Capítulo 57

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Assim que o médico entra na sala, Luísa sente uma nuvem negra lhe sufocando, queria gritar, queria acordar daquele pesadelo tenebroso. Luísa mal o cumprimenta, quer logo saber o quadro de saúde de seu amor. Estava angustiada, não aguentava mais aquela espera sem notícias.

—Boa tarde Sra. Monteiro. Sou o Dr. Jardel Campos. Seu marido chegou com lesões no fêmur e na cabeça. A cirurgia correu muito bem e ele não precisara colocar pinos na região do fêmur. Porém a cirurgia na cabeça foi bem mais delicada e melindrosa. -explica

—O que o senhor quer dizer com tudo isso?  -interrompe Durval

Nesse momento Poliana acorda e arregala os olhos ao ver o médico e os enfermeiros ali

—O que está acontecendo? Como está o meu pai? -pergunta já chorando

O médico olha de Durval para Luísa em busca de alguma posição quanto ao que pode responder na frente da menina.

—O doutor veio nos falar exatamente isso meu amor. Pode falar doutor; ela é uma menina forte e merece saber de tudo.  -afirma Durval

Luísa não dizia nada. A angústia lhe sufocava cada vez mais. Em sua mente um turbilhão de emoções e sentimentos. Lágrimas aflitas escorrem de seus olhos. Ela continua sentada, suas pernas pareciam não ter mais forças para aguentar o peso de seu corpo.
O médico volta a falar.

—Voltando ao que eu estava dizendo. Devido ao trauma na cabeça, o Sr. Otto Monteiro entrou em estado de coma.

—O quê? -dizem Luísa, Durval e Poliana em uníssono

—Não por favor o meu pai não! -repetia Poliana baixinho para si mesma como um mantra

—E quando ele acorda doutor?  -pergunta Durval

—Não temos uma previsão concreta. -ao ouvir isso, Luísa chora desesperadamente tapando o rosto com as mãos. Poliana vai até ela a abraçando e o médico continua.  —Ele pode despertar hoje, amanhã, daqui alguns meses, anos ou talvez... nunca acorde. Sinto muito. Qualquer dúvida sobre horário de visitas e quem pode fazer companhia ao paciente, podem procurar a recepção, lá terá todas as informações necessárias. Farei visitas diárias ao paciente e acompanharei seu desenvolvimento de perto.  -encerra o médico

—Está bem. Obrigado Doutor. E quando podemos ver ele?    -pergunta Durval

—Ele já está no quarto. Podem ir agora se quiserem. -responde o médico

Assim que o médico sai Luísa sente um forte enjoou e se levanta para ir ao banheiro. Durval a acompanha. Um milhão de coisas passam ao mesmo tempo na mente de Luísa. "Como vou ficar sem ele?" "E a Poliana? Ela já perdeu a mãe e agora isso acontece com o pai!" "E se eu estiver mesmo grávida?", em meio a todos esses pensamentos ela sente uma forte tontura. Próximo ao banheiro ela para de repente. Sua visão fica turva e escurece.

—O que foi Luísa? Você está bem?  -pergunta Durval preocupado

Antes que pudesse responder, Luísa desmaia. Rapidamente Durval a pega nos braços e leva ela até o sofá. Poliana sai correndo gritando pelo médico que ainda esperava o elevador.
O médico e os enfermeiros voltam depressa.
O Dr. Jardel começa a verificar o pulso de Luísa e fica preocupado.

—Está acelerado demais. Peguem uma maca, rápido. Precisamos levá-la para urgência.

Os enfermeiros saem correndo e entram na sala ao lado, saindo de lá segundos depois com uma maca. Sem perca de tempo, um dos enfermeiros pega Luísa nos braços e a coloca na maca com todo cuidado. O médico, os enfermeiros e a maca com Luísa pegam o primeiro elevador para o andar de baixo. Durval e Poliana pegam o elevador ao lado.

—Calma minha sobrinha. Sua tia vai ficar bem. Ela apenas teve uma emoção muito forte. -explica Durval tentando acalmar Poliana que não parava de chorar.

—Primeiro meu pai, agora minha tia. O que está acontecendo tio Durval? Já perdi minha mãe! Não posso perdê-los também. -fala em meio ao choro

—Ei meu amorzinho. -ele pega delicadamente o queixo de Poliana, fazendo ela o encarar e
continua. —Você não vai perdê-los! Ouviu bem? Cadê a menina forte e cheia de esperança que todos nós conhecemos? Você precisa ser forte meu anjinho. Precisa fazer isso por você e por eles. Está bem?

A menina apenas afirma com a cabeça e envolve o tio num abraço apertado. As portas do elevador se abrem assim que chegam ao andar de baixo, revelando um grande corredor branco com várias portas, uma placa escrita "Urgência", indicava que ali era a ala de urgência do hospital. Eles chegaram segundos depois do elevador que estavam tia, o médico e os enfermeiros. Durval e Poliana os acompanham até uma sala onde sem perca de tempo o médico coloca uma agulha em uma das veia do braço de Luísa para a introdução do soro e tira um pouco de sangue para fazer o exame e saber a causa do desmaio.
Minutos depois Luísa desperta sonolenta.

—Onde estou? -pergunta olhando em volta

—Oi tia! Você desmaiou e está em um dos quartos da ala de urgência. O Dr. Jardel colocou você no soro e tirou um pouco de sangue para fazer exames. Ele deve chegar a qualquer momento. Tio Durval foi buscar café e água. Fiquei aqui para o caso de você acordar. -explica carinhosamente

Nesse momento Durval entra no quarto acompanhado pelo médico que já tinha o exame em mãos.

—Olá novamente. Trago aqui comigo o resultado do exame de sangue. -anuncia Dr. Jardel

Durval para ao lado de Poliana e os três esperam apreensivos que o médico fale o resultado do exame.

—Pode falar doutor ! -exclama Poliana

—A Senhora Luísa Monteiro... -mais uma vez ele usa o sobrenome de Otto e Luísa sente um aperto no coração ao se lembrar dele. De seus olhos as lágrimas já começavam a escorrer. Antes do médico falar a causa de seu desmaio ela já sabia a
resposta. —Parabéns. Você está grávida de três semanas. -informa o médico

—EU SABIA! -grita Poliana saltitando de felicidade.

Lágrimas começam a escorrer por seus olhos e terminam em seu largo sorriso. Mas ao olhar para a tia, o seu sorriso desaparece. Luísa estava pálida e chorava desesperadamente. Todos ficam em silêncio. Poliana sobe no leito da tia e a abraça. Luísa envolve a sobrinha com os braços encostando o queixo no topo da cabeça da menina. Juntas elas choram.

—Vou deixá-los a sós! -exclama Dr. Jardel abrindo a porta

—Eu acompanho o senhor. -fala Durval saindo em seguida e deixando as duas sozinhas.

Durval sabia que elas precisavam daquele momento juntas.

Depois de um tempo abraçada a tia, Poliana se afasta, só o suficiente para olhar a tia nos olhos.

—Tia... eu entendo que o momento é difícil. Meu pai está em coma, e eu sofro muito com isso, mas tem um serzinho aí dentro -ela toca delicadamente a barriga de Luísa. —Que precisa muito de nós. Precisa que sejamos fortes. Vou pedir todos os dias a Deus que nosso pai acorde logo para conhecê-lo.

Com as costas da mão, Luísa alisa suavemente o rostinho da menina e lhe oferece um breve sorriso

—Você é a melhor sobrinha que alguém pode ter nesse mundo. Não sei o que seria de mim sem você. Te amo mais que tudo. -fala emocionada

—Também te amo, minha tia barra boadrasta. -responde sorrindo

Ao ouvir a última palavra Luísa ri e puxa Poliana de volta para seus braços.

Continua ...

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