Capítulo 15

993 45 4
                                    

Seu celular toca insistentemente, não tem mais como ignorar, não era a pessoa em si que ela ignorava, mas sim a conversa, não estava no clima para conversas no momento e com um suspiro cansado ela atende.

—Oi Durval. -sua voz carregava um tom cansado e baixo

—Como você está minha irmã e, a Poliana? -parecia preocupado

—Estamos bem na medida do possível, ainda é bem difícil lidar com toda essa mudança, mas estamos tentando. -mantinha a voz baixa e agora suave enquanto se sentava na cama, olhando aquele quarto espaçoso, com duas camas extremamente confortáveis e a vista magnífica que a varada lhe proporcionava do jardim, mesmo assim não conseguia se sentir em casa e imaginava que talvez nunca conseguisse

—Eu te conheço Luísa, tem mais alguma coisa te preocupando, anda, me fala o que é! -encorajou para que ela desabafasse, conhecia bem a irmã e sabia exatamente quando algo a incomodava, ela soltava suspiros longos e forte quando estava preocupada com algo e era exatamente o que estava fazendo no momento

—Ah, meu irmão! É o Marcelo, nós tivemos uma briga feia hoje cedo. Ter a noiva morando com outro é um pouco demais para ele e ainda por cima o outro em questão é o Otto, e você sabe o quanto o Marcelo detesta ele né? Não sei o que fazer, não posso deixar Poliana aqui sozinha, não confio no Otto. -fala choramingando, só de pensar na possibilidade de deixar a sobrinha sozinha naquela casa seu coração batia forte e seu corpo começava a tremer

—Ei não se preocupe opá, o Marcelo te ama e mais cedo ou mais tarde ele vai entender. Dê tempo ao tempo. -sugeriu ele, sua voz era encorajadora, tudo o que Luísa precisava no momento

—Obrigada, Durval. Agora preciso descansar, até mais! -assim que seu irmão se despede ela desliga o telefone, se deita na cama encarando o teto e imaginando o que acontecerá dali para frente, até que mergulha em um sono profundo e pesado.

Quando acordou já era hora do jantar, tomou um banho e foi em direção a mesa, ao chegar lá se depara com uma cena que lhe chama a atenção.
Toda a tensão de dias atrás que existia entre Otto e Poliana depois da revelação de paternidade, parecia ter desaparecido, os dois sorriam e conversavam à mesa. Luísa se aproxima e se junta a eles para o jantar.

—Boa noite, Luísa! Achamos que você iria preferir continuar descansando, por isso aconselhei Poliana a não lhe acordar. -sua voz era suave e calma, um tom que Luísa jamais imaginaria que ele pudesse usar, Otto parecia mais leve do que de costume, talvez por que estivesse em casa, imaginou ela.

—Verdade tia, por isso começamos o jantar sem você, sinto muito! -a menina não conseguia esconder o sorrisão que carregava no rosto, o assunto que estavam conversando antes que ela se sentasse à mesa tinha muito haver com isso

—Está tudo bem, Poliana. Não precisam se justificar. Vocês pareciam estar falando de algo interessante e divertido, o que era? Posso saber ou é segredo? -sua voz soava doce e calorosa enquanto levava a xícara de chá a boca, Poliana olhou para o pai e alargou ainda mais o sorriso, Otto correspondeu com um sorriso de canto em sinal de cumplicidade

—Ah, estávamos falando sobre o meu amigo João tia, ele levou um tombo na escola, sei que não é certo sorrir mas foi muito engraçado. -a menina sorri tanto que chega a lacrimejar

—Parece que foi bem engraçado mesmo, tadinho do menino!  -Luísa começa a sorrir e sem querer acaba olhando na direção de Otto e se surpreende ao ver que ele lhe encarava intensamente, no mesmo instante ela assume uma postura séria, a última coisa que queria era demonstrar feição por ele.

Otto não consegue tirar os olhos de Luísa e ao se deparar com o rosto dela corando ao perceber seu olhar e também com aquela mudança de humor repentina, ele acha engraçado e resolve provocar.

—Está mais leve, Luísa. Parece que o cochilo te fez muito bem. -em seu rosto brincam um sorriso astuto de canto e uma sobrancelha erguida

—Na verdade fez sim, eu precisava me desligar um pouco de toda essa loucura que você nos impôs.  -sua voz soou mais rude do que esperava

Nesse instante ela percebeu que Otto lhe dirigia um olhar severo e sério, em seguida olha para Poliana e ver que a menina havia ficado triste por causa de suas palavras, no mesmo instante Luísa se arrepende do que disse, não estava pensando na sobrinha quando falou aquilo, só em acabar com aquele olhar presunçoso do Otto. Em seu ver, ele queria ser melhor que os outros e a mulher não suportava isso.

—Com licença, vou para meu quarto! -diz Poliana se levantando. Ela se sentia culpada pela tia estar morando ali, a menina sabia bem que Luísa não suportava seu pai. Mas vê-los sendo grossos e ignorantes entre si, lhe fazia muito mal.

—Desculpa Poliana eu não queria dizer isso -Luísa estava realmente arrependida, Poliana estava se divertindo e ela acabou de tirar isso da sobrinha

—Tudo bem tia, eu te entendo e sinto muito por fazer você passar por isso.   -sai a passos rápidos em direção ao quarto, não queria que o pai e a tia visse as lágrimas que escorriam de seus olhos.

Luísa faz menção de se levantar para ir atrás da sobrinha, precisava conversar com ela e pedir desculpas por sua atitude.
Mas é impedida por Otto, que lhe segura a mão impedindo a mesma de sair da mesa. Luísa encara a mão dele sobre a dela e alguns segundos depois recolhe a sua e a põe em seu colo. Assumindo uma postura séria ela encara Otto que demostrava uma feição severa e fria.

—Precisamos conversar! -Otto endireita a postura, seus ombros para trás e sua voz autoritária indicam a Luísa que o melhor a fazer é ficar e conversar

—Embora eu não tenha nada para falar com você, estou disposta a lhe ouvir. -a ironia em sua voz deixa Otto ainda mais furioso

—Estou disposto a fazer tudo pela minha filha, até mesmo aturar seu mal humor e grosseria, mas escute bem, não vou permitir que você magoe Poliana, então pense bem antes de me agredir na frente dela. Tudo o que quero Luísa, é uma convivência harmônica para que Poliana se sinta bem e em casa. -sua voz era mansa e autoritária, ele tentava manter a calma

—Não entraremos num acordo dessa vez! -rebateu de forma grosseira inclinando para frente na direção do homem

—Ah... Luísa por favor! Seja mais sensata e faça isso pela sua sobrinha, quanto mais rápido ela se acostumar com tudo isso, menos traumático será para ela. -fala da maneira mais calma possível, tudo que queria era apaziguar a situação

—Tudo bem, Otto. Tentarei ao máximo ser mais suave com você na presença da Poliana. -disse mais calma, precisava fazer isso pela sobrinha, ela era só uma criança, e já havia passado por muita coisa.

—Ótimo. E se quiser estender para quando a Poliana não estiver presente, eu serei imensamente grato. -admitiu encarando Luísa e aquele sorriso irônico voltou a brincar em seus lábios

—Ah... Otto. Com licença, vou conversar com Poliana! -se levanta da mesa com os punhos cerrados e segue pisando forte em direção ao quarto. Otto lhe tirava do sério de um jeito que ninguém mais tirava .

Otto se mantém à mesa sorrindo ironicamente, estava começando a gostar de tirar Luísa do sério. Ele chama por Sara sua bola robô voadora e diz que precisa fazer uma comprar e que essa compra precisa ser entregue na manhã seguinte. Após a compra ser efetuada, Otto caminha até seu quarto.

Continua...

Orgulho e AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora