Capítulo 79

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O nó que se formava em sua garganta mal a deixava respirar. Vê Otto e Tânia se beijando bem no meio da sala que até então ela chamava de lar, foi o mesmo que ter uma faca afiada cravada bem no meio de seu coração. Nunca havia sentido dor parecida antes. Luísa cambaleia um passo para trás, tenta se equilibrar em um universo que de repente saiu totalmente de seu prumo.
Ela junta todas as suas forças para dizer algo, porém tudo o que sai de sua garganta é um pequeno ruído.
Otto parecia ter ouvido, ou talvez não, acontece que no mesmo instante ele segura Tânia pelos ombros e a empurra.

—VOCÊ FICOU MALUCA ?  -ruge ele

Ele encara Tânia com fúria, mas então percebe que ela não o encarava. Tânia olhava fixa por cima do ombro largo de Otto. A mulher tinha quase a mesma altura que ele o que facilitava a visão. No mesmo instante Otto se vira, seus olhos se arregalam, seu corpo inteiro fica rígido e tenso. De repente ele teve a sensação de que não conseguia respirar direito, era como se seus pulmões tivessem esquecido de como funcionar dentro dele.
Luísa estava parada lhe encarando fixamente, em seus olhos um vislumbre de decepção e dor que fez o coração de Otto parar de bater.

—Luísa, eu posso explicar ...  -começa a dizer

Luísa não se movia, apenas olhava de Tânia para ele, sem acreditar no que acabara de presenciar.

—Conta a verdade para ela, meu amor ! -Tânia teve a ousadia de falar, se apoiando no ombro dele

No mesmo instante Otto repele o contato, ignorando a menção da palavra "amor".

—Verdade, que verdade ? Você é uma maluca que me beijou a primeira vez e começou a me chantagear, ameaçando contar mentiras a minha mulher e agora você faz novamente e dentro da minha casa.  -vociferou ele
—Agora eu sou maluca ?! Mas quando sua boca estava colada a minha você não achava isso. -rebate de forma sedutora, provocativa.

Otto estava prestes a responder, quando um grito alto o assusta e acaba a discussão.

—CHEGA !  -grita Luísa, não aguentando mais tudo aquilo  —Não quero saber de nada referente aos dois, nem a seu caso amoroso ou seja lá o que for.

Após jogar as palavras na cara deles, Luísa sai a passos apresados em direção as escadas, ao perceber que Otto a seguia, ela corre para chegar no quarto antes que ele possa lhe alcançar. Ao entrar, Luísa tranca a porta, vira de costas e, encostada a ela escorrega até cair sentada no chão, o choro vem a tona de forma pesada e dolorosa.
Otto enfim chega a porta e começa a bater pedindo para ela abrir e deixá-lo explicar. Mas tudo o que Luísa faz é continuar sentada no chão, chorando.
Por mais que se esforce, não conseguia tirar aquela cena da cabeça.

—Luísa, por favor me deixa explicar ! -repetia ele, batendo na porta

No quarto Luísa enfim se levanta do chão, decidida, vai até o closet pega uma mala, coloca em cima da cama e começa a jogar algumas roupas sua lá dentro de uma maneira desesperada, ela não sabia o que estava pegando, as lágrimas embaçavam seus olhos.
Movida pela raiva, Luísa fez a mala, enxugou o rosto e abriu a porta dando de cara com um Otto completamente arrasado e angustiado, o rosto coberto por lágrimas, Luísa queria abraçá-lo, mas a raiva e a decepção gritou dentro dela.

—Sai da minha frente ! -pede furiosa
—Não vou sair até você me ouvir. -rebate Otto
—Não tenho nada para ouvir. Você teve tempo suficiente para isso, eu te perguntei incontáveis vezes se algo estava acontecendo e você nunca me dizia.
—Por que eu queria resolver tudo sem ter que passar pelo que estamos passando agora.
—PARA ! -grita —Chega de mentiras Otto. -empurra ele e sai pelo corredor arrastando a mala de rodinhas

Ao chegar na sala a Tânia não estava mais lá.

—Pelo menos ela tem bom senso e foi embora sem precisar ser expulsa. -ironiza Luísa
—Você não vai a lugar nenhum Luísa. -diz ignorando o comentário irônico
—Eu vou ! E você não tente me impedir. -rebate

Ele até tentou, mas ela estava decidida, seu corpo inteiro tremia pela raiva, de seus olhos lágrimas pesadas escorriam sem sessar. Luísa ordenou que Sara destrancasse a porta da garagem e assim a robô fez, ela entrou no carro, errou a entrada da chave algumas vezes antes de finalmente conseguir ligar. Do lado de fora Otto batia no vidro implorando para que ela ficasse, que o escutasse, porém Luísa estava inclinada a ir embora, ignorando todas as tentativas dele de lhe dar uma explicação.
Ela não soube como, mas conseguiu dirigiu até a casa do irmão, ao entrar, Luísa vê Claudia e as crianças brincando na sala, então corre até Olívia a pega nos braços e vai até o sofá, se senta e chora abraçada a filha. Mesmo sem entender o que estava se passando com a mãe a menininha passa os bracinhos ao redor do pescoço da mãe e a aperta na sua inocente maneira de confortar em seu abraço.
Logo Poliana vai até a tia e senta ao lado dela a abraçando também. Claudia coloca as três crianças dela para dentro, em meio a protestos as crianças fazem o que a mãe pede, em seguida ela vai até Luísa, puxa uma cadeira e se senta de frente a amiga.

—Luísa ? -chama cautelosa

Lentamente Luísa ergue o rosto e encara a amiga, seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar. Ainda abraçada a filha ela encarava a amiga, estava sentindo uma dor lacerante no coração.
Nesse instante o celular de Claudia começa a tocar, ela olha a tela e encara Luísa preocupada. Aponta o indicador para a amiga pedindo um minuto.

Claudia atende o telefone já nos toques finais

—Oi Otto. -Luísa a encara com olhos arregalados e começa a negar freneticamente com a cabeça
—Sim Otto a Luísa está aqui, por favor deixa ela se acalmar e depois vocês conversam. -pede tranquilamente

Ele falou algo do outro lado da linha, Luísa não conseguiu ouvir, mas viu quando a amiga confirmou com a cabeça e disse

—Pode deixar que eu cuido dela e das meninas. Se cuida. Tchau

Claudia encerra a ligação e volta a sentar na cadeira de frente a Luísa. Assustada, Poliana encara a tia.

—Depois eu te explico tudo meu amor. -diz Luísa, diante da pergunta silenciosa da sobrinha
—Poliana minha linda. Você pode ir lá para dentro com sua irmã, por favor ? Preciso conversar um pouquinho com sua tia.

A menina confirma e tenta tirar Olívia do colo de Luísa, mas a menina se agarra ainda mais, se recusando a deixar a mãe.

—Está tudo bem, a mamãe já está melhor meu amor. Vai lá brincar com seus primos e com sua irmã. Depois eu prometo um sorvete. -encoraja Luísa

Olívia se mantém desconfiada, mas no fim aceita a sugestão da mãe. Ela da um beijo carinhoso na bochecha da mãe, e em seguida estende os bracinhos a irmã e vai brincar lá dentro.

—Agora me conta o que aconteceu. Por que era para um jantar romântico estar acontecendo, e de repente você chega aqui aos prantos.
Me conta o que aconteceu.  -pede Claudia

Luísa respira fundo, buscando força e coragem para por em palavras a cena que viu a alguns minutos atrás.

Continua ...

Orgulho e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora