Capítulo 8

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Um mês inteiro se passou e Luísa se perguntava o que Otto estaria tramando, não confiava nele, sabia de sua determinação quando queria algo e no último encontro ele parecia bem determinado em ter uma resposta para sua dúvida.
Naquela mesma tarde Luísa recebeu a visita do advogado de Otto, quando ela abriu a porta da frente, sabia exatamente quem era aquele homem, reconheceu o advogado, lembrava dele no casamento e no divórcio de Alice. Naquele momento Luísa sentiu como se tivesse levado um golpe no estômago, seu mundo desabou, mesmo com todo o seu corpo tremendo de raiva e nervoso, ela não deixou transparecer, se manteve firme diante dele.
O cumprimentou e guiou até o escritório, fechando a porta atrás de si, apontou para a cadeira diante da mesa e se sentou na extremidade oposta, de frente para ele.

—Tenho certeza que a senhorita sabe o que estou fazendo aqui, visto que meu cliente já deixou bem claro seu interesse. -afirmou enquanto colocava uma pasta na mesa revelando vários papéis.

—Sim. Tenho ideia do que se trata, mas já deixei bem claro que não tenho o menor interesse de dar o que ele deseja. -disparou de forma arrogante

—Nesse caso o Sr. Monteiro me instruiu a reivindicar a dívida que sua família tem com ele. -disse lhe entregando alguns dos papéis que havia colocado em cima da mesa. —Aqui estão os documentos, o senhor Monteiro lhe deu um prazo de oito dias para deixar a casa e além disso entrou com ordem de reconhecimento de paternidade, a senhorita tem até amanhã para fazer os exames na menina e entregá-los a mim, caso contrário a justiça lhe enviara uma petição de comparecimento diante do juiz e acredito que não é isso que a senhorita deseja. -afirmou dando ênfase a última frase.

Luísa olhava o advogado a sua frente mas não enxergava nada, diante dela viu um filme de sua vida. Ia perder a casa de seus pais, a casa onde cresceu e se tornou adulta, a única herança da família D'Ávilla. E agora para onde iria? Tinha a casa de seu irmão Durval, ele tinha uma padaria não muito longe dali e morava sozinho com suas duas filhas, naquele momento era a única opção de Luísa já que não tinha como recorrer da ordem da justiça e não iria se humilhar diante daquele homem frio e calculista.

—Senhorita D'Ávilla? Está me ouvindo? -ele balançava as mãos diante dos olhos de Luísa para ter sua atenção novamente.

—Ouvi sim! Perfeitamente. Agora se me der licença. Vou providenciar tudo que o seu cliente solicitou. -falou de forma irônica contendo a raiva, não podia descontar no advogado, aquele homem só cumpria ordens. Ele juntou os documentos deixando na mesa apenas os que tinha entregado a ela a alguns minutos atrás. Luísa se levantou e guiou o advogado até a saída.

Depois de fechar a porta se encostou diante dela e desabou no chão; abraçando as próprias pernas, começou a chorar. Não tinha mas nada que ela pudesse fazer a não ser o que ele havia pedido.
Antônio que era seu mordomo a anos viu a cena e se agachou diante dela, tocando suavemente em seu braço fazendo Luísa levantar a cabeça e encarar aquele senhor de cabelos grisalhos que estava com a família desde que Luísa era criança. Ali diante dele e o tendo como amigo Luísa contou tudo enquanto chorava.

—Vai ficar tudo bem minha menina, não duvide de sua capacidade de administração, você fez isso perfeitamente só que diante de uma dívida tão imensa você não tem armas para lutar e não se culpe, essa dívida é um fardo muito grande que você teve que carregar sozinha. Pensa pelo lado bom, você agora vai ficar livre de uma vez por todas dessa dívida que vez ou outra te tirava o sossego. -ele falava de forma carinhosa tocando o ombro de Luísa, agora sentado no chão diante dela.

—Parece que você tá jogando o jogo do contente da Poliana. Mas você tem razão, agora ficarei livre dessa dívida para sempre e o resto eu corro atrás. -afirmou enxugando os olhos e dando um pequeno sorriso.

—É assim que se fala. Agora se levanta daí e vamos organizar tudo. -disse estendendo a mão, e ajudando Luísa a se levantar.

Continua ...

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