Capítulo 18

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Ao chegar no quarto Luísa coloca a caixa em cima da mesinha de centro e fica encarando enquanto passa as mãos no cabelo tentando controlar sua respiração acelerada.
O que acabara de acontecer passava como um filme em sua cabeça, aquela aproximação e o olhar malicioso que Otto dirigia a ela, a fez ficar de pernas bamba. Ele ficou tão próximo que Luísa pôde sentir seu perfume, um cheiro amadeirado delicioso.
Otto exalava perigo e tentação.
Luísa chacoalha a cabeça na intensão de limpar seus pensamentos, não podia pensar nele daquela forma, ele tinha sido o marido de sua irmã, era o pai de sua sobrinha e ainda por cima ela estava noiva.
Foi então que se lembrou do Marcelo, pega o celular e liga para ele, precisava ouvir sua voz, mas o toque era o único som que ela ouvia, caindo direto na caixa postal, tentou mais algumas vezes e o resultado final era sempre o mesmo, foi então que pegou sua bolsa e decidiu ir até a casa dele.
Passando pela sala com o coração acelerado, as mãos soando e a garganta seca, seu alívio foi quase que imediato quando viu que Otto não estava mas ali.

Chegando na casa de Marcelo tocou a campainha algumas vezes, até que seu filho adotivo e melhor amigo de Poliana abriu. Com os cabelos cacheados, pele clara e olhos grandes o menino a encara.

—O Marcelo está em casa, João? -pergunta ela

—Está sim, vou chamar. Vai entrando aí que você já é de casa. -abre mais a porta para deixar Luísa passar e sai correndo para chamar Marcelo

Minutos depois Marcelo desce as escadas e vai direto até sua noiva lhe envolvendo em um abraço, a mesma o aperta ainda mais junto a si inspirando seu cheiro, ao contrário do Otto seu perfume era uma mistura cítrico e lavanda, a fazia lembrar da calmaria dos campos da família Pessoa, onde eles passavam fins de semana juntos.
Alguns minutos depois eles se soltam do abraço, Marcelo indica o sofá para Luísa que se senta enquanto ele puxa um banco sentando de frete para ela.

—O que aconteceu, Lú? Você parece nervosa e tensa. O que o Otto fez? -com a voz grave ele encara a mulher, ela pôde ver a fúria que se estalava em seus olhos

—Não... não é nada! Ele não fez nada comigo! Só aquele jeito frio dele que é insuportável, tento me manter firme e controlada por que prometi a Poliana que faria por ela. -tenta amenizar a situação, não gostava de ver o Marcelo alterado

— Já falei que você pode sair de lá Luísa, nós vamos dar um jeito, contrataremos um ótimo advogado, faremos qualquer coisa para tirar a Poliana daquela casa.  -ele mantinha a voz baixa e controlada

—Não, Marcelo! Não vou submeter Poliana a tudo isso novamente, a menina já passou por muita coisa e ... ele é o pai. -argumenta Luísa

—O quê? Você enlouqueceu Luísa? -Ruge, se levantando. —Esse cara está te manipulando, não é só a Poliana que interessa para ele, você também. Será que não percebe? -alterado anda de um lado a outro até que de repente ele para e encara Luísa com os olhos cheios de perguntas e dúvidas, quando volta a falar sua voz transmitia uma fúria que ela desconhecia até então. —Você voltou a se apaixonar por ele. Foi isso, não foi?  -estreitando os olhos aponta o dedo indicador bem próximo ao rosto de Luísa. 

—Claro que não! Nunca fui apaixonada por ele. Por que você insiste nessa história?  -tensa, Luísa tenta desconversar as acusações e continua  —Só quero assegurar que Poliana vai ficar bem.

—Me lembro muito bem quando ele namorava a Alice e você à mim. Quando você achava que eu não estava olhando e ficava encarando ele, embora ele nem percebesse ou fingia que não! Naquela época a Alice chegou primeiro, mas agora, não existe mas Alice, não é? -a voz baixa e ameaçadora de Marcelo lhe causou um arrepio

—Para com isso, Marcelo! É da minha irmã que você está falando e eu nunca ficaria com o namorado dela.   -Luísa achou um absurdo aquele tipo de acusação dirigida a ela, tinha tido sim no passado uma atração por seu cunhado, mas não passou disso, o evitava de todas as formas. Irritada continua.  —Vou embora, não admito que você me agrida dessa maneira. -ao se levantar ela sente um puxão tão forte em seu braço que quase caí sentada novamente

—Agredir? Você não sabe nem o que é lhe agredir Luísa, experimenta só me trair com o Otto para você ver o que te acontece. -com o olhar fixo nos dela a voz grave e ameaçadora, ele apertava tanto o braço da mulher que os nós de seus dedos estavam ficando branco

—Ai ... Você está me machucando! -ao ouvir isso ele solta seu braço, assustada e com os olhos cheios d'água Luísa começa a tremer, observando a marca vermelha que com nitidez desenhava os dedos do noivo

Vendo o erro que acabara de cometer, Marcelo se desespera, não era sua intenção fazer aquilo, estava tão furioso que agiu sem pensar. Colocou as mãos uma de cada lado do rosto de Luísa e começou a chorar dizendo

—Me perdoa meu amor, eu não quis fazer isso, juro que não. Só de pensar em você na mesma casa que aquele homem eu perco a cabeça, fico fora de mim. Você sabe que não sou assim, não é?

—Sim, eu sei! Mas agora, preciso ir. -com a voz embargada, ela dá um passo para trás, o movimento faz Marcelo retira as mãos de seu rosto, Luísa pega a bolsa e tenta sair, mas novamente é impedida por ele

—Me perdoa por isso, meu amor. Por favor me perdoa. -ela confirma com a cabeça e ele continua —Vem, vou te deixar em casa.

Ainda confusa e abalada, não tentou negar, apenas o seguiu, entrou no carro e foi para casa.
Parando na frente da mansão, Marcelo se inclina na direção de Luísa, ela apenas lhe dá um selinho, se despede, sai do carro e entra na casa sem olhar para trás.
Ao entrar, ela vê Otto sentado no sofá trabalhando de seu tablet, coisa que ele fazia com frequência, sempre que dava preferia trabalhar de casa, ao ouvir seus passos ele levanta a cabeça. Luísa tenta apenas passar por ele e seguir até o quarto, mas é interrompida.

—Luísa, está tudo bem? -perguntou preocupado

—Estou sim, Otto! -sua voz era fria, mas também demonstrava tristeza e ele percebeu

—Não é o que parece, você entrou em casa com os olhos arregalados e branca igual papel. O que aconteceu Luísa? -sua voz era suave mas ao mesmo tempo firme, colocando o tablet ao lado ele se levanta.

—Já falei que não foi nada, só me deixa passar! -ela tenta passar mas novamente ele lhe impede, só que dessa vez colocando o braço para impedir sua passagem, Luísa lhe encara furiosa por aquela atitude, pronta para xinga-ló, é então que percebe que os olhos dele encarava a marca, agora roxa em seu braço. Como por instinto ela põe a mão em cima.

—Quem fez isso, Luísa? -tentando manter a calma, pergunta segurando o braço de Luísa e tirando sua mãos de cima da roxidão. É claro que ele sabia onde ela estava e quem tinha feito, mas queria ouvir da boca dela. Ao ver que Luísa não ia falar,
ele continua. —Foi o covarde do Marcelo, não foi? Vou pegar aquele imbecil e vou acabar com ele, vou ensiná-lo a se meter com alguém do ... -antes que pudesse terminar a frase Luísa solta um grito

—PARA!!! Você não vai fazer nada está me ouvindo? Foi um acidente e não quero que você se meta na minha vida entendeu! -puxando o braço ela se desvia dele e segue para o quarto

Otto ficou furioso com o que acabou de ver, e se perguntava como aquele miserável foi capaz de fazer tamanha covardia. Bater numa mulher? Isso é inaceitável, sua vontade era de ir até a casa do Marcelo e quebrá-lo na porrada, queria ver se ele era tão valentão encarando de frente alguém do seu tamanho. Mas não podia fazer isso, Luísa deixou bem claro que não queria sua ajuda, mas, Otto jurou a si mesmo que se acontecesse de novo ele não seria tão flexível.

No final da tarde, Marcelo envia flores lindas para Luísa e junto um cartão que dizia ...

"Meu amor, te envio essas flores para mostrar o quanto estou arrependido do que fiz. Me perdoa por favor.
Saiba que te amo mais que tudo."
Com amor
Marcelo Pessoa

Com isso Luísa esqueceu tudo o que havia acontecido; não era necessário acabar um amor de anos por causa de um pequeno erro de momento. Erro esse que ele já demostrou estar arrependido.

Na hora do jantar, Luísa usava uma blusa de manga longa, o tempo todo com a cabeça baixa ela não pôde ver, mas sentia o olhar de Otto nela. Nenhuma palavra sobre o assunto foi dita e ela agradeceu mentalmente por isso, a última coisa que queria era que Poliana soubesse. Foi algo de momento e já tinha sido perdoado e esquecido.

Continua...

Orgulho e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora