela. Luísa arruma suas coisas e deixa a bolsa pronta em cima do sofá, lentamente ela se aproxima da cama, se inclina sobre Otto e sussurra—Nossa menina precisa de mim meu amor. Vou cuidar dela. Mas estarei aqui todos os dias com você. Te amo, meu amor. -as lágrimas escorrem de seus olhos e dando um beijo na bochecha de Otto ela se despede.
Luísa sai do quarto e fecha a porta, mas não larga a maçaneta, é difícil dizer adeus, mesmo que por um tempo. Lágrimas pesadas escorrem por seu rosto. Depois de alguns minutos ela larga a maçaneta e vai embora.
No táxi Luísa ainda continuava chorando, a imagem de Otto deitado naquela cama, ligado em todos aqueles aparelhos não saía de sua mente. O taxista em silêncio lhe oferece uma caixa de lenços de papel que Luísa aceita de bom grado. Ao chegar em casa Poliana já lhe esperava. A menina estava sentada no sofá, seu olhar estava triste e distante. Luísa se aproxima e assim que a menina a ver, corre para seus braços. Elas passam um tempo abraçadas até que Poliana diz em meio ao choro.—Quero ver meu pai tia. Por favor.
—Prometo que te levo amanhã, minha pequena. -afirma apertando a sobrinha em seu abraço
Eram 3h45 da madrugada e Luísa estava acordada abraçada a Poliana que dormia tranquilamente. A menina havia pedido para passar aquela noite com ela. Naquela noite Luísa não conseguiu dormir, desta vez não foram os pesadelos que perturbaram seu sono, foi a falta que Otto fazia ao seu lado naquela cama imensa.
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No dia seguinte Poliana acordou cedo e sentiu falta da tia ao seu lado. Luísa já havia saído da cama e estava tomando banho.
—Bom dia, tia! -diz assim que a tia sai do banheiro ainda secando os cabelos
— Bom dia, meu amorzinho! Mas já acordou?
—Quero ver meu pai logo, tia. Não aguento mas de saudade.
—Então vai se arrumar e vamos tomar o café da manhã para irmos. -sem perca de tempo, Poliana pula da cama e sai correndo em direção ao seu quarto
Duas horas mas tarde. Poliana abre a porta do quarto de hospital na esperança de que o pai estivesse acordado esperando por ela.
A menina havia sonhado com isso na noite passada. Mas ao abrir a porta, seu sorriso desmanchou, seus ombros caíram e seus lábios tremeram na tentativa de conter o choro que queria vir. Seu pai estava do mesmo jeito que o viu da última vez.
Observando a frustração da sobrinha, Luísa se aproxima da cama e sussurra no ouvido de Otto.—Olha quem veio te visitar hoje, meu amor. Sua filha. Ela não se aguentava de saudade. -Luísa vira para Poliana —Vem Poli, conta para ele como foram esses dois dias na casa do seu tio e na escola. -pede e a menina a olha com desconfiança
—Mas ele está dormindo, tia. Não pode me ouvir. -diz ainda parada junto a porta
—Aí é que você se engana. Ele nos ouve sim. Nossa voz e nossas conversas tem o poder de estimular seus sentidos. -explica Luísa e Poliana se aproxima
—Nesse caso. Tenho muitas novidades. -fala animada
—Fique a vontade. Vou me sentar um pouco. Estou meio tonta. -Poliana a olha preocupada —Vou ficar bem minha querida. É só um mal estar da gravidez, só isso. -afirma e caminha até o sofá, pega a bolsa de onde tira um livro para ler.
Poliana segura a mão do pai com muito carinho e cuidado, deita a cabeça sobre o peito dele que não estava conectado aos fios, fecha os olhos e começa a conversar com o pai.
—Você faz falta aqui, pai. Passar esses dias na casa do tio Durval e da tia Claudia foi até legal mas as crianças são muito barulhentas eles tem oito anos, mas tem horas que parecem ter três. -Poliana
sorrir —Se estive acordado você diria que tenho razão. Na escola todos perguntaram de você, mas eu não conseguia prestar atenção nas aulas, não sabendo que você está aqui, deitado nessa cama sem dizer uma palavra. -ela funga baixinho —Vamos falar de coisa boa agora. Você vai ser papai de novo! Mas acredito que a tia Luísa já tenha lhe dito. Eu estou tão feliz, pai. Vou ganhar um irmãozinho ou irmãzinha. Mal posso esperar para ver esse bebezinho. -o tom animado da menina se transforma em um sussurro triste. —Pai você precisa voltar logo, a tia Luísa precisa de você. Essa noite eu ouvi ela chorando baixinho enquanto me abraçava. Por favor volta para nós.Poliana conversou por horas com o pai. Até que a equipe de fisioterapia chegou e ela precisou se afastar para que os enfermeiros fizessem os exercícios.
Curiosa ela pergunta—Por que ele precisar fazer exercícios, se está deitado?
—Justamente por isso. Como ele está completamente imóvel os músculos dele precisam de estímulos para não se atrofiarem. Nosso corpo precisa de movimentos. -responde gentilmente uma das enfermeiras.
Poliana apenas afirma com a cabeça e continua observando.
Quando chegou a hora de irem embora, foi extremamente doloroso para Poliana ter que dar tchau ao pai. Mas Luísa garantiu que no dia seguinte após a escola elas estariam ali novamente. Junto com ele.
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Por seis meses a rotina de Luísa e Poliana foi a mesma todos os dias. Enquanto a menina estava na escola pela manhã, Luísa estava na empresa de game.
Na ausência de Otto, Luísa se encarregou da empresa, principalmente da parte financeira onde era sua área. Nenhum funcionário se opôs, muito pelo contrário, ela foi recebida de braços abertos. Luísa era ouvida e respeitada por todos ali.
Na parte da tarde logo após Poliana chegar da escola e Luísa da empresa, elas se arrumavam e comiam algo, depois iam para o hospital e passavam a tarde e o início da noite com Otto. Durval e Claudia se ofereceram para ajudar, mas Luísa preferiu assim.
Apenas ela e Poliana.Continua ...
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Orgulho e Amor
FanfictionLuísa D'avilla , uma mulher jovem de 32 anos , contadora que cuidava das finanças da família , vivia sozinha em sua mansão depois da morte dos pais . Após alguns anos sua irmã que a muito tempo ela não via , morreu e a guarda de sua única filha foi...