Capítulo 63

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A madrugada chega fria e silenciosa e junto com ela a penumbra lhe trás algumas surpresas. Uma semana desde a chegada de Otto em casa e os pesadelos de Luísa haviam sessado, mas naquela madrugada algo lhe incomodou, era uma sensação estranha, como se alguém estivesse observando-a. Ela se vira de um lado a outro, com relutância suas pálpebras se abrem. E lá está, diante de seus olhos tem a figura de um homem parado na varanda, ele lhe encara fixo e a única coisa que a mantém segura é o vidro. As cortinas abertas mostram claramente que existe alguém na varada, calça preta, moletom também preto; o capuz do moletom lhe cobre a cabeça, impossibilitando qualquer pista de quem seja. O homem se aproxima do vidro espalmando suas mãos nele, diante daquele movimento Luísa se desespera. Se senta com dificuldade na cama devido a protuberância de sua barriga, e grita por Otto que dormia tranquilamente ao seu lado.

—Otto, acorda Otto! Tem um homem aqui! Tem um homem aqui. -gritava sem nem ao menos respirar

Otto acorda no susto, arregalando os olhos ele a encara, por conta da lua, uma pequena claridade entrava no quarto através do vidro da varanda, e Otto pôde ver o quanto Luísa estava pálida e tremendo, ele tenta puxar a mulher para seus braços como faz sempre que ela tem um pesadelo, mas ela rapidamente se desvencilha deles, Otto fica sem entender, ela o encara fixamente, em seus olhos o reflexo do pavor e do medo que estava sentindo. Luísa mexia as mãos em movimentos aleatório na mesma hora que buscava palavras para falar, mas de sua boca não saia som algum.

—Luísa! Calma meu amor. Respira, por favor! -pede com gentileza segurando as mãos dela

Luísa faz exatamente o que ele diz e respira fundo antes de falar

—T ... Tem... Tem um homem na nossa varanda!  -gagueja antes de afirmar

Rapidamente Otto se vira em direção a varada, mas não vê nada, nem ninguém ali. Ele volta a olhar para Luísa.

—Não tem ninguém ali, meu amor. Deve ter sido mais um pesadelo. -fala solícito

Numa rapidez impressionante Luísa vira o pescoço para constatar o que ele está dizendo. E era verdade. Não tinha ninguém ali.

—Eu sei o que vi Otto! Tinha um homem ali me encarando. -afirma aborrecida

—Tudo bem meu amor. Eu vou até lá apenas para que você possa se acalmar.

Otto sai da cama e caminha até a varanda.
De onde estava na cama Luísa prende a respiração ao vê-lo se aproximar da porta de vidro, destravar e abrir. Otto vai até o lado de fora e tudo fica em silêncio por alguns segundos. De repente ele reaparece e Luísa leva um susto, ele tranca novamente a porta de vidro e volta para a cama. Luísa o encara apreensiva.

—Não tem ninguém lá fora, meu amor. -fala gentilmente

—Mas Otto eu ...

Ela não termina de falar, pois Otto a puxa para seus braços, e ao sentir o calor do corpo dele, Luísa esquece de tudo e apenas se aninha junto a ele.

No dia seguinte Luísa não tirava da cabeça que na noite anterior tinha alguém na sua varanda. Então ela resolveu ir até lá. Ao abrir a porta de vidro tudo parecia igual, nada fora do lugar, mas quando Luísa olha para o chão um arrepio atravessa sua espinha, a visão e o medo da noite anterior lhe atinge com força. Então ela grita

—OTTO! OTTO!  -grita sem parar

Otto havia se acordado minutos antes e estava na sala, ao ouvir os gritos desesperados de Luísa, ele corre até ela. Tão rápido que ao entrar no quarto não se deu conta da cadeira que estava no caminho até a varanda. Ele bate com força na cadeira e aterrisa no chão. As mãos espalmadas diante de seu rosto evita que ele se choque diretamente com o piso. Praguejando baixinho, ele se põe de pé e corre até onde Luísa estava.

—O que aconteceu, Luísa? Você está bem?  -pergunta preocupado enquanto alisa o joelho que se chocou com a cadeira

Luísa não respondeu, estava muito pálida e tremendo. Seus pensamentos estavam longe demais para que ela prestasse atenção em algo que não fosse as pegadas de terra no chão.
Otto acompanha seu olhar e consegue ver inúmeras pegadas grandes desenhadas no chão. Imediatamente ele envolve Luísa com os braços.

—Calma meu amor você está bem! Vamos ficar bem. Por favor fique calma, você não pode ter emoções fortes. Venha comigo. -lentamente ele a leva para dentro.

Otto pede que Sara puxe todas as imagens das câmeras da noite passada, precisava saber quem entrou em sua casa. Ao finalizar a ordem Sara sai voando do quarto e passa por Poliana que entra saltitando, mas para ao ver a tia pálida sentada na cama e o pai abraçado a ela.

—O que aconteceu aqui? Tia você está bem? -pergunta preocupada enquanto se aproxima

—Ela vai ficar bem sim filha, foi só um susto.
-Otto explica

—Ele estava bem ali Otto. Me encarando! Eu vi. Tinha raiva em seus olhos. -diz Luísa olhando fixamente para a varanda, totalmente alheia da presença da sobrinha ao seu lado

—Do que a tia Luísa está falando pai? Quem esteve aqui? -pergunta

Otto não vendo saída conta tudo a filha que fica preocupada e com medo. Poliana corre até a varanda para ver com os próprios olhos as pegadas que o pai havia falado.

—Pai eu estou com medo. -admite ao passar pelas portas de vidro da varanda e entrar novamente no quarto.

—Vai ficar tudo bem filha! Não deixarei nada acontecer com vocês. -assegura encarando a filha

—Mas e você pai! Quase te perdemos uma vez. Não quero passar por tudo aquilo novamente. A tia Luísa chorava todas as noites pai, todas as noites, até não aguentar e cair no sono. Meu coração doía ao vê-la assim. -sua voz sai embargada por conter as lágrimas

Luísa continuava sem dizer uma palavra, estava mergulhada nas profundezas de seus pensamentos. Otto a sente ficar tensa e a puxa ainda mais para perto de si.

—Vem aqui Poliana. -ele a chama para se sentar ao seu lado. —Acredito em você filha e é por isso que prometo que nada mais de ruim vai acontecer. -afirma envolvendo também a filha em seus braços.

Instantes depois Sara volta e avisa que as imagens estão prontas. Otto se desvencilha de Luísa e Poliana para ir até o escritório, mas Luísa segura seu braço.

—Quero ir junto! -exclama ficando de pé com certa dificuldade

—Melhor não meu amor. -aconselha Otto

—Eu quero e está decidido. -vendo que Luísa não mudaria de ideia ele afirma com um maneio rápido de cabeça

Poliana passa o braço em volta da cintura da tia e acompanha o pai até o corredor. A passos largos Otto se distância, ele mal via a hora de saber quem invadiu sua casa, mas sua raiva maior foi saber que essa pessoa assustou Luísa a ponto de deixá-la em estado de pânico.
De repente um grito esganiçado corta o silêncio do corredor. Ao olhar para trás, Luísa estava curvada segurando a barriga e uma água escorria por suas pernas. No mesmo instante ele soube que ela estava em trabalho de parto e todo o resto foi esquecido.

Continua ...

E aí pessoal, qual sua aposta ?
Menino ou Menina ? E quem é essa pessoa que a Luísa viu ?

Orgulho e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora