Orgulho e Amor

Capítulo 36

Lentamente Luísa se aproxima e senta ao lado dele no sofá, Otto pausa a música e volta sua atenção aos olhos verdes apreensivos a sua frente.

—Luísa quero te pedir desculpas por todas as vezes que de certa forma te pressionei a deixar seu noivado e seu relacionamento com o Marcelo, relacionamento esse que vocês trazem desde a adolescência, eu não tinha o direito de me meter nisso. Eu te amo Luísa, te amo com toda a certeza do meu ser, e por favor não se compare a sua irmã, você não é ela e jamais eu ousaria fazer tal comparação. -Luísa fez menção de interrompê-lo, com um aceno de mãos Otto a impede.   —Por favor me deixe continuar antes que eu perca a coragem. -um sorriso se forma nos lábios de Luísa mas não alcança seus olhos.   —Sei o quanto você o ama, o quanto sonhou com o dia de seu casamento e não irei estragar tudo. Prometo a você que de agora em diante não tocarei mais nesse assunto.  -ao terminar de falar uma lágrima escorre de seus olhos

—Otto, você não tem que me pedir desculpas por nada, eu quis tudo isso tanto quanto você. E você me ensinou que eu não devo julgar ninguém sem antes conhecer. Sabe Otto, cada momento que passamos juntos irei guardar para sempre em meu coração. Desejo com todo meu coração que você encontre alguém que te ame e te mereça. Você é um homem incrível.  -ela o encarava com olhos tristes e cheios d'água.  

Ao desejar que ele encontrasse alguém, Luísa sente uma pontada forte no coração. Ali ela teve mais que certeza de que o amava. Mas não podia abandonar seu noivo.
Luísa chacoalha a cabeça na intenção de afastar aqueles pensamentos. Estava com o Marcelo desde a adolescência e iria até o fim, mesmo que lhe custasse viver um novo amor.

—Também te desejo toda felicidade do mundo Luísa, você é uma mulher linda, guerreira e especial que merece ser amada incondicionalmente.  -seu tom era doce porém triste e suas palavras sinceras   —E quero que saiba que sempre que precisar de um amigo, estarei aqui de braços abertos para te receber.  -um sorriso se desenha em seu rosto e Luísa retribui da mesma forma

—Muito obrigada, Otto. Por tudo. Sempre precisarei de seu abraço amigo. Agora mudando um pouco de assunto. Aquela música que você estava escutando é a minha favorita sabia?  -pergunta descontraída

—Juro que não sabia. Ela é a minha música favorita também. -Otto tira do modo pause e a canção volta a tocar suavemente

(música:Apenas mais uma de amor / se preferir ler enquanto escuta )

—Ela é linda.  -fala Luísa fechando os olhos e sentindo a melodia.

É então que ela sente um mover no sofá e abre os olhos, de pé a sua frente, Otto lhe encara com uma das mãos estendidas em sua direção e a outra para trás, em um convite cavalheiresco.

—Luísa D'Avilla, me concederia a honra dessa dança?   -pergunta com um sorriso atrevido nos lábios. Com um sorriso divertido Luísa lhe estende a mão, aceitando seu convite.

Otto envolve sua cintura com uma das mãos enquanto Luísa faz o mesmo em seu pescoço e suas mãos livres são unidas na altura de seus ombros. Eles começam a dançar lentamente, é quando de repente Otto arranca um gritinho de surpresa e um sorriso de Luísa ao puxa-la com um movimento rápido e preciso, para ainda mais perto encaixando perfeitamente seus corpos.
Luísa encosta a cabeça no peito de Otto aspirando seu cheiro, enquanto ele apoia a bochecha no topo da cabeça dela. Com movimentos suaves e sincronizados, eles dançam pela sala.
Num movimento delicado Luísa levanta a cabeça e o encara sorrindo, as palavras não saíram de sua boca, mas seus olhos continuam a dizer coisas infinitas, ela o olhava de uma forma desconfortavelmente íntima, é então que Otto desce sua cabeça, deslizando seus lábios até o pé da orelha de Luísa e sussurra

—Eu amo me perder no teu olhar.

Ao dizer isso ele sente Luísa sorrir em seu peito e abri um sorriso também, vê-la sorrir aquecia seu coração.
A sensação sentida por ambos é inigualável e única, eles não haviam sentido isso com mais ninguém, sensação de segurança, carinho, cuidado, cumplicidade, paixão e amor. Luísa aperta ainda mais Otto em seu abraço, aquele abraço aconchego que fazia ela se sentir segura, como se não precisasse se preocupar com nada, pois ele resolveria tudo.

O conto de fadas chegou ao fim quando pela segunda vez naquele dia Poliana os pega de surpresa. A menina havia chegado e entrado em silêncio e ao entrar na casa deu de frente com a imagem de seu pai e sua tia dançando juntos. Poliana percebeu no mesmo instante o quanto os movimentos eram íntimos, parecia que um completava o outro e ali ela percebeu, que o amor de sua tia talvez não fosse o Marcelo, talvez fosse seu pai.
Lentamente Poliana se aproxima tentando se esconder para não ser notada, é quando por descuido ela esbarra na mesinha de canto localizada na entrada da sala e derruba o vaso que fica em cima causando um tremendo barulho assustando a todos inclusive ela.
Com a mão na boca e os olhos arregalados Poliana encara os cacos do vaso espalhados pelo chão e volta sua atenção ao casal que lhe encarava assustados e surpresos.

Assim que ouvem o barulho Luísa e Otto se assustam e rapidamente se afastam, ao olharem na direção do barulho eles veem Poliana, a expressão em seu rosto não a deixava negar que estava fazendo algo escondido.

—Desculpa desculpa desculpa! Não queria assusta-los e nem quebrar o vaso.   -fala se aproximando com as mãos juntas em forma de súplica

—Você se machucou?  -pergunta Otto preocupado

—Não pai, eu estou bem.   -responde rapidamente

—O que você estava fazendo ali que conseguiu derrubar o vaso?  -pergunta Luísa, mesmo que no fundo já soubesse a resposta

—Estava observando vocês dançando! No quanto são lindos juntos. Pareciam tão a vontade na presença um do outro, tão íntimos, vocês deslizavam pela sala enquanto dançavam. Estavam perfeitos e eu continuaria olhando se não tivesse sido tão desastrada. -esclarece com um sorriso travesso

—Não aconteceu nada demais! Só estávamos dançando. Com licença, vou para o quarto. -Luísa fala depressa e sai em direção aos quartos sem dar chance de Poliana rebater sua resposta

Em seguida Poliana olha para o pai buscando uma resposta para o que acabou de ver, a dança tão íntima deles e o nervosismo inesperado de sua tia. Mas seu pai apenas dar de ombros e senta no sofá.

—Não me olhe assim. Só estávamos conversando e essa música tocava, foi quando sua tia disse que era a favorita dela, então lhe convidei para dançar. Apenas isso e limpe sua bagunça. -ordena tranquilamente e volta a trabalhar de seu tablet, dando a entender que não falaria mais nada.

Poliana apenas o olha em silêncio e sai em direção a cozinha para pegar a vassoura e fazer o que o pai mandou. Mas ela não tirava a imagem da cabeça, não conseguia deixar de pensar no quanto seu pai e sua tia pareciam à vontade juntos e quando lhe viram ficaram estranhos e nervosos. Algo estava acontecendo e ela estava disposta a descobri.

Continua ...