Da varanda de seu quarto Luísa observava o céu escuro, seus pensamentos e coração não estavam tão diferentes daquele céu, faltavam apenas alguns dias para o casamento e ela não conseguia se sentir feliz, parecia que algo estava lhe faltando.
Era 3h45 da madrugada, não conseguia dormir, suas últimas noites tinham sigo assim, a confusão que se formava em sua mente não à deixava relaxar nem quando seu corpo clamava por descanso.
Luísa se vira e observa Poliana dormindo tranquilamente, pensando no quanto a garotinha se parecia com a mãe e no tanto que ela lhe fazia falta.—Ai Alice, se você estivesse aqui nada disso estaria acontecendo. Sinto tanto sua falta minha irmã. -uma lágrima escorre de seus olhos
Luísa decide dar uma volta pelo jardim, talvez isso lhe ajudasse a acalmar seus pensamentos. Mas antes ela resolve ir até a cozinha tomar um copo d'água.
Enquanto tomava água sua mente vaga em seus momentos com Otto, um sorriso travesso ganha forma em seus lábios ao recordar do acidente inesperado durante uma das madrugas de encontros escondidos.
"No silêncio da madrugada eles dançavam pelo corredor, não existia música externa, apenas uma melodia suave soava em suas mentes, a melodia do amor, pareciam dois adolescentes, entre rodeios, abraços e beijos eles esbarram em um dos vasos do corredor -um vaso lindo e antigo, herança de família - causando um grande barulho, Otto encarava Luísa com os olhos arregalados e ela o encara de volta com as mãos na boca, ao ouvirem o som de uma porta se abrindo, Otto a pega pela mão e sai correndo em direção ao quarto, o alívio é imediato quando ouviram a voz de Sara registrando a quebra do vaso em seu sistema, quando não ouviram mais barulho nenhum, os dois caíram na gargalhada."—Toda minha fortuna por seus pensamentos, meu amor.
A luz da cozinha se acende e ao ouvir aquela voz, Luísa se assusta e solta o copo d'água que aterrisa direto no chão; uma mistura de água e vidro se forma no chão em volta de seus pés.
—Que susto, Otto! Está querendo me matar? -grita pondo a mão no coração na tentativa de controlar suas batidas descompassadas
—Desculpa, minha intenção não era te assustar. Você estava tão entregue a seus pensamentos, apenas queria chamar sua atenção. -um sorriso travesso brinca em seus lábios
—Parabéns, você não só chamou minha atenção como me fez quebrar um copo. -fala irritada, mas começa a rir ao ver o sorriso lindo que Otto lhe oferecia
—Isso é o de menos. Agora sai daí para não se cortar, depois Sara limpa tudo. -pede preocupado
—Tarde demais. Tem sangue escorrendo do meu pé. -revela ao olhar para os pés e perceber que havia se cortado.
—Que merda! -rapidamente Otto chega até Luísa e a toma nos braços
—Não precisa disso! Me põe no chão. -Luísa protesta tentando descer de seus braços
—Precisa sim! Você está descalça e eu não! Então não seja teimosa e aceite minha ajuda. -seu tom era suave, mas também autoritário
Sem escolha, Luísa cessa as reclamações e aceita ser carregada até uma das três cadeiras altas que ficava localizada no balcão da cozinha. Com uma delicadeza cavalheiresca, Otto a coloca sentada na cadeira e puxa uma outra, assim sentando em sua frente, ele pega o pé de Luísa e apoia em sua perna.
—Um corte superficial. Só vamos precisar lavar com Anti-céptico e um curativo será o suficiente. -explica ao limpar com a mão um pouco do sangue que escorria. —Fica aqui, que eu vou buscar tudo. Sinto muito por ter causado isso.
—Não foi de todo sua culpa, eu que soltei o copo. Então vamos deixar essa história de culpa para lá e cuidar disso, por que está ardendo. -admite com uma careta quando sente o ferimento arder
Otto se levanta e mantém o pé de Luísa apoiado na cadeira em que antes estava sentado, ele vai em direção ao seu quarto, para buscar tudo o que precisa.
Não demorou muito e ele já estava de volta com tudo o que seria necessário para limpar e tratar o ferimento de Luísa. Ele volta a se sentar na cadeira e apoia novamente o pé dela em sua coxa.—Vai arder um pouco. -admite e em seguida começa limpar o ferimento com algodão e um pouco de água e sabão, observando com atenção redobrará para ver se havia entrado algum caco de vidro
—Ai ai ai, isso dói! -protesta assim que Otto começa a limpar
—Sinto muito, mas é necessário. Quem mandou ser desastrada. -a provoca na tentativa de desviar sua atenção
—A culpa foi sua por ter me assustado. -rebate
—Achei que tinha dito que a culpa não era de ninguém! -um sorriso travesso desenha seu rosto e Luísa lhe responde oferecendo um sorriso tímido
—Posso te fazer uma pergunta? -Otto a encara e Luísa apenas afirma com a cabeça. —Por que você está acordada até essa hora?—Estava sem sono! -responde somente, encarando tudo menos os olhos questionadores de Otto
—Todas as noites? -constata pegando Luísa completamente de surpresa
—Como você sabe? -rapidamente o encara arqueando uma das sobrancelhas
—Não me olhe assim, Luísa. Não estava lhe espionando, eu apenas lhe observo com mais atenção. E percebi que seus olhos estão mais fundos e pesados, que você não anda tão disposta durante o dia e que suas olheiras aumentaram de algumas noites para cá. -explica suavemente enquanto coloca o Anti-céptico no ferimento de Luísa
—Ando pensando em muitas coisas ultimamente, o casamento se aproxima e não sei se estou inteiramente pronta. Tenho certeza que é o que eu quero, mas ainda assim minha mente anda travando uma briga diária comigo, não me deixando relaxar, por isso não consigo dormir. Mas quando o casamento passar, sei que tudo isso vai acabar. -explica encarando seu pé, Otto fazia o curativo final e já não doía mais.
—Talvez sim! -Otto fala num sussurro, apenas para ele ouvir, mas com o silêncio da madrugada Luísa termina ouvindo perfeitamente suas palavras, mas finge que não. —Pronto, terminei! -afirma num tom de voz um pouco mais alto que o da última frase
—Obrigada. Você é um ótimo enfermeiro. -ela lhe oferece um sorriso tímido enquanto coloca o pé no chão
—Calma. Vou te ajudar até o quarto. -Otto se levanta passando um dos braços em volta da cintura de Luísa e passando o dela em volta de seu pescoço, ele a ajuda até o quarto.
—Boa noite, meu anjo. -Otto se despede depositando um beijo terno em sua testa
—Boa noite. -Luísa lhe oferece um sorriso carinhoso e fecha a porta do quarto, lentamente caminha até sua cama, e enfim adormece.
Era incrível o poder que Otto tinha de suavizar e acalmar seus pensamentos. De uma coisa ela tinha certeza. Sentir falta dele, seria inevitável.
Continua ...
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Orgulho e Amor
FanfictionLuísa D'avilla , uma mulher jovem de 32 anos , contadora que cuidava das finanças da família , vivia sozinha em sua mansão depois da morte dos pais . Após alguns anos sua irmã que a muito tempo ela não via , morreu e a guarda de sua única filha foi...