Capítulo 116

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EPÍLOGO

Na varanda da casa de campo a brisa fresca do início da primavera bate levemente em sua face. Ao longe ela podia ouvir as risadas gostosas e inocentes de seus netos.
Mais uma vez Luísa olha para a cadeira de balanço a seu lado, vazia à cinco anos.
Não imaginava que pudesse viver tantos anos sem a companhia de seu eterno amor.
Nas mãos o papel surrado era seu único alento. Para um homem que amava a tecnologia Otto decidiu escrever à mão as palavras que  transbordavam de seu coração.

Todos os dias Luísa lia e relia aquela carta com as letras de seu amado. Já sabia cada linha de cor, onde estava localizada cada vírgula e cada ponto.
Uma última olhada para o espaço verde que cercava a casa apenas para ver seus queridos netos brincando na grama. Após isso sua atenção se recai novamente para a carta, pela segunda vez apenas naquela manhã.
Com mãos trêmulas, -herança da idade avançada- Luísa abre o papel.

"Meu amor sinto que meus dias aqui estão se findando por isso estou a escrever esse último adeus. Não te entregarei a carta até que meu último sopro de oxigênio seja expelido para fora de meu corpo. Se estás a ler é por que isso já aconteceu e o nosso neto Caio te entregou.
Por favor não te aflijas com a minha partida, saiba que cada segundo que vivi aqui na terra eu repetiria apenas para no fim ter tido a oportunidade de viver os melhores anos ao teu lado. A verdade Luísa é que você fez de mim o homem mais feliz dessa vida. Você me deu razões para viver e recomeçar. Fez eu me apaixonar por ti quando eu já nem lembrava mais como se fazia isso. Me permitiu te amar e me amou em resposta. Conheço cada pedacinho do seu corpo e você ocupa cada pedacinho do meu coração. A família que me deste nem toda a minha fortuna seria capaz de pagar, por que amor não se compra, se conquista. E você me presenteou com isso. Com uma família. Filhos e netos. Que o nosso amor seja apresentado a cada geração.
Não só te amo... te admiro, te venero, te idolatro.
És minha joia mais valiosa Luísa D'Avilla Monteiro.
E como disse o grande Willian Shakespeare
-A vida é muito curta para eu te amar só em uma, prometo te procurar na próxima vida.-
Fica bem...
Seu amor de agora e para sempre...
Otto Monteiro."

Lágrimas rolam de seus olhos. Independente de quantas vezes tenha lido essa carta, o efeito era sempre o mesmo. A saudade gritava em seu peito.
Então Luísa ouve passos se aproximando e vê seu neto Caio, se abaixando a sua frente.

—Você está bem, vovó ? A mamãe pediu para eu vim ver se precisa de algo. Está lendo a carta do vovô novamente ? -fala sem parar com sua voz grave e gentil

Luísa sorrir, apesar dos olhos azuis como os do avô, Caio tinha o jeito da mãe. Tinha momentos que falava tão rápido que era preciso alguém pedi-lo para freiar e respirar um pouco. Era o terceiro filho de Poliana, o seu caçula, com apenas três anos já demostrava ter a inteligência do avô e não demorou para se tornarem grandes amigos e confidentes.
O garoto a sua frente agora tinha seus quatorze anos e não disfarçava a falta que sentia do avô. Sempre se sentava aos pés de Luísa e pedia para que a avó lhe contasse uma história. Coisa que ela fazia com gosto, os olhos carregados de lágrimas e o coração transbordando de amor.

—Estou bem sim, meu anjinho. -responde acariciando a bochecha do neto
—Pode me contar uma história ? -pede
—Claro que posso. -responde suavemente, sua voz já estava frágil

Luísa dobra a carta com cuidado e segura junto ao peito. Vasculhando sua memória ela sorrir ao lembrar de uma história que percebeu naquele momento que nunca havia contado antes ao neto. Quando abandonou seu noivo no altar.

Orgulho e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora