Depois dos exames feitos, os resultados foram excelentes, não houve nenhum problema muscular ou cerebral. Mas por conta do tempo que passou sem os movimentos necessários, Otto precisou permanecer no hospital e fazer fisioterapia diariamente por dois meses.
Ao final dos dois meses ele recebeu alta do hospital e a fisioterapia continuou em casa, sendo apenas dois dias na semana, o Dr Jardel achou por bem continuar, para aperfeiçoar os movimentos.
Decidiram que o sexo do bebê será uma surpresa para a hora do parto. O que não agradou em nada a Poliana, que estava agoniada para saber se ganharia um irmão ou uma irmã. Mas no fim ela aceitou o desejo dos pais. Ao chegar em casa Otto se sentiu outra pessoa, alguém que nasceu de novo.
Ele vai até o sofá e senta, Luísa ainda de pé junto à mesa de jantar, o observa. Poliana corre até ele para ajudá-lo colocando algumas almofadas em suas costas.—Obrigado filha. -agradece com um sorriso
—Não precisa agradecer pai. Vou fazer um lanche para você. -anuncia e sai correndo
Otto a observa até que a filha some no corredor, ao direcionar sua atenção para Luísa ele percebe que ela lhe olhava diferente. Em seus olhos um vislumbre de melancolia e alegria.
—Um milhão por seus pensamentos, meu amor! -exclama Otto
—Estou só memorizando sua imagem no sofá. Por vários momentos eu pensei que não te teria mais em casa. -sua voz sai melodiosa e triste
—Ei, vem aqui! -chama e Luísa se aproxima
Otto puxa Luísa para seu colo. Alisando sua barriga ele diz.
—Sempre voltarei para vocês, meu amor.
Sempre!—Te amo! -diz e ele começa a rir
Luísa o olha intrigada. Não sabia por que ele estava rindo
—Por que está rindo? O que eu disse de tão engraçado? -pergunta
—Te ouvir dizer que me ama! -ele a encara sorrindo ainda mais e ela fica seria
—Acha que estou mentindo!
—Não é nada disso, Luísa! Só lembrei de quando você me odiava. Mal olhava na minha cara ou me dirigia a palavra. E agora está aqui nos meus braços, esperando um filho meu e dizendo que me ama.
—Posso te desamar rapidinho! -rebate esboçando um sorriso
—Não, não pode não! E ainda que me mande embora aos gritos, ainda assim não vou! Pois um homem não consegue viver sem o seu coração e o meu, lhe pertence.
Ao ouvir aquilo o sorriso de Luísa se estende, seus olhos se enchem d'água. "Fiz a escolha certa" pensou ela.
—Assim está melhor! Gosto de te ver assim, sorrindo. Agora estou aqui com vocês e só isso importa. -Otto beija a pontinha do nariz de
Luísa. —Eu te amo com a minha vida.Luísa não diz nada. Por mais que quisesse, ela não consegue. Está emocionada demais para dizer algo, então o abraça como se a sua vida dependesse daquilo e deseja que ele sinta naquele abraço o quanto ela o ama. Luísa afunda a cabeça no pescoço dele e absorve seu cheiro. Aquele perfume amadeirado podia ser comum, mas se o colocassem no meio de uma multidão, ainda assim ela o acharia.
Otto a aperta ainda mais em seus braços, ele a amava tanto que doía só de pensar que foi obrigado a deixá-la sozinha todos esses meses.—Me perdoa... -sussurra com a voz rouca
Diante daquela declaração Luísa se afasta alguns centímetros, apenas para que desse para olhar dentro dos olhos dele.
O que ela viu a deixou sem ar. A tristeza naquele olhar a fez voltar no tempo. Era o mesmo olhar que ela havia visto, quando ele soube da morte de sua primeira filha. Delicadamente Luísa segura o rosto de Otto com as duas mãos para que ele a encare nos olhos.—Otto. Por favor! Você não teve culpa alguma. Não se martirize por algo que você não teve como evitar. Por favor não faça isso com você novamente. -diz lentamente, pontuando cada frase
Otto fica em silêncio, sabia exatamente do que ela estava falando. Uma lágrima solitária escorre de seu olho, Luísa suavemente enxuga com o indicador. E continua...
—No começo foi difícil, não posso negar. E não estou falando dos afazeres na empresa ou em ir todos os dias ao hospital. Foi difícil ter que lidar todos os dias com a incerteza da sua recuperação, ter que acordar todos os dias com uma saudade sufocante, ter que sentir a angústia de pensar que esse bebezinho talvez não viesse a conhecer o pai maravilhoso que a irmã dele tem. Mas Poliana e eu demos conta de tudo, juntamos nossas forças e a multiplicamos. Aprendemos a ser fortes com a pessoa mais determinada e forte que conhecemos... Você! -contou e viu um vislumbre de orgulho e melancolia refletir nos olhos dele
Otto chora ao ouvir aquelas palavras e Luísa o beija no lugar exato em que cada lágrima percorre, até o ponto em que elas terminam; a boca. Luísa lhe da um beijo gentil e carinhoso para selar aquele momento. Lentamente eles finalizam o beijo. Seus rostos ainda próximos, tão próximos que não dá para saber onde termina a respiração de um e começa a do outro.
—Obrigado meu amor... -diz ele baixinho e ela o encara pronta para contradizer —Me deixe falar por favor. -pede gentilmente e ela concorda com um leve manear de cabeça. —Obrigado por ter me permitido entrar em sua vida, por ter me transformado e ter me resgatado daquela tristeza profunda que eu vivia. Por ter cuidado tão bem da Poliana durante minhas ausências. Você diz que aprendeu a ser forte comigo, mas eu discordo. Foi você, Luísa D'avilla quem me ensinou a ser forte. Força não está numa carranca estampada no rosto ou na firmeza de uma palavra dita. A força vem do íntimo, vem de transformar a dor em ensinamento. E foi o que você me ensinou e continua me ensinando. Sou extremamente feliz por te ter em minha vida. -declara a encarando nos olhos
—Acabei de perceber que você tem um poder! -admite Luísa
—Que poder? -pergunta sem entender
—O poder de me deixar sem palavras. -confessa
Otto sorrir e a beija. A beija como se sua existência dependesse única e exclusivamente daquele beijo. A beija como se aquele beijo fosse capaz de apagar todas as suas dores, frustrações e angústias. A beija apaixonadamente. Por que ele tem uma única certeza nessa vida. Que a ama ardentemente.
Continua ...
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Orgulho e Amor
Fiksi PenggemarLuísa D'avilla , uma mulher jovem de 32 anos , contadora que cuidava das finanças da família , vivia sozinha em sua mansão depois da morte dos pais . Após alguns anos sua irmã que a muito tempo ela não via , morreu e a guarda de sua única filha foi...